Ao pensarmos que os custos financeiros são importantes mas que o desgaste da constante preocupação também significa custo em qualidade de vida, podemos concluir que o carinho e respeito que temos com nossos familiares idosos não diminui quando decidimos pela alternativa de residências especializadas. A qualidade do encontro pode aumentar, incluindo a facilitação de acesso para outros familiares que, assim, ainda teriam tranquilidade e liberdade para visitas em momentos mais adequados.
Maria Luisa Trindade Bestetti *
A carência que temos de residenciais para idosos que se diferenciem dos antigos asilos geralmente faz pensar que uma clínica geriátrica especializada será sempre muito cara e fora do orçamento para a maioria das famílias brasileiras. E começa a jornada em busca de cuidadores, a cada dia mais treinados e sem o antigo estigma de empregados domésticos que “têm paciência com idosos”.
Isso realmente não resolve o problema pois há os riscos de manejo inadequado, falta de controle na administração de medicamentos e descuido com a alimentação. Profissionais capacitados podem ser técnicos em enfermagem ou não, desde que tenham conhecimentos mínimos sobre essas áreas para que possam tomar as melhores decisões quando situações fora da rotina acontecem.
Como atender um idoso que sofreu uma queda no banho? Como lidar com atitudes negativas do idoso cuidado, tais como teimosia, tristeza ou hostilidade? Por mais que a possibilidade de acontecimentos como esses seja remota, é preciso estar preparado para situações adversas, incluindo o preparo do cuidador para decisões emergenciais antes do contato efetivo com os familiares. Dependendo do grau de dependência e da disponibilidade de membros da família, é preciso contratar mais de um cuidador, chegando a três, considerando três turnos de oito horas cada.
Além dos custos trabalhistas, há outras despesas indiretas mas que podem ser significativas, pelo consumo de produtos de higiene, água e luz, além de alimentação e outras mais. Além disso, há as folgas para descanso e a eventualidade de problemas pessoais, o que determina a escalação de outro cuidador. Para tanto, empresas especializadas no fornecimento desse tipo de serviço podem oferecer mais praticidade para casos assim.
Fazendo as contas com esses custos e considerando ainda o comprometimento da privacidade, quando algumas vezes é impossível evitar o movimento de pessoas estranhas em toda a residência, muitas famílias chegam à conclusão de que uma moradia especializada acaba por custar o mesmo e oferece mais segurança e conforto, incluindo alimentação balanceada, que não compromete a rotina da família ou exige mais utensílios para cardápios diferentes.
Ao pensarmos que os custos financeiros são importantes mas que o desgaste da constante preocupação também significa custo em qualidade de vida, podemos concluir que o carinho e respeito que temos com nossos familiares idosos não diminui quando decidimos pela alternativa de residências especializadas. A qualidade do encontro pode aumentar, incluindo a facilitação de acesso para outros familiares que, assim, ainda teriam tranquilidade e liberdade para visitas em momentos mais adequados.
* Maria Luisa Trindade Bestetti é arquiteta e pesquisa sobre as alternativas de moradia para idosos no Brasil, especialmente sobre a habitação mas, também, o bairro e a cidade que a envolvem. Blog Acesse Aqui