Papa Francisco: um Pontificado marcado pela dignidade da vida e defesa ambiental

Papa Francisco: um Pontificado marcado pela  dignidade da vida e defesa ambiental

Papa Francisco retorna à casa do Pai após tocar muitos corações mundo afora. Deixa legado de compaixão, defesa da dignidade da vida e mudança.


É com pesar que noticiamos o falecimento de Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, aos 88 anos, nesta segunda-feira, 21 de abril. Eleito em 2013, Francisco marcou a história como o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro não europeu em mais de 1.200 anos a liderar a Igreja Católica. O Papa Francisco se destacou como uma voz poderosa na defesa da dignidade da pessoa idosa e na promoção de um envelhecimento ativo e saudável.

O Vaticano divulgou a notícia do falecimento poucas horas atrás, expressando profunda tristeza. “Queridos irmãos e irmãs, com imenso pesar, informo o falecimento de nosso Santo Padre Francisco. Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Sua vida foi dedicada integralmente ao serviço do Senhor e de Sua Igreja”, declarou o comunicado.

Francisco enfrentou problemas de saúde nos últimos meses, incluindo uma pneumonia dupla que o levou à hospitalização entre fevereiro e março. Apesar de sua fragilidade, ele fez uma aparição pública na Praça de São Pedro no domingo de Páscoa, para abençoar milhares de fiéis.

Durante seus doze anos de pontificado, Francisco destacou-se por sua defesa da simplicidade e da generosidade. Em consonância com seus valores, ele expressou o desejo de ser sepultado em um caixão simples de madeira na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma, em vez da tradicional Basílica de São Pedro, onde estão os restos mortais de 91 papas.

Da defesa dos marginalizados e idosos à uma era de transformação na Igreja

Carismático e acessível, Francisco desafiou o conservadorismo da Igreja Católica, buscando modernizar seus dogmas. Em 2020, ele expressou apoio à união de pessoas do mesmo sexo, defendendo que “são filhos de Deus e têm direito a uma família”. Em 2023, autorizou a bênção de casais homoafetivos e permitiu o batismo de pessoas transgêneros, que também poderiam atuar como padrinhos ou testemunhas em casamentos religiosos. Além disso, nomeou mulheres para cargos de alta administração no Vaticano.

Outro marco de seu papado foi o combate à pedofilia na Igreja. Francisco aboliu o sigilo pontifício para casos de abuso sexual, incluindo pornografia infantil, demonstrando seu compromisso com a justiça e a proteção das vítimas.

O Papa Francisco lutou por uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todos, especialmente para os mais velhos, como já publicamos em outros momentos no Portal do Envelhecimento.

papa francisco sorri

Foto pública de Francisco, em 2023, ao completar 86 anos. Mazur/ cbcew.org.uk / Igreja Católica

Um dos muitos exemplos da generosidade e compaixão que marcaram o pontificado de Francisco foi a transformação do Palazzo Migliori em um abrigo para pessoas em situação de rua. O palácio, construído no século XIX e outrora residência da família Migliori, foi doado à Igreja Católica e, após abrigar mães solteiras, estava destinado a se tornar um hotel de luxo para cardeais.

No entanto, Francisco decidiu que o edifício de quatro andares serviria a um propósito mais nobre: abrigar os sem-teto. Batizado de “Palácio dos Pobres”, o local oferece agora comida, lazer, moradia, biblioteca e aconselhamento psicológico para aqueles que enfrentam dificuldades financeiras.

Mesmo com a saúde debilitada, Francisco demonstrou sua proximidade aos marginalizados ao visitar uma prisão em Roma na semana passada. Em cadeira de rodas, ele expressou aos detentos seu apoio e orações por eles e suas famílias.

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Ao longo da última década, o pontífice reiterou sua preocupação com refugiados e vítimas de guerras, enfatizando que “o refugiado não é um número, é um homem, é uma mulher, é uma criança, uma família, um povo que sofre”.

Há dois meses, Francisco escreveu uma carta aos bispos dos Estados Unidos, apoiando seus esforços na proteção de imigrantes, que enfrentam perseguição. “A regulamentação da migração nunca deve minar a dignidade essencial da pessoa”, lembrou, enfatizando que “Deus recompensará ricamente tudo o que você fizer pela proteção e defesa daqueles que são considerados menos significativos, menos importantes ou menos humanos”.

Defesa do meio ambiente e dos povos indígenas

Papa Franciasco com Raoni

Encontro do Papa Francisco com o líder Raoni. Divulgação Vaticano

O apreço de Francisco pela natureza e pelos povos originários foi uma constante em seu pontificado. Em 2022, sua preocupação com a preservação da Amazônia se concretizou com a nomeação de Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, como o “primeiro cardeal da floresta”. Ele também indicou o pesquisador brasileiro Virgílio Viana para a Pontifícia Academia de Ciências Sociais.

O cacique brasileiro Raoni foi recebido com carinho diversas vezes pelo Papa. Em 2019, um abraço caloroso marcou o encontro entre os dois líderes. Em 2024, Francisco expressou sua gratidão pela carta entregue por Raoni, um alerta sobre as graves catástrofes climáticas que assolam o Brasil.

Ao longo de seu pontificado, o Papa argentino não se cansou de alertar sobre o papel negligenciado da humanidade na proteção do planeta. Em uma encíclica impactante, ele declarou: “O mundo está desmoronando”, destacando os efeitos devastadores do aquecimento global. No documento, Francisco criticou veementemente os negacionistas das mudanças climáticas, afirmando a inquestionável responsabilidade humana no desequilíbrio ambiental.

Sua voz se levantou contra o lixo plástico nos oceanos, as práticas das petrolíferas, e em defesa das energias limpas. Ele instituiu um dia de oração dedicado ao meio ambiente, buscando despertar a consciência global para a urgência da questão.

A amplitude e a necessidade da agenda abraçada por Francisco torna desafiadora a tarefa de um sucessor. Tal como São Francisco de Assis, seu homônimo, ele foi um fervoroso ecologista e defensor dos animais. Sua ausência será profundamente sentida não apenas pela Igreja Católica, mas por milhões de pessoas de diversas crenças que o admiravam por sua visão e seu compromisso com um mundo mais justo e sustentável.

Foto: Reprodução Vatican News.


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