A cultura da longevidade e o uso racional de medicamentos são peças fundamentais para garantir dignidade à vida.
O Brasil está envelhecendo rapidamente, mas será que nossa sociedade está preparada para lidar com essa mudança? A cultura da longevidade envolve compreender o envelhecimento de forma positiva, prevenindo fragilidades e garantindo qualidade de vida. No entanto, um dos maiores desafios desse processo é o uso excessivo e, muitas vezes, inadequado de medicamentos.
A cultura da longevidade se baseia na valorização da pessoa idosa, reconhecendo suas necessidades individuais e promovendo um envelhecimento saudável. Esse conceito vai além de tratar doenças: envolve autonomia, funcionalidade e bem-estar. No entanto, na prática, o que se observa é um envelhecimento altamente medicalizado.
O envelhecimento e o uso de medicamentos
CONFIRA TAMBÉM:
O envelhecimento traz mudanças metabólicas que alteram a resposta aos medicamentos:
– A função hepática e renal reduz, afetando a eliminação dos fármacos.
– A composição corporal muda, alterando a distribuição de substâncias no organismo.
– O risco de interações medicamentosas aumenta, especialmente em idosos polimedicados.
O resultado? Maior risco de efeitos adversos, quedas, declínio cognitivo e internações evitáveis.

O problema da polifarmácia
Polifarmácia é o uso de múltiplos medicamentos, comum entre pessoas idosas. Nem sempre isso significa um tratamento adequado, pois muitos fármacos podem ser:
– Desnecessários.
– Inadequados para a idade.
– Prescritos sem revisão periódica.
Além disso, os efeitos adversos dos medicamentos são frequentemente confundidos com sintomas dos efeitos do processo de envelhecimento, o que leva à prescrição de ainda mais remédios – um ciclo perigoso.
O papel do farmacêutico clínico no uso racional de medicamentos
O farmacêutico clínico desempenha um papel essencial na segurança da pessoa idosa, atuando na revisão da farmacoterapia e prevenindo problemas relacionados a medicamentos. Algumas ações-chave incluem:
– Avaliação contínua da prescrição: medicamentos realmente necessários?
– Desprescrição segura: eliminação gradual de fármacos que podem ser prejudiciais.
– Prevenção de interações e efeitos adversos: ajustando doses e horários.
– Educação para idosos e cuidadores: garantindo adesão e segurança.
Caminhos para um envelhecimento saudável
Para transformar a realidade da pessoa idosa brasileira, precisamos de:
– Mudança de mentalidade: envelhecimento não é sinônimo de doença.
– Maior protagonismo do farmacêutico clínico: acompanhamento medicamentoso deve ser rotina.
– Educação para o autocuidado: idosos e familiares devem entender os riscos da polifarmácia.
– Medicina preventiva: menos prescrição automática e mais foco na qualidade de vida.
A pessoa idosa merece mais do que simplesmente “mais remédios”. Ela precisa de um cuidado que respeite sua individualidade e promova um envelhecimento ativo e saudável. A cultura da longevidade e o uso racional de medicamentos são peças fundamentais para garantir dignidade a vidas cada vez mais longevas.
Foto de Kampus Production/pexels.
