A turma do Black Sabbath está de volta: agora, como senhores saudáveis e ainda muito barulhentos

É isso aí, a turma dos metaleiros para lá dos 60 anos está na ativa e, acima de tudo, saudável. Experimentaram, no passado, tudo que lhes parecia possível e impossível. Chegaram ao limite do que o corpo humano pudesse suportar, ingerindo todo tipo de “veneno” que um ser sente, na sua invencibilidade, ser capaz de aguentar. Sentiam-se deuses, nada os atingia. Mas, como ninguém é de ferro, o corpo reclama por saúde, avisa, grita que precisa de hábitos saudáveis. Então, com ouvidos atentos para as mensagens do corpo, a turma radical decidiu mudar.

 

 

a-turma-do-black-sabbath-esta-de-volta-mas-agora-como-senhores-saudaveis-e-ainda-muito-barulhentosReinventaram-se e, hoje, já “senhores”, tem fôlego e disposição para muito e olha que este “muito” significa desafiar sempre, mas, agora, com juízo.

Sabe-se que um show de rock exige um esforço considerável. Dizem os especialistas que em duas horas de atividade física intensa, é possível gastar de 320 a 1.000 calorias, dependendo do nível de empolgação e das acrobacias feitas no palco. É o equivalente a correr durante duas horas na esteira. O inglês Ozzy Osbourne é um daqueles vocalistas que não ficam parados: corre, pula, joga baldes de água nos admiradores das primeiras fileiras, além de outras ousadias. Nos velhos tempos, ele e tantos outros músicos conseguiam, sabe-se lá como, energia para fazer apresentações usando todo tipo de drogas. Aos 20 anos, tudo parece possível, mas o que dizer de um roqueiro que já passou dos 60?

Eles estão de volta, depois de 14 anos, desafiando os limites do tempo: Bill Ward, Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Tony Iommi. Em outra época, os quatro integrantes originais do grupo Black Sabbath já seriam hoje apenas pacatos senhores de respeito. Que maravilha que os tempos mudaram e que o grupo, além de tudo, conseguiu entender que ninguém vive, durante muito tempo, exposto a uma extrema violência dirigida ao próprio corpo.

Segundo conta a reportagem da revista Época desta semana, ao anunciar, na semana passada, uma nova turnê mundial e a gravação de um disco inédito, Ozzy, de 62 anos, Tony Iommi, de 63, Geezer Butler, de 62, e Bill Ward, de 63, deram ainda mais energia ao rock feito por músicos acima dos 60.

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Detentores de um tipo de rock bem mais pesado – se comparado ao estilo dos Rolling Stones ou Paul McCartney – e ainda munido de seus crucifixos usados para espantar os maus espíritos evocados em suas letras, o Black Sabbath faz o tipo de música que poucos associariam à terceira idade. O retorno do grupo deixou fãs de rock pesado exultantes.

O Black Sabbath (reconhecido como pai do heavy metal) não atrai apenas admiradores de sua geração. Sua música pouco envelheceu e ainda serve de inspiração para estrelas da música atual e adolescentes que pegam na guitarra pela primeira vez. Garotos de 20 anos que nunca tiveram a chance de vê-los ao vivo (o último encontro dos quatro foi em 1997) consideram o anúncio um verdadeiro milagre do rock – proporcionado por verdadeiros milagres e de novos estilos de vida.

Revendo a vida
Quem diria, o pessoal do Black Sabbath, antes entregues aos excessos da vida tomada pela dieta das drogas, décadas depois, foi substituída por legumes, verduras e exercícios físicos. Em seu livro “Confie em mim, eu sou o Dr. Ozzy”, o músico diz que se tornou vegetariano e se matriculou num curso de pilates para compensar os anos de abusos. Ele confessa: “Não há problema algum em passar algumas semanas enchendo a cara, mas passei a maior parte dos últimos 40 anos fazendo isso”. Sua mulher, Sharon Osbourne brinca: “Sempre digo que, no fim dos tempos, só restarão as baratas, Ozzy e Keith Richards (o guitarrista dos Rolling Stones)”. Ozzy jura que largou tudo, das bebidas alcoólicas aos remédios para dormir.

A reportagem da revista Época ainda conta que o baixista Geezer Butler não ingere carne vermelha desde a década de 1960. Já o baterista Bill Ward foi além: após um ataque cardíaco, em 1998, aderiu à dieta vegana, que exclui leite e seus derivados. Tony Lommi também dá aula de sobrevivência: antes da fama, perdeu a ponta de dois dedos em uma fábrica. Usando próteses, desenvolveu um estilo único de tocar guitarra. Abusou das drogas, mas se desintoxicou antes dos colegas. Em 2009, fez tratamento com células-tronco para continuar tocando. Hoje é um dos roqueiros mais bem conservados do circuito.

Black Sabbath, os metaleiros que já fazem parte da história: a turma de músicos mais velha a rodar pelo mundo numa turnê. Quem pensa em aposentadoria para o grupo, se engana. Com uma baixa venda de discos, os shows tornaram-se uma obrigação para astros da música pop que desejam se manter no circuito do heavy metal, não importa a idade. A necessidade obriga bandas como Aerosmith e Motörhead e astros como Neil Young e Bob Dylan a viajarem mundo afora. Para continuar em cena, há que se pagar um preço.

Mesmo com o conforto que o luxo proporciona para astros deste calibre, os deslocamentos são uma prova de perseverança – e nem todos estão dispostos a encarar o sacrifício. Brian Wilson, ex-líder do Beach Boys, se apresenta raramente. “Não aguento as constantes viagens”, afirma. Para ele, a festa aparentemente acabou.

Já a festa do Black Sabbath parece não ter chegado ao fim. Quem sabe? O correr dos dias dirá. Até lá, que tenham uma vida saudável, mesmo que breve, e muito barulhenta. Talvez isto os mantenha vivos por muitos e muitos anos…

Referências
SOLLITTO, A. (2011). Os roqueiros da terceira idade. Disponível Aqui. Acesso em 20/11/2011.

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