Você já planejou onde gostaria de morar quando perceber que não deve ficar só?

Você já planejou onde gostaria de morar quando perceber que não deve ficar só?

Onde você quer ser cuidado quando morar só pode ser perigoso? Importante planejar.


Geralmente nos acomodamos em determinadas soluções que conquistamos ao longo da vida profissional ativa, pois vamos compondo nossos espaços de vida de modo a embarcar todo o conforto que nos traga prazer. Mas intercorrências incômodas podem gerar a necessidade de mudar, tais como perda de mobilidade ou outras barreiras que possam existir nesse espaço, exigindo mudanças. Ou quando há perdas que exigem atenção mais intensiva, em especial as cognitivas, quando morar só pode criar situações de perigo iminente. O jornalista Leon Ferrari discorre sobre o assunto e fala da necessidade de se planejar: 

O ativista holandês Teun Toebes percorreu 11 países de quatro continentes para saber como vivem as pessoas com demência no mundo. Durante o Congresso Brain 2024: Cérebro, Comportamento e Emoções, realizado no Rio de Janeiro no mês de junho, ele e o diretor Jonathan de Jong apresentaram um trecho do documentário Human Forever e trouxeram um questionamento: onde você gostaria de viver e ser cuidado caso envelheça com demência? 

Segundo ele, “… ao questionar a qualidade de vida de pessoas com demência hoje, quando ele próprio não tem um diagnóstico, tem mais chances de ser ouvido do que quando envelhecer.” Como não há como saber se haverá ou não perda cognitiva significativa, é preferível considerar essa possibilidade e já conhecer quais são as alternativas para orientar a família sobre como considera a melhor solução para si mesmo. O verbo é planejar.

Viver juntos é a solução para sobreviver, é a resposta. O que muitas vezes pensamos na Holanda é que não precisamos uns dos outros, que somos todos indivíduos. Se nos vemos (apenas) como indivíduos, não podemos criar uma sociedade. 

As moradias institucionais podem oferecer atividades coletivas que estimulam a interação social e celebrar a formação de novos vínculos. Para isso, o espaço construído é pensado com ambientes que possibilitem diferentes modos de atender os igualmente diversos desejos de cada morador, o que caracteriza o cuidado centrado no indivíduo, atendendo necessidades do corpo e da alma.

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Embora sejam considerados espaços residenciais, acabam seguindo modelos “hospitalocêntricos”, com rotinas fixas, como hora para todos dormirem e comerem, segundo especialistas. Invisibilizadas, (…) algumas dessas instituições apresentam condições precárias e também não conseguem arcar com os recursos necessários para serem registradas na Anvisa. 

Discutir diferentes alternativas de moradia, considerando uma transição tranquila de um estado de independência para outro que exija mais atenção, define mais claramente que a imprevisibilidade de novas necessidades seja atendida, a partir das diversas formas de cuidado.

Planejar onde gostaria de morar quando perceber que não deve ficar só depende de entender que, se feito com antecedência, a escolha será mais adequada para todos da família.

Foto de Kampus Production/pexels.


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Maria Luisa
Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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