Envelhecer não tem receita pronta 

Envelhecer não tem receita pronta 

A produção cinematográfica vem jogando luz para o envelhecer e as distintas maneiras de sermos velhos e velhas. É o caso do filme Meu bolo favorito.


Para nós que estamos há muito trabalhando para que o envelhecer seja tratado com dignidade, atenção e prioridade para os governos, a produção cinematográfica mundial funciona como radar e sinalizador de realidades e, no caso das velhices, se torna um grande farol a jogar luz para as diversas e distintas maneiras de sermos velhos e velhas.

Nesse sentido, são capazes através de narrativas simples, mas contundentes, espelhar os desafios do envelhecimento em sociedades muito diferentes das que vivemos e conhecemos com mais profundidade.

Irã, 2024

Um país onde a população vive sob a égide de um regime autoritário que domina cada cidadão através de uma força pública chamada “Polícia Moral”, onde beber, dançar, vestir-se livremente, ter opiniões e desejos não inscritos nos códigos fabricados pelo governo, torna cada iraniano um potencial inimigo a ser perseguido.

Se para os jovens sobreviver a esse estado de coisas é um desafio imenso, para os velhos é, na prática, um apagamento antecipado.

Por aqui, o envelhecer clama por posicionamentos mais livres de preconceitos e medos, de chamamentos para novas experiências, revisão de papéis e importâncias. Por lá o imperativo é totalmente inverso.

Mahin que o diga.

Depois de 30 anos de viuvez e solidão imposta pelas regras do regime, decide sair literalmente a procura de um companheiro.

Tentativas frustradas se sucedem e quando estava quase por desistir, Mahin encontra Faramarz, tão velho e solitário quanto ela.

Nesse encontro cercado de uma ingenuidade romântica de ambos, natural e genuinamente, embarcam sem medo de serem felizes.

Bebem, dançam, revelam seus medos e, cada um ao seu modo, se prepara para o encontro de dois corpos ávidos pelo prazer quase esquecido.

E é aí que, surpreendentemente assim como tantas vezes, “a vida nos prega uma peça”: talvez tenhamos que encarar o longeviver como um contínuo de pequenas conquistas e vitórias e que um final feliz, pode não ser necessariamente aquele que imaginávamos.

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Assim como em uma receita de bolo, não podemos desconsiderar que além dos ingredientes e o modo de fazer a vida acontecer, ainda somos atravessados pela realidade política e social na qual estamos inseridos.

Mahin experimentou emoções que jamais lhe serão roubadas e ainda a última cena nos deixa uma dúvida: afinal, para o que devemos dar as costas?


poster do filme meu bolo preferido

Onde assistir
Aracaju – Cine Vitória – Av. Sala Brasil
Belo Horizonte – Una Belas Artes
Brasília – Liberty Mall
Florianópolis – Paradigma Cine Arte
Fortaleza – Dragão do Mar
Maceió – Cine Arte Pajuçara
Manaus – Casarão de Ideias
Niterói – Reserva Cultural
Palmas – Cine Cultura Palmas
Porto Alegre – Cinemateca Paulo Amorim
Ribeirão Preto – Cine Belas Artes
Rio de Janeiro – Estação NET Rio • Estação NET Gávea
São Luís – Cine Lume
São Paulo – Reserva Cultural • REAG Belas Artes
Salvador – Saladearte Cine Paseo 2 • Saladearte Cinema do Museu
Vitória – Cine Ritz Jardins

Fotos: divulgação


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Maria Antonia Demasi
Maria Antonia Demasi

Jornalista, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais.

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Maria Antonia Demasi

Jornalista, Mestre em Gerontologia Social e Doutora em Ciências Sociais.

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