O que idosos e voluntários da França relatam sobre as primeiras atividades realizadas com o desconfinamento? Voltar a ter contato humano foi o que mais marcou.
Algo pelo qual ansiar! Desde o desconfinamento na França, as equipes do Petits Frères des Pauvres – uma organização não governamental que atua desde 1946 contra o isolamento e solidão das pessoas idosas, especialmente as mais vulneráveis socialmente -, se adaptaram para organizar gradualmente visitas e atividades para idosos isolados. Um reencontro entre idosos e voluntários que alimenta as relações.
Petits Frères des Pauvres têm três missões sociais, ou seja, acompanhar, agir coletivamente e testemunhar, alertar. A organização atende cerca de 36 mil pessoas, com diversas atividades. Têm também um serviço telefônico que ajuda a combater o isolamento de idosos. E ainda contam com moradias transitórias e outras práticas de moradia. Importante acompanhar suas ações neste período de desconfinamento, afinal, muitas delas podemos praticar por aqui também.
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Vamos aos relatos de idosos e voluntários das primeiras ações realizadas neste período de pós-pandemia, que eles chamam de desconfinamento.
Martine, 61, acompanhada pela equipe Saint-Orens:
Foi ótimo esse passeio no restaurante com a companhia de voluntários e outras pessoas. Já faz um tempo desde que nos vimos e é a minha primeira saída real desde o confinamento, é por isso que eu gostei tanto. Quando você está completamente sozinha, mal pode esperar para fazer esse tipo de passeio. Encontramos a alegria de viver, conversamos sobre várias coisas … Precisamos de contato humano, é da nossa natureza! Esse passeio me fez muito bem, eu precisava disso!
Etienne, voluntária da equipe de suporte a pessoas doentes nos subúrbios da Ile-de-France:
Sinto uma felicidade por estar lá, no meu lugar, me sinto muito importante para pacientes autorizados a ver no máximo 2 pessoas em um dia. A felicidade de apenas estar lá, sorrindo por trás da máscara e agradecendo pelo bom tempo que passamos juntos. Mas também é o choque quando eu preencho o caderno e vejo que vim após Kalia cuja última visita foi dia 10 de março! Em todos os lugares, sinto que me esperam, e não é com pouca expectativa!
Christiane, 72, acompanhada pela equipe Vaulx-en-Velin:
Os voluntários vieram me ver semana passada. Eu estava feliz! Foi divertido ver a equipe de voluntários novamente! Nós conversamos, foi prazeroso.
Liliane, acompanhada pela equipe Muret:
Estou muito feliz em participar deste primeiro lanche não confinado e em redescobrir o espírito coletivo da Petits Frères. Que prazer também rever meu parceiro de Scrabble com quem pude jogar uma partida esta tarde!
Monique, voluntária da equipe Cambrai:
Esse dia foi um “novo” porque marcou a retomada das minhas visitas a Eliane. Após dois meses de ausência, devo admitir que estava muito apreensiva. Quando a vi na janela, meu coração pulou. Sua alegria por me ver era evidente. Ela correu rapidamente para abrir a porta para mim, talvez por medo que eu não ousasse entrar. Estava ansiosa por esta “re” reunião, até procurando palavras … mas lá tudo era simples. Sentamos à sua mesa e era como se esse vírus não fizesse mais parte de nossas vidas. Continuamos nossa conversa de onde paramos, como uma malha de quatro mãos que nós tricotaríamos juntas. Juntas, não vimos aquela hora passar. No final, foi um retorno ao normal para nós duas. Essa é a verdade.
Claudette, acompanhada pela equipe Montauban:
A gente se sente bem na casa Saint-Cernin, as pessoas são gentis. Nós saímos, precisamos disso.
Claire, voluntária da equipe Saint-Orens:
Nesta terça-feira, 9 de junho, saímos com os idosos que estavam em suas casas. Fomos à beira de um lago, ao restaurante onde tínhamos uma mesa muito grande. Chegamos equipados com nossas máscaras, com gel e todo o necessário! E tivemos uma boa refeição com uma atmosfera festiva, para conversar não era fácil, estávamos longe um do outro. É a única coisa que lamentamos! No final da tarde, o céu abriu e fomos capazes de dar um passeio à beira do lago. Sentamos em um banco e cantamos com um de nossos voluntários que toca violão e nossos livros de música. Cantamos mais ou menos certo, mas isso não importava! Todo mundo saiu muito feliz! Planejamos fazer isso com pessoas que moram em residências o mais rápido possível.
Sandra, acompanhada pela equipe Muret:
É uma verdadeira alegria estar aqui novamente, mesmo que eu ainda esteja apreensiva por estar ao redor de todo mundo.
Tradução livre de Sofia Lucena do texto “Déconfinement: des retrouvailles conviviales entre bénévoles et personnes âgées isolées”, publicado no dia 09 de julho de 2020 no site do Petits Frères des Pauvres. Foto destaque: Shane Aldendorff/Pexels
