O MOPI é um lugar onde se busca, preza e se tenta acolher todos que ali chegam: idosos, psicólogas e estagiárias, cozinheiras e quem mais puder contribuir com este ambiente fraterno.
Por Marina Elias Sabbaga (*)
Passei 14 horas no MOPI (Movimento Pró-Idosos), 2 horas por semana, durante 7 semanas. Se me perguntassem “o que é o MOPI?”, poderia responder que é um Centro de Convivência de Idosos (acima de 60 anos), criado em 1975 e gratuito. Aberto à comunidade, oferece atividades durante a manhã e a tarde, de segunda a sexta, estimulando a sociabilidade e o aprendizado, através de aulas de pintura, tricô e crochê, yoga, além de aulas de tecnologia básica e alfabetização.
Mas, na verdade, diria: o MOPI é um lugar onde se busca, preza e se tenta acolher todos que ali chegam. Não só os idosos, mas também as psicólogas e estagiárias, as cozinheiras e quem mais puder contribuir com este ambiente fraterno. Conflitos e indisposições existem, mas o acolhimento predomina.
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O MOPI é a aluna Verde-Musgo que tem dificuldades na pintura, mas é abraçada no fim da aula pela colega Rosa Claro e a aluna Multicolor, sorri quando nos despedimos, chamando-a pelo nome. O MOPI é a aluna Laranja, solitariamente focada na própria tela, mas incumbida de organizar um passeio para a turma.
O MOPI é a alegria e a emoção de passar 14 horas ali e ganhar de presente um quadro lindo pintado por uma delas. O MOPI é a energia e a paz da aluna Azul que relata as várias atividades físicas após a pintura, enquanto desenha com a maior delicadeza. O MOPI é a professora Vermelha, mesmo muito sobrecarregada, está lá todas as semanas.
O MOPI é a aluna Verde-escuro: vendeu o primeiro quadro produzido nas aulas, mas semanalmente persiste e se esforça para conseguir executar um feito por ela mesma do começo ao fim. O MOPI é o quadro de uma das alunas exposto na parede, e admirado por todos. O MOPI é o aluno Roxo: dá início a uma pintura, e sai mostrando para todos que ali trabalham, perguntando se acham que vai ficar bonito. Sim, vai ficar lindo.
O MOPI é a visita no MIS Experience durante uma das aulas, e é o assistente Amarelo da professora Vermelha, que anda com calma pelo espaço e escuta atento todas as dúvidas sobre pintura.
Pintura de uma das frequentadoras do Curso de Pintura do MOPI, a mim presenteado
O MOPI é a psicóloga que tenta entender e conciliar todas as demandas, enquanto lida com muitas questões burocráticas. O MOPI são as alunas Lilás que querem sentar próximas toda a semana, para pintarem em boa companhia. O MOPI é a aluna Azul-claro e a irmã Prateada, que enfrentam diferentes batalhas, mas que pintam o mesmo quadro.
O MOPI é encerrar o estágio na sala de pintura, descer a rampa para ir embora e ser encantada por um tocar maravilhoso de piano, vindo da aluna Vinho.
O MOPI são os lanchinhos sempre muito bem-vindos no intervalo, trazidos pelas cozinheiras Alto-astral.
O MOPI são muito mais cores do que as mencionadas até agora. A pluralidade compõe uma tela vigorosa, complicada de realizar, e bonita de apreciar por múltiplos ângulos.
(*) Marina Elias Sabbaga – Crônica escrita por Marina Elias Sabbaga, como finalização da disciplina de Estágio Básico I, no 5º semestre da Faculdade de Psicologia da PUC-SP. Supervisora: Ruth G. da C. Lopes. Os nomes foram substituídos para preservar a identidade de todas as pessoas que frequentam o MOPI. E-mail: [email protected].
Fotos: Divulgação
