Deu errado

Deu errado

Errar de forma tão grosseira na peça orçamentária de um país é um erro imperdoável para quem é da área, pois tal erro criará um efeito dominó em várias áreas, em um vasto território, em uma grande população.


Há cerca de um mês escrevia “Tem tudo para dar errado[1]. E deu. Mês passado expliquei o porquê acreditava que seria óbvio que uma proposta de diretrizes orçamentárias com erros apontados por tanta gente da área desse errado. Dias depois, mais gente o disse sobre “solução pouco ortodoxa para tornar exequível o orçamento”[2] da “A contabilidade de Guedes é mais criativa que a de Mantega”[3].

Errar de forma tão grosseira na peça orçamentária de um país é um erro imperdoável para quem é da área, pois tal erro criará um efeito dominó em várias áreas, em um vasto território, em uma grande população.

Durante abril, especialistas e órgãos de imprensa já fizeram sua parte durante as últimas semanas e demonstram que os problemas orçamentários da União não paravam de vir à tona: “Orçamento 2021: entre erros, chantagens e falta de recursos para enfrentar a pandemia”[4]; “O desmonte do Estado brasileiro”[5]; “Falta de doses suspende vacinação da Covid-19 em municípios do Paraná”[6]; “Após cortes no Orçamento, vacina anunciada por Marcos Pontes pode atrasar”[7].

Se em meio de uma pandemia que já matou mais de quatrocentas mil pessoas no Brasil, falta o básico para o curtíssimo prazo (itens médico-hospitalares, medicamentos, vacinas, leitos em UTI e vagas para tanta gente hospitalares).

Pode piorar, acredite: o governo, com sua decisão orçamentária, desestimula a própria pesquisa nacional, na busca de uma vacina de origem brasileira para salvar vidas de brasileiras e brasileiros. As decisões orçamentárias impactaram diretamente no combate à pandemia e na morte de seres humanos, seus impactos vão além, chegando na economia em um país com mais de dezena de milhões de desempregados e outras dezenas de milhões de humanos famintos e miseráveis que vivem no Brasil. É aterrorizante, é desolador, é trágico, é desumano. Uma irresponsabilidade de agentes públicos pagos com o dinheiro público para resolver problemas que assolam o povo brasileiro, em especial, aqueles que são os mais pobres, menos alfabetizados, negros ou mestiços.

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Se para muitos ainda falta muito, para poucos sobram recursos: “Pátria Voluntária, de Michelle Bolsonaro, gasta mais com publicidade do que destinou em doações”[8] e “Vacinômetro: União gastou R$ 6 milhões sem licitação para espalhar outdoors”[9]. Tempos atrás alguém escreveu no Twitter e, infelizmente, não guardei a postagem, algo como o quanto queria ver um governo que tivesse tanta eficácia para gastar dinheiro em publicidade de suas atividades obrigatórias do cargo como para gastar em saúde pública. Verdade.

Com cortes no orçamento, sem censo para ano que vem, fico pensando como é que o ministro Paulo Guedes irá analisar os gastos orçamentários versus sua efetividade, o poder de transformação da realidade local do povo brasileiro…

Ah! Lembrei de mais uma cereja do bolo: “Planalto deve gastar R$ 10 milhões com garçons para o ‘bem-estar’ dos servidores”[10]. Tenho dúvidas sobre quantos serão os servidores de carreira, que passaram no concurso – e há uma meritocracia nisto, já que o concurso é público, alguns passaram, outros não – e quantos serão os agentes públicos eleitos e quantos serão os cargos comissionados que irão ser atendidos por garçons pagos com o dinheiro público… entre os eleitos e os comissionados, gostaria de saber quantos são a favor de um Estado mínimo e contra tal contratação e, principalmente, que não aceitarão ser servidos por garçons e sim se autosservirão. Isso porque tem gente que fica nas redes sociais criticando o tamanho do Estado, bradando pelo Estado mínimo, mas não desiste de indicar ou ser indicado para um cargo público… curioso, não?!

Notas
[1] Disponível em: https://www.portaldoenvelhecimento.com.br/tem-tudo-para-dar-errado/
[2] Disponível em: https://valor.globo.com/brasil/noticia/2021/04/20/a-solucao-pouco-ortodoxa-para-tornar-o-orcamento-exequivel.ghtml
[3] Disponível em: https://www.oantagonista.com/brasil/a-contabilidade-de-guedes-e-mais-criativa-que-a-de-mantega/
[4] Disponível em: https://www.inesc.org.br/orcamento-2021-entre-erros-chantagens-e-falta-de-recursos-para-enfrentar-a-pandemia/
[5] Disponível em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/espaco-aberto,o-desmonte-do-estado-brasileiro,70003694536.
[6] Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/parana/falta-de-doses-suspende-vacinacao-da-covid-19-em-municipios-do-parana/?utm_source=twitter&utm_medium=midia-social&utm_campaign=politica-parana.
[7] Disponível em: https://www.oantagonista.com/brasil/apos-cortes-no-orcamento-vacina-anunciada-por-marcos-pontes-pode-atrasar-cronograma/amp/?__twitter_impression=true&s=03
[8] Disponível em:  https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,patria-voluntaria-de-michelle-bolsonaro-gasta-mais-com-publicidade-do-que-com-doacoes,70003691703?utm_source=estadao:twitter&utm_medium=link.
[9] Disponível em: https://economia.ig.com.br/2021-04-28/vacinometro–uniao-gastou-r–6-milhoes-sem-licitacao-para-espalhar-outdoors.html.
[10] Disponível em: https://br.noticias.yahoo.com/planalto-deve-gastar-mais-de-10-mi-com-garcons-201238931.html?utm_source=dlvr.it&utm_medium=twitter&guccounter=1


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Luiz Carlos Betenheuser Júnior

Graduação em Administração (UFPR); pós-graduação/especialização em Gestão Administrativa e Tributária (PUC-PR) e em Administração Pública pela Escola de Administração Pública (EAP / IMAP). É funcionário público municipal, 25 anos de experiência, sendo dois na área administrativa e os outros 23 anos na área financeira. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública, especialmente na área Financeira, na gestão orçamentária (execução, planejamento e controle social). Foi integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC (2003); do Conselho Municipal de Assistência Social (2013 e 2014); Vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2015) e por duas vezes presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2014 e 2016); integrante do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente de Curitiba (2017). Atualmente é coordenador financeiro da Secretaria Municipal de Administração e de Gestão de Pessoal e da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude.

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Graduação em Administração (UFPR); pós-graduação/especialização em Gestão Administrativa e Tributária (PUC-PR) e em Administração Pública pela Escola de Administração Pública (EAP / IMAP). É funcionário público municipal, 25 anos de experiência, sendo dois na área administrativa e os outros 23 anos na área financeira. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública, especialmente na área Financeira, na gestão orçamentária (execução, planejamento e controle social). Foi integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC (2003); do Conselho Municipal de Assistência Social (2013 e 2014); Vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2015) e por duas vezes presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2014 e 2016); integrante do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente de Curitiba (2017). Atualmente é coordenador financeiro da Secretaria Municipal de Administração e de Gestão de Pessoal e da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude.

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