Estimulação elétrica em cérebros mais velhos estimula a memória operacional, diz pesquisa

Estimulação elétrica em cérebros mais velhos estimula a memória operacional, diz pesquisa

Os achados da pesquisa não apenas fornecem mais detalhes sobre por que a memória operacional tende a diminuir com a idade, mas também mostram que tecnologias como essa podem ajudar a restaurar a memória operacional em idosos, pelo menos por um curto período de tempo.


Sofia Lucena (*)

Em um novo estudo publicado em abril na revista Nature Neuroscience, os pesquisadores Robert M. G. Reinhart e John A. Nguyen estimularam certas áreas de cérebros de idosos com uma corrente de baixo nível que combinava com os próprios sinais elétricos do cérebro, para ajudar na restauração da memória operacional.

Os pesquisadores queriam saber se existem maneiras de restaurar a memória operacional em idosos que não envolvem medicação. Eles testaram uma técnica conhecida como estimulação transcraniana por corrente direta (ETCD) para ajudar o cérebro a se comportar mais como em adultos mais jovens. À medida que as pessoas envelhecem, as conexões entre as diferentes regiões do cérebro começam a enfraquecer, e acredita-se que essa seja uma das razões para o declínio da memória operacional. Neste estudo os pesquisadores usaram ETCD em idosos como forma de impulsionar a comunicação entre as áreas frontal e sensorial do cérebro.

Vários idosos participaram da pesquisa, sendo que 42 idosos (idade entre 60 e 76 anos) e 42 jovens (entre 20 e 29 anos) realizaram uma tarefa de 75 minutos de memória operacional enquanto a atividade cerebral foi registrada com eletroencefalografia. Nesta tarefa, foi mostrada uma imagem aos participantes e, três segundos depois, foi perguntado se uma segunda imagem era igual ou ligeiramente diferente da primeira. Isso foi repetido até o final do experimento. Os idosos fizeram essa tarefa um dia com ETCD nos primeiros 25 minutos e outro dia sem, enquanto os adultos mais jovens realizaram a tarefa sem ETCD.

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Nos dias em que os idosos não receberam ETCD, eles tiveram desempenho significativamente pior na tarefa do que os jovens e mostraram atividade reduzida entre as regiões do cérebro. Nos dias em que a ETCD foi utilizada, no entanto, não houve diferenças entre idosos e jovens no desempenho da tarefa. Outro achado interessante foi que, enquanto a ETCD foi usada apenas durante os primeiros 25 minutos do experimento de 75 minutos, as melhorias no desempenho duraram pelo resto do experimento, e a conectividade entre as regiões cerebrais seguiu padrões similares aos dos jovens.

Esses achados não apenas fornecem mais detalhes sobre por que a memória operacional tende a diminuir com a idade, mas também mostram que tecnologias como essa podem ajudar a restaurar a memória operacional em idosos, pelo menos por um curto período de tempo.

(*) Sofia Lucena é estudante de Engenharia de Produção na Universidade Federal de São Carlos e colaboradora do Portal. Tradução livre do artigo de Reinhart RMG and Nguyen JA. Working memory revived in older adults by synchronizing rhythmic brain circuits. Nature Neuroscience (2019); 22(5): 820-827.


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