Como o espaço urbano pode ser mais estimulante para as pessoas idosas?

Como o espaço urbano pode ser mais estimulante para as pessoas idosas?

Os municípios do país não oferecem às pessoas idosas espaços urbanos com segurança e acessibilidade


Perambular pela cidade é uma atividade que enriquece pessoas de todas as idades, mas são as idosas que podem ter mais vantagens. A possibilidade de maior tempo livre e o resultado positivo de um exercício variado ao caminhar por diferentes percursos possibilita contar com essa experiência para agregar bem-estar pelo ganho social, psicológico e funcional. Surgem organizações dispostas a informar e trabalhar para isso, como constatamos a seguir:

A população mundial está envelhecendo e uma das grandes questões que se abrem com essa nova composição etária, com mais idosos que crianças pequenas, é se os municípios estão adequados para que esses cidadãos possam usar os espaços urbanos com segurança e acessibilidade e sentirem-se incluídos na vida social e cívica de suas comunidades.

Envelhecer na comunidade, tradução de Aging in Place defendida pela arquiteta Mariana Nascimento, envolve interações sociais promovidas em encontros nos espaços públicos. Portanto, a caminhabilidade deve ser garantida com calçadas adequadas e travessias seguras, sendo a segurança pública uma responsabilidade não somente dos policiais, mas da própria comunidade, ocupando as ruas ao invés de esconder-se atrás de grades e muros.

Lugares caminháveis e que facilitam o uso do transporte coletivo foram apontados como mais amigáveis para os idosos, pois permitem os deslocamentos e a independência desses habitantes. (…) Vizinhanças seguras para a prática de atividades sociais e esportivas também impactam na qualidade de vida das pessoas com mais idade.

Além de caminhar, os deslocamentos pelo transporte público ou por outros meios garante a expansão de áreas visitáveis. No Brasil, apesar dos esforços dos gestores municipais, somente agora as bicicletas têm aumentado no cenário urbano, principalmente por falta de vias seguras. Somente em parques há triciclos, mas pode ser uma forma de sensibilizar o cidadão para vê-los como um modo seguro de deslocamento no futuro.

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Apesar da resistência de muitos cidadãos mais velhos em abandonar o carro para fazer os seus percursos e adotar os novos serviços de mobilidade, como bicicletas compartilhadas, a arquiteta (Kit Krankel McCullough) enfatiza que esse público tem muito a ganhar com o uso dessas facilidades e de acrescentar a caminhada e o ciclismo em suas rotinas. (…) Bicicletas convencionais e elétricas, triciclos e scooters (elétricos ou não) em que o usuário pode ir sentado permitem que os indivíduos experimentem esses equipamentos e passem a usá-los com mais frequência. 

É necessária maior consciência dos gestores de que uma cidade amigável para as pessoas idosas é boa para todos, além de orçamento direcionado para essa melhoria, viabilizando cidades mais amigáveis. Sistemas de segurança inteligentes e campanhas de sensibilização certamente possibilitarão um futuro mais garantido para todas as idades.

Foto destaque de David Vives/pexels.


Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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