Janeiro Branco e a perspectiva de pessoa idosa

Janeiro Branco e a perspectiva de pessoa idosa

O “Janeiro Branco” é uma campanha nacional de conscientização da população em relação à saúde mental e ao bem-estar emocional.

Colaboração de Marcelo Henrique Alves de Santana (*)


O início do ano representa o marco do fechamento de um ciclo e início de outro. É o momento de dar adeus ao ano velho e as boas-vindas ao novo ano. É data que está atrelada à simbologia de recomeço, de novidades, propiciando sentimentos de renovação e mudança. Nesse prisma, surgiu a ideia do “Janeiro Branco”. Mas afinal, o que representa isso? E qual sua relação com as pessoas idosas? Compreender as conexões associadas a essa época do ano, bem como sua correlação com as pessoas idosas, se faz muito importante para abarcar esse público com suas peculiaridades. 

De início, é preciso ressaltar que segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, no país, cerca de 50 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de distúrbio mental, seja depressão, ansiedade, déficit de atenção, bipolaridade, esquizofrenia, entre outros. Nesse sentido, fica notório o quanto o Brasil é um país que necessita de uma campanha de conscientização que propague medidas para enfrentamento desse dilema. Mas de que forma?

Para tanto, pensou-se em aproveitar o mês de Janeiro, já que, por ser o primeiro do ano, emblematicamente funciona como a porta de entrada para uma fase nova que está por acontecer, de um novo ano e/ou uma nova vida. Já o branco é popularmente conhecido como a cor da paz, da pureza, da limpeza. É o símbolo da paz e da fraternidade.

Por isso, houve a junção do mês com a cor, denominando o “Janeiro Branco” como época de uma campanha nacional de conscientização da população em relação à saúde mental e ao bem-estar emocional. Assim, semelhante às campanhas do Outubro Rosa ou do Novembro Azul, mais popularmente divulgadas, nasce o Janeiro Branco como uma ferramenta importante que estimula a compreensão de que tão importante quanto cuidar do corpo físico é cuidar também da mente.

Qual seria a relação do Janeiro Branco com as pessoas idosas?

Quando se fala de pessoas idosas, o isolamento social e a crença no mito de que as pessoas idosas, por estarem próximas ao fim da vida, não necessitam ter mais sonhos ou propósitos de vida, são fatores que podem afetar sobremaneira a saúde mental. Além destes, os estressores próprios desta fase da vida ou a forma como se viveu ao longo dos anos, bem como o medo da morte ou eventos como a aposentadoria contribuem para maior preocupação com a saúde mental das pessoas idosas.

Do ponto de vista físico, algumas pessoas podem ter limitações físicas de locomoção decorrentes de adoecimentos ou agravos à saúde, o que faz com que fiquem cada vez mais isolados, restritos a casa, ao quarto. Com isso, a saúde mental acaba sendo diretamente afetada por uma sensação de invalidez de quem já não possui a mesma disposição física, que não conversa mais com os outros com a mesma frequência e não anda com a mesma facilidade. Problemas outros como a incontinência urinária, o uso de determinadas medicações, enfermidades que afetem a cognição, também são fatores que podem comprometer a saúde mental da pessoa idosa. Há ainda os que envelhecem com estes problemas, alguns sofrendo com a discriminação ainda presente entre nós atualmente.

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Tais acontecimentos podem atingir as pessoas idosas de maneira muito danosa, daí a importância de discutir sobre os cuidados com as emoções.

Como dito, há muita desinformação ainda presente entre nós e que faz com que a saúde mental seja desprezada e tida como insignificante, desnecessária, onde ter uma afecção psíquica ou era vista como falta de vontade ou como loucura, fazendo com que a pessoa não procurasse auxílio com medo de ser excluída do contexto social. Tal estigma por muitos anos foi responsável por uma gigantesca discriminação da sociedade em relação às pessoas que apresentam problemas mentais, o que acaba estreitando a discussão quando o assunto é saúde mental e suas repercussões.

Daí a importância do Janeiro Branco enquanto tempo e processo de conscientização, um movimento no sentido do enfrentamento a tal cenário através da facilitação do diálogo, permitindo abordar abertamente um assunto tão importante, mas por vezes deixado de lado. O mês de janeiro, portanto, mostra-se como uma oportunidade eficaz para conversar com pessoas idosas sobre como a qualidade de vida dessas pessoas pode ser positiva ou negativamente influenciada por sua saúde mental.

A campanha do Janeiro Branco, portanto, é um momento favorável de voltar às atenções ao cuidado da mente, trazendo informação e promoção da saúde psicológica, lembrando que, entre os pilares de um bom longeviver se encontra tanto o relacionamento com outras pessoas, quanto o nutrir sonhos e desenvolver outras perspectivas sobre esta etapa da vida. Que o branco possa não ser apenas lembrado, mas de fato trazer paz e dias alegres, sobretudo a quem mais carece.  

Serviço
Home page oficial da campanha: https://janeirobranco.com.br/

(*) Marcelo Henrique Alves de Santana- estudante de medicina e estagiário Bolsa Talento, Centro Universitário São Camilo SP. 

Foto destaque de Mehmet Turgut Kirkgoz/pexels.


Maria Elisa Gonzalez Manso

Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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Médica e bacharel em Direito, pós-graduada em Gestão de Negócios e Serviços de Saúde e em Docência em Saúde, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais pela PUC SP. Orientadora docente da LEPE- Liga de Estudos do Processo de Envelhecimento e professora titular do Centro Universitários São Camilo. Pesquisadora do grupo CNPq-PUC SP Saúde, Cultura e Envelhecimento. Gestora de serviços de saúde, atua como consultora nas áreas de envelhecimento, promoção da saúde e prevenção de doenças, com várias publicações nestas áreas.

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