Finados, a morte sob diferentes perspectivas

Finados, a morte sob diferentes perspectivas

Indicamos abaixo a sugestão de leituras recebida da editora Unesp sobre importantes obras relacionadas à morte e ao dia de Finados. Boa leitura!


“Estudar o morrer é como olhar para uma poça de água. Nela vemos o reflexo do tipo de gente que viemos a ser. Por trás das imagens frágeis e transitórias do nosso eu individual que aparecem na superfície, existem sugestões de companhia menos familiar: estranhas marés de história, ressacas culturais que fluem e refluem abruptamente na vida.

As ondulações dessas forças tangem e trabalham a nossa identidade, primeiro para criá-la, e depois para testá-la antes da sua destituição final na morte”, diz Allan Kellehear, no fragmento de Uma história social do morrer (página 13).

O Dia de Finados, celebrado na maior parte dos países ocidentais em 2 de novembro, tem como objetivo relembrar a memória dos mortos. Por ocasião da data, a Editora Unesp elenca alguns livros que tratam do assunto, sob a perspectiva da história, da sociologia e da filosofia. 


Georges Minois

Nas célebres análises de Michel Vovelle, François Lebrun, Pierre Chaunu, Philippe Ariès, John MacManners, dentre outros, sobre a morte nos tempos de outrora, existe uma grande ausência: a morte voluntária. No presente livro, Georges Minois realiza um voo de amplo alcance, debruçando-se sobre farta documentação, para tentar ampliar nosso arsenal argumentativo sobre um dos últimos tabus do nosso tempo.


Allan Kellehear

O médico Kellehear justifica seu interesse no morrer porque, ao estudá-lo, vemos o reflexo do tipo de pessoa que somos. Ou seja, a conduta no morrer revela as forças sutis, íntimas e desapercebidas em nossa vida cotidiana que moldam nossa identidade e individualidade. Essa experiência é investigada em um voo panorâmico de 2 milhões de anos, da alvorada da consciência da mortalidade, na Idade da Pedra, à Era Cosmopolita, identificando e descrevendo os padrões típicos do morrer em cada período. 


Philippe Ariès

Ao contrário do que o título pode sugerir, esta é uma obra serena. Aqui, o historiador francês investiga o comportamento humano diante da morte. A partir de uma perspectiva histórica, sociológica e até mesmo psicológica, analisa textos literários, inscrições lapidares, obras de arte e diários pessoais para mostrar que as atitudes em relação à morte, própria e dos outros, foram se transformando no decorrer do tempo, até se tornarem irreconhecíveis em relação aos séculos anteriores.   


Søren Kierkegaard

Um dos pontos altos da filosofia ocidental, a obra examina o desejo do homem de entender Deus e analisa a luta humana para eliminar as angústias quanto à imortalidade da alma. Além de sintetizar os conceitos mais importantes do pensamento de Kierkegaard, trata-se um livro fundamental tanto para o existencialismo quanto para a teologia moderna. 


Michel Vovelle

Este livro reconstrói como o Ocidente cristão tentou imaginar e gerir sua relação com o universo dos mortos, de perto e de longe, encerrando-os na misericordiosa prisão do purgatório, um local de reclusão e de sofrimentos expiatórios temporários que rompe a dualidade entre o paraíso aberto a poucos eleitos e o inferno com suas terríveis penas. A análise desse “terceiro local” revela elementos do esforço humano para conviver com os mistérios da morte.


Jean-Pierre Vernant

Neste livro, Jean-Pierre Vernant investiga como os gregos procuravam representar o divino. Centrando-se especialmente nas representações de Ártemis, da Górgona e de Dioniso, busca chaves para decifrar o enigma que parece uni-las. Pelo viés da antropologia histórica, revelam-se as dimensões religiosas, culturais, políticas e sociais que envolvem e permeiam essa simbologia.


Georges Minois

Minois examina a história do ateísmo desde os primórdios da existência humana: Deus morreu no século XIX, é costume dizer-se. Mas desde o IV a. C., Teodoro, o Ateu, já proclamava que Deus não existia. O ateísmo é tão velho como o pensamento humano. Desde as origens da humanidade, é uma das grandes formas de ver o mundo.  


José Manoel Bertolote

Desde a Antiguidade, o suicídio é uma questão que intriga aqueles que ficam: o que levaria a tamanho rompimento com o primeiro dos instintos humanos? Este livro estuda o suicídio em profundidade, aproximando-se de suas possíveis causas e sugerindo caminhos para prevenir esse ato extremo. 

Imagem de destaque: Pintura A morte de Marat, de Jacques-Louis David (1748-1825).


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