Portugal cria rede nacional de Museus para a Inclusão na Demência

Portugal cria rede nacional de Museus para a Inclusão na Demência

A arte proporciona resultados cognitivos, emocionais e sociais. A rede recomenda que a arte seja utilizada no autocuidado e/ou na prestação de cuidados.


Você conhece algum museu concebido especificamente para as pessoas com demência e seus cuidadores? Provavelmente não, a não ser o projeto Faça Memórias aqui no Brasil. Saiba que acaba de ser criada em Portugal uma rede nacional de museus para a inclusão na Demência (MID), no sentido de desenvolver e partilhar boas práticas, capacitar as equipas das instituições culturais e consciencializar a comunidade para o tema das demências, cada vez mais relevante do ponto de vista social e da saúde pública.

A rede MID tem como objetivos gerais contribuir para aumentar a autonomia, o bem-estar, a dignidade, a participação social e cultural, assim como a qualidade de vida das Pessoas com Demência e dos seus Cuidadores; consciencializar as equipas das instituições culturais para a necessidade de criar respostas específicas para as Pessoas com Demência e seus Cuidadores e capacitar as equipas como verdadeiros agentes de mudança, tendo em vista contribuir para uma sociedade mais inclusiva, diminuindo o estigma associado à Demência.

Portugal é um dos 4 países da OCDE com maior prevalência de Demência, existindo cerca de 200.000 pessoas com demência atualmente no País. De acordo com projeções publicadas pela Alzheimer Europe, estima-se que em 2050 o número de casos de demência aumente até perto das 350.000. Trata-se de uma população particularmente vulnerável e em que se verifica um elevado risco de isolamento, exclusão social e estigma.

Foto de jean-pierre/pexels

As pessoas com demência, numa fase inicial a moderada, encontram um vazio de respostas que vão ao encontro das suas necessidades e preferências. Por outro lado, as poucas respostas que existem focam-se sobretudo em resultados terapêuticos e na compensação das perdas. Falta implementar de forma sistemática respostas que estimulem as capacidades intelectuais e criativas, que proporcionem a oportunidade de se expressarem e que promovam a qualidade de vida, o envolvimento social e a manutenção da dignidade e de um significado.

Por outro lado, os cuidadores das pessoas com demência também podem apresentar sobrecarga e exaustão emocional associada aos cuidados que prestam. A Interdem – rede europeia de investigação na área das demências – destacou a importância da adoção de intervenções baseadas na arte para atender às necessidades psicossociais das Pessoas com Demência, promovendo a dignidade, autonomia, reciprocidade, diminuição do estigma e inclusão social.

Diversos estudos salientam o benefício que a arte proporciona, incluindo resultados cognitivos, emocionais e sociais, recomendando ainda que o recurso à arte seja profusamente utilizado no autocuidado e/ou na prestação de cuidados. No âmbito internacional, programas de intervenção através da arte com pessoas com demência e seus cuidadores são amplamente utilizados, como, por exemplo, o “Meet Me at MoMa”, de Nova Iorque, EUA.

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Foto de shonejai/pexels

Composição da rede

São doze as entidades que constituem os membros fundadores da rede informal – Museus para a Inclusão na Demência (MID): Acesso Cultura, Alzheimer Portugal, Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, Museu Calouste Gulbenkian, Museu da Ciência da Universidade de Coimbra, Museu de Lisboa – EGEAC (Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural), Museu Municipal de Pombal, Museu Nacional Grão Vasco – DGPC (Direção – Geral do Património Cultural), Museu Nacional de Machado de Castro – DGPC e Museu Tesouro da Misericórdia de Viseu – SCMV (Santa Casa da Misericórdia de Viseu).

Saiba mais
Conheça o documento fundador da Rede MID aqui
Rede MID: E-mail: [email protected].

Foto destaque de darya-sannikova/pexels

https://edicoes.portaldoenvelhecimento.com.br/novo/cursos/cuidador-ilpi/
Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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