China e HIV na terceira idade: uma realidade que cresce com o envelhecimento da população

A China já admite a terceira idade como destaque preocupante no Dia Internacional da Aids. As autoridades de saúde aproveitaram para alertar sobre o rápido aumento do vírus HIV em uma faixa etária que até o momento não havia recebido muita atenção.


A reportagem menciona um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, publicado em ocasião do Dia Mundial da Aids, em que o número de soropositivos acima dos 60 anos no país subiu de 483 em 2005 para 3031 em 2010, representando 8,9% do total, quando há meia década eram 2,2%.

Os números são alarmantes e representam uma realidade que trabalha silenciosamente. O responsável de prevenção da Aids da instituição, Wu Zunyou, entrevistado pela agência oficial Xinhua, afirma que muitos idosos que contraem a Aids são homens aposentados, muitos deles viúvos, que recorrem à prostituição e não usam preservativos.

Ele explica: “Devido à melhora das condições de vida e de saúde pública, o período de atividade sexual dos idosos se prolongou”, o que fez com que a terceira idade se consolidasse como grupo de risco.

É claro que este cenário, representa a realidade de muitos países, inclusive o Brasil. Diversos são os motivos para o aumento da incidência de casos de Aids entre os mais velhos. Os idosos estão fazendo mais sexo e se previnem menos. E os tratamentos também prolongam a vida de quem já está contaminado, fazendo com que se chegue à velhice.

Dados do Ministério da Saúde chinês indicam que no país há 780 mil soropositivos, dos quais 154 mil desenvolveram a doença. Neste ano, as mortes por Aids subirão para 28 mil no país, o que representa uma redução de 60% em relação a 2010.

Deve-se considerar que os números oficiais podem ser muito menores que os reais, já que devido ao desconhecimento da doença, muitas pessoas são portadoras do HIV e não sabem, e em algumas regiões, principalmente as rurais, a doença é um tabu que alguns escondem. Organizações internacionais ainda falam de milhões de infectados na China.

Numa cultura repressora e preconceituosa, fica difícil imaginar o que significa padecer de uma doença que envolve tantas questões morais e cujo tratamento necessita de atenção rigorosa e mudança profunda no modo de vida. Se em países como o Brasil, isto já é bem complicado, na China as complicações atingem dimensões terríveis.

O governo Chinês considera que 60% dos casos são transmitidos por relações sexuais – com destaque para os homossexuais como um grupo de alto risco -, com progressiva queda de contágios por consumo de drogas e transfusões realizadas de forma inadequada (principal causa do aumento do vírus nos anos 1980 e 1990).

Apesar do quadro preocupante, Michel Sidibé, diretor-executivo da Unaids, ressaltou em entrevista à “Xinhua” que a China apresentou bons progressos na redução dos casos de Aids entre o grupo dos consumidores de drogas, e que é nessa área que a comunidade internacional pode prestar maior colaboração.

Os especialistas locais consideram a milenar medicina tradicional chinesa e suas pesquisas um importante instrumento de conhecimento no tratamento de pacientes. Com esse objetivo, foi criado em 2004 um Centro de Tratamento e Prevenção da Aids com medicina tradicional chinesa, que tratou 17 mil pacientes e também realizou programas na África Ocidental, uma das regiões do mundo mais castigadas pela doença.

“A medicina tradicional chinesa teve um papel muito importante em aliviar sintomas (da Aids) como febre, fadiga, tosse e perda de apetite”, afirmou o subdiretor do centro, Wang Jian, que defende que o desenvolvimento das células infectadas nos pacientes tratados é mais lento.

Referências

JORNAL DA RECORD NEWS (2011). Número de casos de Aids na terceira idade dobra em dez anos. Disponível Aqui. Acesso em 02/12/2011.

TERRA.COM.BR (2011). China alerta para rápido aumento do HIV entre idosos no país. Disponível Aqui. Acesso em 01/12/2011.

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A China já admite a terceira idade como destaque preocupante no Dia Internacional da Aids. As autoridades de saúde aproveitaram para alertar sobre o rápido aumento do vírus HIV em uma faixa etária que até o momento não havia recebido muita atenção.

A reportagem menciona um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, publicado em ocasião do Dia Mundial da Aids, em que o número de soropositivos acima dos 60 anos no país subiu de 483 em 2005 para 3031 em 2010, representando 8,9% do total, quando há meia década eram 2,2%.

Os números são alarmantes e representam uma realidade que trabalha silenciosamente. O responsável de prevenção da Aids da instituição, Wu Zunyou, entrevistado pela agência oficial Xinhua, afirma que muitos idosos que contraem a Aids são homens aposentados, muitos deles viúvos, que recorrem à prostituição e não usam preservativos.

Ele explica: “Devido à melhora das condições de vida e de saúde pública, o período de atividade sexual dos idosos se prolongou”, o que fez com que a terceira idade se consolidasse como grupo de risco.

É claro que este cenário, representa a realidade de muitos países, inclusive o Brasil. Diversos são os motivos para o aumento da incidência de casos de Aids entre os mais velhos. Os idosos estão fazendo mais sexo e se previnem menos. E os tratamentos também prolongam a vida de quem já está contaminado, fazendo com que se chegue à velhice.

Dados do Ministério da Saúde chinês indicam que no país há 780 mil soropositivos, dos quais 154 mil desenvolveram a doença. Neste ano, as mortes por Aids subirão para 28 mil no país, o que representa uma redução de 60% em relação a 2010.

Deve-se considerar que os números oficiais podem ser muito menores que os reais, já que devido ao desconhecimento da doença, muitas pessoas são portadoras do HIV e não sabem, e em algumas regiões, principalmente as rurais, a doença é um tabu que alguns escondem. Organizações internacionais ainda falam de milhões de infectados na China.

Numa cultura repressora e preconceituosa, fica difícil imaginar o que significa padecer de uma doença que envolve tantas questões morais e cujo tratamento necessita de atenção rigorosa e mudança profunda no modo de vida. Se em países como o Brasil, isto já é bem complicado, na China as complicações atingem dimensões terríveis.

O governo Chinês considera que 60% dos casos são transmitidos por relações sexuais – com destaque para os homossexuais como um grupo de alto risco -, com progressiva queda de contágios por consumo de drogas e transfusões realizadas de forma inadequada (principal causa do aumento do vírus nos anos 1980 e 1990).

Apesar do quadro preocupante, Michel Sidibé, diretor-executivo da Unaids, ressaltou em entrevista à “Xinhua” que a China apresentou bons progressos na redução dos casos de Aids entre o grupo dos consumidores de drogas, e que é nessa área que a comunidade internacional pode prestar maior colaboração.

Os especialistas locais consideram a milenar medicina tradicional chinesa e suas pesquisas um importante instrumento de conhecimento no tratamento de pacientes. Com esse objetivo, foi criado em 2004 um Centro de Tratamento e Prevenção da Aids com medicina tradicional chinesa, que tratou 17 mil pacientes e também realizou programas na África Ocidental, uma das regiões do mundo mais castigadas pela doença.

“A medicina tradicional chinesa teve um papel muito importante em aliviar sintomas (da Aids) como febre, fadiga, tosse e perda de apetite”, afirmou o subdiretor do centro, Wang Jian, que defende que o desenvolvimento das células infectadas nos pacientes tratados é mais lento.

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