Aposentados argentinos ganham apoio inédito de torcidas de futebol na luta por direitos

Aposentados argentinos ganham apoio inédito de torcidas de futebol na luta por direitos

Pessoas idosas protestam contra perda de direitos e declínio de suas aposentadorias, e conseguem o apoio inédito de times de futebol.


Pessoas idosas na Argentina vêm protestando há algum tempo contra a perda de direitos e a significativa redução no valor de suas aposentadorias, resultado das políticas ultraliberais implementadas por Javier Milei, que provocaram o aumento nos preços de medicamentos e serviços essenciais, tornando suas velhices indignas.

Na última quarta-feira (12/03), a manifestação pacífica de aposentados que contou com o apoio inédito de torcidas de futebol que sempre foram rivais entre si, e de organizações sociais, foi fortemente reprimida com muita violência pela polícia, culminando na prisão de mais de 100 pessoas e deixando 20 feridos, um deles, um fotógrafo a trabalho, em estado grave.

O apoio de torcidas de futebol foi algo inimaginável, mas que demonstra uma forma de resistência potente e solidariedade, afinal, cada torcedor tem um pai, mãe, tio, tia, avô e avó que vê sua aposentadoria minguando a cada dia como consequência das políticas do atual governo e, consequentemente, a cada dia a perda da qualidade de suas vidas.

Segundo Ricardo Iacub, professor da Universidade de Buenos Aires e colaborador do Portal do Envelhecimento, “É preciso destacar que isso aconteceu graças ao ato de renúncia pessoal de torcidas que são rivais muito fortes, que muitas vezes se comportaram como inimigas, mas agora os idosos as uniram”.

O protesto do dia 12 de março

Nos últimos meses, os protestos pacíficos dos aposentados argentinos, que acontecem todas as quartas-feiras em Buenos Aires, em defesa de seus direitos e contra o declínio acentuado em seus rendimentos e poder de compra, têm sido alvo de ataques do governo. Os ataques, que ocorrem desde o ano passado, abrangem tanto medidas econômicas quanto ações físicas.

O protesto do dia 12 de março se multiplicou exponencialmente com a adesão de aproximadamente 30 times de futebol com suas torcidas organizadas. Só que ele foi violentamente reprimido pela polícia que usou balas de borracha, gás lacrimogêneo, violência física, canhões de água contra os manifestantes idosos, muitos dos quais usavam camisas e bandeiras de seus times. Foi o mais violento no país desde a posse do governo ultraliberal de Javier Milei em dezembro de 2023.

Nesse mesmo dia, à noite, após o fim dos incidentes no Congresso e na Praça de Maio, ocorreram panelaços em várias partes de Buenos Aires, e centenas de manifestantes marcharam novamente até a sede do governo.

O que os aposentados exigem

Os aposentados argentinos exigem uma atualização do valor das aposentadorias, o restabelecimento da cobertura dos custos com medicamentos e a continuação da moratória previdenciária, que termina no final de março e permite que pessoas se aposentem sem ter cumprido os 30 anos de contribuição.

Não perca nenhuma notícia!

Receba cada matéria diretamente no seu e-mail assinando a newsletter diária!

Aumento da pobreza

O ajuste fiscal de Milei vem gerando muita revolta na Argentina. No primeiro ano do seu governo, a Argentina presenciou uma redução da inflação de 211,4% em 2023 para 117,8% em 2024, além de um superávit fiscal. No entanto, o custo desse ajuste foi alto, implicando perda de direitos:

Perda de 200 mil empregos: O desemprego aumentou, impactando diretamente a vida de milhares de famílias.

– Paralisação de obras públicas: Projetos importantes foram interrompidos, prejudicando o desenvolvimento do país e a geração de novos postos de trabalho.

– Aumento da pobreza e da pobreza extrema: A situação de vulnerabilidade social se agravou, com mais pessoas vivendo em condições precárias.

Dobro do custo de medicamentos e serviços essenciais: A política de liberalização de preços de Milei impactou diretamente o bolso dos argentinos, dificultando o acesso a itens básicos.

– Aposentados em situação crítica: Quase 60% dos aposentados recebem a pensão mínima, equivalente a cerca de R$ 1.970. Além disso, um bônus de aproximadamente R$ 406 foi congelado no ano passado, agravando ainda mais a situação dos cidadãos idosos.

O ajuste fiscal promovido pelo governo Milei teve um impacto social significativo. O aumento da pobreza, do desemprego e a dificuldade de acesso a serviços essenciais está gerando revolta na população argentina.

Foto: Prints de imagens do Instagram da agenciapacourondo


Portal do Envelhecimento

Compartilhe:

Avatar do Autor

Portal do Envelhecimento

Portal do Envelhecimento escreveu 4364 posts

Veja todos os posts de Portal do Envelhecimento
Comentários

Os comentários dos leitores não refletem a opinião do Portal do Envelhecimento e Longeviver.

-->

Conecte-se com a gente

LinkedIn
Share
WhatsApp
Follow by Email
RSS