Celebrando “a Rainha do Brasil”, a mandioca, e a safra do cambuci com bioma da Mata Atlântica

Celebrando “a Rainha do Brasil”, a mandioca, e a safra do cambuci com bioma da Mata Atlântica

Neste mês de abril apresento duas receitas com alimentos da nossa biodiversidade brasileira: a mandioca e o cambuci.


No mês de abril, no Brasil, a gastronomia tem muitas celebrações especiais. Dentre elas, a “Rainha do Brasil’, a mandioca, como já falamos em textos anteriores. Exatamente no dia 22 de abril comemoramos oficialmente o Dia Nacional da Mandioca, instituído pela Embrapa. Um alimento cuja história e cultura brasileira  está enraizada como  um símbolo da nossa identidade e capacidade de adaptação aos recursos naturais.

Sua utilização remonta aos tempos pré-coloniais e sua importância se mantém até os dias atuais. É uma data muito significativa para nós brasileiros, considerando o papel fundamental que esse alimento desempenha na nossa cultura e na alimentação de milhões de brasileiros de norte a sul do Brasil. A mandioca é conhecida com nomes diferentes dependendo da região: aipim, macaxeira, maniva, castelinha, uaipi, maniveira e pão-de-pobre.  

Sua versatilidade permite a criação de uma infinidade de pratos, desde o simples purê até pratos mais elaborados, salgados ou doces, com sua diversidade gastronômica presente em pratos tradicionais de diversas regiões: farinha de mandioca, tapioca, beiju, pão de queijo, bombocados, tortas, mingaus, entre outros. Isso demonstra a riqueza gastronômica que esse tubérculo proporciona.

Como educadora alimentar e conselheira do COMSEA – Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de São Bernardo do Campo e CAE –  Conselho de Alimentação de São Paulo, tenho refletido sobre a importância nutricional da mandioca na merenda escolar, assim como nas mais diversas fases da vida.  

A  mandioca é capaz de crescer em solos e climas diversos, contribuindo significativamente para a segurança alimentar de muitas famílias em regiões mais carentes e nos programas com  merendas escolares, especialmente. Sua facilidade de cultivo e armazenamento a torna uma fonte de alimento confiável, mesmo em períodos de escassez.

O que nos encanta é pensar no fator economia, geração de renda, empregos – desde agricultores familiares locais até produtos importados e exportados para diversos países -, um orgulho nacional!  Essas diversas aplicações mostram o quão importante e multifacetada a mandioca é na economia brasileira e global.

Cambuci

Apaixonada pelos nossos alimentos brasileiros, outra data especial de abril que uno e crio a cada ano receitas novas, agregando novos usos, é a safra dos alimentos com nossa biodiversidade brasileira, como o fruto intrigante e versátil chamado “cambuci”.

O cambuci (campomanesia phaea) é realmente um fruto fascinante e muito especial, endêmico da Mata Atlântica, principalmente encontrado em estados como São Paulo e Rio de Janeiro.

O fruto tem uma forma semelhante a um “pequeno disco voador”, com uma casca verde-amarelada quando maduro. Sua polpa é suculenta e possui um sabor azedo e adocicado, que varia conforme o grau de maturação. A safra do cambuci ocorre geralmente entre os meses de março e abril, o que coincide com a sua melhor época de colheita.

O cambuci é rico em nutrientes e possui diversas propriedades benéficas para a saúde. É uma excelente fonte de vitamina C, vitamina E, que é importante para o sistema imunológico e combate os efeitos do processo de envelhecimento, sempre que pensamos em compostos antioxidantes que ajudam a combater os radicais livres no organismo, contribuindo para a prevenção de doenças. A polpa do cambuci é rica em fibras, o que auxilia na digestão e promove a saúde intestinal.

A magia está no seu sabor intrigante e único, no uso da fruta em sucos e bebidas, pois seu sabor azedo combina bem com outras frutas. Em geleias e compotas que pode ser uma deliciosa opção para agregar valor à sobremesas,  como recheios ou coberturas, assim como para acompanhar pães e  petiscos.

Pensando na agricultura sustentável, olhar de futuro, o cultivo do cambuci está sendo promovido como uma alternativa sustentável para a preservação da Mata Atlântica, incentivando práticas agrícolas que respeitam o meio ambiente. Compartilho alguns dos programas divulgados nos sites do www.slowfoodbrasil.com.br  e www.institutoaua.org.br como guardiões dos biomas brasileiros. Participei recentemente de evento divulgando a nova safra. 

Conheça os sites sugeridos, no Instituto Auá por exemplo, o Empório Mata Atlântica e Pomares que, juntos, fazem a ponte entre o consumidor e o pequeno agricultor.

Que este mês nos inspire a respeitar e cuidar do nosso patrimônio natural, garantindo que as futuras gerações também possam desfrutar das maravilhas que o Brasil tem a oferecer.

Guardiões dos Biomas Brasileiros

A valorização do Cambuci não só ajuda a preservar a biodiversidade da Mata Atlântica, mas também contribui para o desenvolvimento econômico das comunidades locais. Se você tiver mais perguntas sobre o Cambuci ou quiser saber mais sobre outros frutos nativos, estou à disposição!

Para celebrar esses dois alimentos brasileiros criei uma receita utilizando como base a Focaccia italiana, que é um pão típico italiano que pode ser adaptado de várias maneiras e combinações. Com mandioca e cambuci trouxe um toque brasileiro especial de… “quero mais um pedaço… Hummm”!

Segue duas receitas de focaccia, sendo uma gravada com passo a passo.

Focaccia com  mandioca e cambuci

Ingredientes – Massa

300g  (1 ½ xícara de chá) de farinha de trigo
100g de mandioca cozida e amassada (aproximadamente 1 xícara de chá)
5g de sal ou a gosto
20g (2 colheres de sopa) de manteiga
10g de fermento biológico  seco (1 envelope) – ou 15g de fermento fresco 
30g de azeite extra virgem (2 colheres de sopa)
2 ovos (80g) 
240ml de água ou leite (1 xícara de chá)

Cobertura ou Acompanhamento

Ingredientes

15 tomatinhos cereja sem sementes e cortados ao meio
Orégano seco ou fresco, pimenta do reino, se gostar alecrim
Azeite extra virgem o quanto basta
Flor de sal o quanto basta ou sal grosso para salpicar

Modo de Preparo: siga gravação com passo a passo

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1 – Comece cozinhando a mandioca no vapor (ou como desejar). Até ficar bem macia. Amasse bem.
2 – Peneire a farinha de trigo e o sal.  Reserve.
3 – Bater na batedeira com gancho: o ovo, a água e o fermento. Coloque os ingredientes secos, em baixa velocidade, por 5 minutos ou até que a massa fique hidratada e com certa elasticidade.
4 – Aumente a velocidade da batedeira e adicione a mandioca aos poucos, alternando com o azeite. A mandioca e o azeite devem estar bem incorporados à massa antes de acrescentar mais porções.  Bata por  aproximadamente  5 a 7 minutos. Melhor usar o gancho da batedeira. Ao final, a massa estará bem elástica e grudando um pouco nas paredes da tigela, como qualquer massa de fogaccia. Deixe crescer por 1 hora ou dobrar de volume.
5 – Assim que crescida, unte as mãos com azeite, divida a massa e distribua em assadeiras levemente untadas com azeite. Cubra a assadeira com papel filme e deixe descansar, novamente por 40 minutos, ou dobrar de volume.
5 – Preaqueça o forno a 190ºC. 

Com a massa crescida, você pode pressioná-la com as pontas dos dedos. E recheá-la a gosto, neste caso com os tomates cereja. 
6 – Regue com azeite extra virgem e salpique com um pouco de flor de sal ou sal grosso levemente moído.
7 – Leve ao forno e asse por aproximadamente 40 minutos ou até ficar bem dourada. Retire do forno, deixe esfriar um pouco, sirva quente.

Acompanhamento da focaccia – Vinagrete de Camuci

Ingredientes

5 cambucis sem casca, em cubos
10 Tomates cereja ou tomate picado
4 colheres de sopa de Azeite de oliva 
sal – pimenta do reino
Orégano, alecrim e outras ervas frescas a gosto, coentro ou salsa, pimenta dedo de moça bem picada. 

Modo de Preparo

Em um refratário, coloque o azeite e o cambuci picadinho, misturar bem, bater como se tivesse “emulsificando”. Ficará bem denso, quase cremoso, só então junte  todos os ingredientes.  Fica muito especial. Faça, você vai adorar!

Outra Sugestão 

Focaccia Brasileira com mandioca e cambuci caramelado

Ingredientes para a massa

500g de farinha de trigo
300ml de água morna
10g de fermento biológico seco
10g de sal
50ml de azeite de oliva
200g de mandioca cozida e amassada (purê)

Para a cobertura

3 cambucis maduros (cortados em fatias ou cubos)
2 colheres de sopa de açúcar 
Sal grosso ou flor de sal a gosto
Alecrim fresco (opcional)
Azeite de oliva para regar

Preparar a massa

1 – Em um recipiente grande, misture o fermento biológico seco com a água morna. Deixe descansar por cerca de 5 minutos até que comece a espumar.
2 – Adicione o purê de mandioca e o azeite à mistura de fermento. Misture bem.
3 – Gradualmente, adicione a farinha de trigo e o sal, misturando até formar uma massa homogênea.
4 – Sove a massa em uma superfície enfarinhada por cerca de 10 minutos, até que fique macia e elástica.

Primeira Fermentação
Coloque a massa em um recipiente untado com azeite, cubra com um pano úmido e deixe fermentar em um lugar morno por aproximadamente 1 hora, ou até dobrar de tamanho.

Preparar a Focaccia
– Após a primeira fermentação, unte uma assadeira grande com azeite.
– Coloque a massa na assadeira e espalhe-a delicadamente com as mãos, formando um retângulo ou quadrado.
– Faça furinhos na superfície da massa usando os dedos, criando pequenos buracos.

Adicionar Cobertura
– Em uma frigideira coloque o açúcar até ficar amarelo claro, junte os pedaços de Cambuci envolvendo no caramelo.
– Distribua as fatias ou cubos de Cambuci sobre a massa no local dos furos.
– Polvilhe sal grosso e alecrim fresco (se estiver usando) por cima da focaccia.
– Regue generosamente com azeite de oliva.

Segunda Fermentação
– Deixe a focaccia descansar por mais 30 minutos enquanto pré-aquece o forno a 200°C.

Assar
– Asse no forno pré-aquecido por cerca de 30 minutos, ou até que esteja dourada e crocante.

Servir
– Retire do forno e deixe esfriar um pouco antes de cortar em pedaços.
– Sirva morna como aperitivo, acompanhamento ou lanche.

Dicas
– Você pode experimentar adicionar outras ervas ou ingredientes à massa, como alho picado ou queijos, para dar um toque extra.
– O cambuci pode ser usado fresco ou levemente caramelizado para intensificar seu sabor.

Fotos: arquivo pessoal


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Ana Maria Ruiz Tomazoni

Ana Maria Ruiz Tomazoni - Doutora em Educação (PUC-SP), Mestre em Gerontologia Social (PUC-SP) e Pós-Graduada em Hotelaria e Eventos pelo Senac SP. É fundadora e Diretora Pedagógica da Escola de Gastronomia Sabor & Saber. Atua como docente, educadora alimentar, pesquisadora, escritora e palestrante. É avó de 7 netos e uma eterna aprendiz. E-mail: [email protected]. Site: www.saboresabergastronomia.com.br. Facebook Sabor & Saber Gastronomia. Instagram: saboresabergastronomia

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Ana Maria Ruiz Tomazoni - Doutora em Educação (PUC-SP), Mestre em Gerontologia Social (PUC-SP) e Pós-Graduada em Hotelaria e Eventos pelo Senac SP. É fundadora e Diretora Pedagógica da Escola de Gastronomia Sabor & Saber. Atua como docente, educadora alimentar, pesquisadora, escritora e palestrante. É avó de 7 netos e uma eterna aprendiz. E-mail: [email protected]. Site: www.saboresabergastronomia.com.br. Facebook Sabor & Saber Gastronomia. Instagram: saboresabergastronomia

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