Prescrições de medicamentos para idosos na Atenção Primária à Saúde, como melhorar?

Prescrições de medicamentos para idosos na Atenção Primária à Saúde, como melhorar?

Uso inadequado de medicamentos tem impacto nos custos com saúde da população idosa.


Rafael Cardinali Rodrigues (*)

Para tornar racional o uso de medicamentos em idosos, que têm diversas especificidades quanto aos desfechos clínicos após utilizar medicamentos em relação às demais populações, foram criadas listas de medicamentos potencialmente inapropriados para idosos. Essas ferramentas têm como objetivo melhorar as prescrições de medicamentos nessa população.

O uso de medicamentos é a intervenção mais frequente utilizada pelos profissionais diante de um problema de saúde de uma pessoa. Quando falamos da população idosa o número de usuários que utilizam polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos) aumenta significativamente e esta prática está associada a desfechos indesejáveis (ex.: queda, hospitalização, visita ao pronto socorro, qualidade de vida e morte), relacionados ao uso de medicamentos.

A pesquisa, que responde se o uso de Listas de Medicamentos Potencialmente Inapropriados (MPI) para idosos causam impacto nos desfechos em saúde em idosos acompanhados pela Atenção Primária à Saúde, foi publicada no Cadernos de Saúde Pública. Nesse sentido, foi realizada uma revisão sistemática da literatura sobre a associação entre listas de MPI na prática clínica e desfechos de saúde em idosos acompanhados na Atenção Primária à Saúde, utilizando-se o protocolo PRISMA para sistematizar a busca de artigos nas bases de dados PubMed, Web of Science, Scopus, Cochrane Central, LIVIVO e LILACS, além da literatura cinzenta.

Foram selecionados estudos com ensaios clínicos randomizados, utilizando critérios explícitos (listas) para identificação e manejo de MPI em prescrições de pacientes idosos na atenção primária. Dos 2.400 artigos encontrados, seis foram utilizados para extração de dados. Foi realizada metanálise dos dados obtidos.

As intervenções resultaram em reduções significativas no número de MPI e eventos adversos a medicamentos e, consequentemente, em PIP (prescrições potencialmente inapropriadas) em idosos polimedicados. No entanto, não houve efeitos significativos das intervenções nos resultados clínicos negativos, como visitas ao pronto-socorro, hospitalizações e morte, ou na melhoria do estado de saúde dos idosos. O uso de listas de MPI promove prescrições adequadas de medicamentos para idosos na atenção primária à saúde, mas são necessários mais estudos para determinar o impacto da redução de MPI nos desfechos clínicos primários.

A importância das listas para prescrever

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Toda população que prescreve medicamentos para idosos deve tomar conhecimento das listas e qualificar suas prescrições considerando esses critérios. Além disso, governantes que investem recursos públicos na compra de medicamentos devem conhecer esses resultados, pois o uso inadequado de medicamentos tem impacto direto nos custos com saúde, neste caso, da população idosa.

Referências
Ramos LR, Tavares NUL, Bertoldi AD, Farias MR, Oliveira MA, Luiza VL, et al. Polypharmacy and polymorbidity in older adults in Brazil: a public health challenge. Rev Saúde Pública 2016; 50 Suppl 2:9s.
Masnoon N, Shakib S, Kalisch-Ellett L, Caughey GE. What is polypharmacy? A systematic review of definitions. BMC Geriatr 2017; 17:230.
Fick DM, Semla TP, Steinman M, Brandt N, Dombrowski R, DuBeau CE, et al. American Geriatrics Society 2015 updated Beers Criteria for potentially inappropriate medication use in older adults. J Am Geriatr Soc 2015; 63:2227-46.
O’Mahony D, O’Sullivan D, Byrne S, O’Connor MN, Ryan C, Gallagher P. STOPP/START criteria for potentially inappropriate prescribing in older people: version 2. Age Ageing 2015; 44:213-8.

Link para o artigo publicado:
https://cadernos.ensp.fiocruz.br/ojs/index.php/csp/article/view/8593

(*) Rafael Cardinali Rodrigues é farmacêutico da Secretaria de Saúde do Distrito Federal e coordenador de Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade da Universidade de Brasília.

Fonte: Nexo Jornal.

Foto de Pixabay/pexels.


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