Viver mais implica em mais longevos e mudanças nos modos de morar existentes atualmente.
Muito se tem falado sobre as mudanças demográficas e com elas mais longevos, e reafirmado como essas mudanças são naturalmente consequência de novas dinâmicas sociais, em especial em função da evolução tecnológica, que cria soluções para cada problema percebido.
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Pesquisas médicas para superar doenças, sistemas de comunicação para agilizar a informação, tecnologias educacionais para suprir dificuldades de aprendizagem, entre outros, provocam transformações que incidem no comportamento da sociedade.
De acordo com o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, em matéria publicada aqui no Portal, é preciso estarmos preparados para essa nova realidade no Brasil.
Potencializar as novas possibilidades
Vivemos uma transformação paradigmática. E toda mudança social de larga escala traz desafios, mas também oportunidades. Não cabe lamentar algumas vantagens perdidas, mas sim potencializar as novas possibilidades abertas pela nova configuração demográfica.
Foi a partir da década de 1970 que as mudanças demográficas foram mais significativas, registrando queda da mortalidade materna e de natalidade. Foi, também, o momento em que houve a escalada do empoderamento feminino, vista a compreensão de que a maternidade era uma decisão livre, a ser tomada por considerar oportunidades profissionais e pessoais.
A transição demográfica (passagem de altas para baixas taxas de mortalidade e natalidade) é uma conquista civilizatória e sempre abre uma janela de oportunidade que é única na história. (…) Todo país do topo do ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) passou e capitalizou as diversas etapas do bônus demográfico.
Consideram-se três bônus demográficos: o 1º, quando a proporção da população em idade ativa aumenta em relação à proporção de crianças e de pessoas idosas. O 2º, consequente, é o bônus da produtividade e o 3º, bônus da longevidade, referente ao aumento da crescente população idosa.
Mas o inexorável desafio será aproveitar a grande novidade do século XXI, que é o “tsunami prateado”. Pela primeira vez na história do Homo Sapiens haverá mais idosos do que crianças e adolescentes no mundo e no Brasil. A população brasileira de 60 anos e mais de idade estava em torno de 4% em meados do século passado e chegará a 40% no final do atual século.
De acordo com dados do IBGE, o Brasil se tornará mais urbano e interiorano, envelhecido, feminino e com diferentes arranjos familiares, religiões e composições de raça. Isso implicará em mudanças nos modos de morar, considerando a configuração de moradias e cidades, recriando comunidades colaborativas em busca da sustentabilidade tão significativa para essa mudança demográfica.
Viver mais, ativamente, representa um salto para a produtividade voltada a populações mais maduras e exigentes, que buscam qualidade de vida com alimentação saudável, contato com a natureza, relacionamentos estáveis e moradias confortáveis, com a segurança de pertencer a um lugar com o cenário adequado para um envelhecimento ativo e feliz.
Foto de Aaron Braitmaier/pexels.