Frase que ouvi quando estabeleci limites entre uma familiar que tentava me coagir por estar fazendo o meu trabalho de proteção à vida da pessoa idosa.
Enquanto eu atuava no CREAS atendi familiares com os mais diferentes perfis e variadas reações comportamentais, especialmente quando me apresentava como: técnica de referência de um serviço de combate a qualquer tipo de violência ou violação de direitos à vida de pessoas idosas. Em poucas palavras, era assim que explicava o meu trabalho e o que era/fazia o CREAS.
Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania entre o período de janeiro de 2022 a julho de 2022 foram registradas 35 mil denúncias de violação de direitos contra a pessoa idosa. Em mais de 87% das denúncias as violações ocorrem na casa onde o/a idoso reside. Entre os agressores os filhos são os principais responsáveis pelas violações, seguido por vizinhos e netos.
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Nessa história real, tratava-se de uma mulher idosa de 87 anos, mãe de dois filhos, mas que vivia com o neto, sendo ele o seu principal “cuidador”. A idosa havia perdido a visão devido a uma catarata não tratada, sem histórico de vacinação contra o Covid-19, com falas e comportamentos passíveis de avaliação psiquiatra ou neurológica, vivendo em condições insalubres de moradia e sendo submetida a evidente violência patrimonial.
Após diversas intervenções técnicas, articulação com a rede, tentativas sem sucesso de contato com os filhos, encaminhamentos sem adesão pelo neto, atingimos o ápice: A representação do caso junto a Promotoria do Idoso.
Após a representação, a filha da idosa entrou em contato com o CREAS (representado por mim na ocasião). Em ligação pediu para que eu cuidasse da minha vida e que eu mesma prestasse os cuidados à idosa já que estava me metendo na vida dela entre outras verbalizações que a gente não deve levar para o pessoal se não surta.
Diante dessa situação, como o profissional pode proceder? Vem comigo que vou te dar algumas dicas:
1) Mantenha o tom de voz calmo: Quem eleva o tom de voz perde a razão em qualquer diálogo, portanto, mantenha a tranquilidade para ouvir e pense antes de falar para manter o profissionalismo e a ética profissional.
2) Não leve as ofensas para o lado pessoal: Não seja mais um problema em meio a tantos, por isso coloque em ação sua inteligência emocional e entenda que no fundo aquela ofensa não tem a ver com você, são os ócios do ofício.
3) Tenha posicionamento: Apesar da diplomacia, sempre estabeleça limites com os familiares. Não permita que eles digam o que você deve ou não fazer desde que esteja segura de que o seu próximo passo é em direção a proteção do/a idosa. Se houver xingamentos ou ofensas repudie o comportamento na hora com calma e passividade.
4) Foque a sua energia no lugar certo: Nunca esteja em uma posição de “debate” com os familiares, preste as devidas informações e orientações, se coloque a disposição, mas foque em resolver o problema e ofertar o melhor atendimento com foco no melhor para o/a idoso.
Foto destaque de Photo Rodnae Productions/pexels.