A importância do exercício físico para as pessoas idosas

A importância do exercício físico para as pessoas idosas

Muitos são os benefícios que a prática do exercício pode trazer: favorece o gasto de energia e calorias, como o bem-estar mental e social.

Colaboração de Marcelo Henrique Alves de Santana (*)


Atividade física é capacidade do corpo humano realizar movimentos de forma a gastar energia por meio da movimentação, seja correr, caminhar, pular, entre outras coisas. Assim, ações do dia a dia como limpar a casa, ir ao mercado, abaixar-se e levantar-se para pegar objetos são deslocamentos que geram modificações no metabolismo corporal e que são consideradas atividades físicas.

Já, exercício físico é a atividade física que possui planejamento, um objetivo específico, com regras próprias, locais propícios à prática, número de repetições, ou seja, há uma sistematização.

Infelizmente ainda se observa preconceitos em relação à prática de exercícios físicos por parte das pessoas idosas, gerando um tabu e, consequentemente, afastamento. Na maioria das vezes são comentários relacionados à visão de que o envelhecer é uma etapa de fragilidades e que tanto a atividade quanto o exercício físico podem piorar determinadas afecções ou condições de doença.

Na verdade, esta não é a realidade, antes pelo contrário: é fase da vida em que se manter ativo é muito importante. Em outros posts já abordamos este tema, salientando os diversos benefícios em se manter ativo. 

Porém, ainda podem restar dúvidas sobre quais exercícios físicos seriam os mais apropriados nesta fase da vida. Estudos mostram que exercícios resistidos ou de força muscular são muito importantes para manter a massa muscular e evitar a sarcopenia. Já os aeróbicos melhoram a circulação e função cardiopulmonar, enquanto os exercícios de flexibilidade e equilíbrio proporcionam mais segurança.

Deve-se considerar que, para que as pessoas idosas pratiquem exercícios físicos, bem como qualquer outra pessoa, estes devem ser supervisionados e adaptados individualmente.

Assim, fica claro que a questão não é a idade, mas sim como essas atividades físicas são executadas, se elas são adaptadas às características do praticante e se consideram as limitações e habilidades desse indivíduo. No geral, a prática é livre, demasiadamente saudável e indicada para todos os indivíduos que a realizam.

Ainda referente à questão de adaptação, os profissionais da área de educação física possuem plena capacidade e conhecimentos técnicos necessários para planejar e adequar as atividades, evitando movimentos que causem lesões musculares ou o risco de quedas.

Tais ajustes, quando bem-feitos, fazem com que a inserção dos indivíduos idosos seja efetivada, tornando um ambiente de fato propício e progressivamente mais receptivo. São intervenções como essas que devem ser cada vez mais incentivadas.

Como dito, os exercícios podem ser de diversas esferas e aplicados em diferentes metodologias. Entre elas, destaca-se:
– Caminhada (trabalha a respiração e a circulação sanguínea);
– Pilates (auxilia a postura);
– Hidroginástica (desenvolve coordenação motora);
– Dança (diminui bloqueios emocionais e ajuda na mobilidade);
– Alongamento (trabalha a flexibilidade e o controle de dores);
– Musculação (fortalece os músculos);
– Natação (melhora a frequência cardíaca e a função respiratória).

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Muitos são os benefícios que a prática do exercício pode trazer, por favorecerem tanto o gasto de energia e calorias, como o bem-estar mental e social. Além disso, há inúmeros vantagens trazidas pela dinâmica do movimento corporal: melhora do equilíbrio e na velocidade de andar; estímulo ao aumento da densidade óssea; diminuição da probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais (AVC);  oportunidade de melhor controle de doenças como hipertensão e diabetes; auxílio no condicionamento físico; controle de hormônios e colesteróis e maior autonomia nas atividades do cotidiano.

Além destes, o exercício físico auxilia na manutenção do peso. Conforme a idade avança, não é só o aumento de peso que preocupa, mas a perda de peso também e manter-se ativo contribui nestes dois polos. No primeiro, mantendo um peso corporal adequado, no segundo fazendo com que a perda de peso não seja acompanhada de perda de massa muscular.

Pesquisas demonstram que baixos níveis de atividade física influenciam significativamente para o aparecimento de extremo baixo peso na pessoa idosa. Estudo publicado em 2020 mostra que, para um grupo de pessoas idosas com baixo peso moradoras na cidade de São Paulo, cada uma hora de exercício físico realizado diminui em 14% o risco de evolução para extremo baixo peso, condição associada a uma série de desfechos indesejados.

Ainda, o estímulo à prática de atividade física, mesmo em indivíduos longevos com algum grau de déficit nutricional, é capaz de reduzir a morbimortalidade e de retardar déficits cognitivos, nutricionais e funcionais, o que demonstra a importância de manter-se ativo.

Manter-se ativo não só leva a melhoras físicas, mas relaciona-se à autopercepção de saúde positiva, à melhoria da imagem corporal e da autoestima, além de contribuir para a manutenção de um sono adequado sem necessidade do uso de medicações. Manter-se ativo ainda se relaciona com diminuição dos sintomas depressivos e de ansiedade e reduz o isolamento social.

Resumindo, manter-se ativo é fundamental para um bom longeviver, com independência e autonomia.

Referências
SILVA, Débora L.G.; D’OLIVEIRA, Rafaella Ramos; KIM, Beatriz M.J.; SANTOS, Ana Flavia L., SILVA JUNIOR, Eduardo A.B.; OLIVEIRA, Henrique; MANSO, Maria Elisa G. Atividade física como fator protetor para o extremo baixo peso em idosos assistidos por uma operadora de saúde. Acta Fisiatr. v.27, n.1, p.41-44, 2020.
OLIVEIRA, Henrique S.B.; BUFFALO, Helena C.; CIERI, Isabella, F.; NASSIF, Laura N.; FONAI, Vitoria M.A.; MANSO, Maria Elisa G. Baixos níveis de atividade física associados a declínio cognitivo, sintomas depressivos e dificuldade de mobilidade em idosos vinculados a uma operadora de saúde. Geriatr Gerontol Aging. 2019;13(4):205-10.
MANSO, Maria Elisa G., CAMILO, Camila G., de JAVITTI, Gláucia C., BENEDITO, Vinicius de L. (2019). Capacidade funcional no idoso longevo: revisão integrativa. Revista Kairós-Gerontologia, 22(1), 563-574.
MANSO, Maria Elisa G.; OSTI, Renata F.I.; FÉ, Diana S. M.; SOUZA, Fabiana C.B.; PIMENTA, Isabella F.; NETTO, Luiza T. Relação entre níveis de atividade física, variáveis relacionadas à multidimensionalidade da saúde e presença de estresse percebido em um grupo de idosos na cidade de São Paulo. Research, Society and Development, v. 10, n. 1, e12710111612, 2021

(*) Marcelo Henrique Alves de Santana é estudante de medicina e estagiário Bolsa Talento, Centro Universitário São Camilo SP 

Foto destaque de Marcos Santos/USP Imagens


https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/novo/courses/curso-gravado-sindromes-geriatricas/
Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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