O filme ‘A hora do orvalho’ é um encontro, não em qualquer lugar, mas em uma casa de repouso, entre finitude e vida.
O filme “A Hora do Orvalho” estreia hoje no Brasil. Começa contando a história de Carlo, um jovem mimado e indisciplinado, que, bêbado, causa um grave acidente de carro e é condenado a cumprir um ano de trabalho social em uma casa de repouso chamada Villa Bianca. Junto com ele está Manuel, um outro jovem traficante pego em flagrante. Luisa, uma enfermeira que trabalha há anos na casa de repouso, conduz os dois a um mundo onde a partilha, o conforto e a aceitação, mudarão para sempre o olhar dos jovens sobre a vida, a velhice e o envelhecimento.
Trata-se de um drama que traz uma crítica social, abordando questões como a alienação na sociedade moderna e a busca por significado em um mundo muitas vezes superficial. O filme também traz a questão do politicamente correto quando logo de cara coloca para Carlo e Manuel que as pessoas que habitam o local devem ser chamadas de hóspedes e não de velhas.
A espontaneidade de Manuel, especialmente na cena de um dia de neve, às vésperas do Natal, e o papel de observador e de diálogo de Carlo com Dino, atravessam o longa-metragem, fazendo com que o espectador repense sobre seu futuro, assim como uma casa de repouso deveria ser, um espaço para se viver, levando em conta que a vida, por si só, já é um risco. Assim como as críticas ferozes que Dino, um dos “hóspedes”, faz o tempo todo. Dino nos faz lembrar da carta de despedida deixada pelo escritor e compositor Antonio Cicero.
CONFIRA TAMBÉM:
Dino, assim como Cicero, reacende um debate profundamente humano e cada vez mais presente: a escolha pela dignidade do fim da vida. Ou seja, a busca pelo direito de decidir, ele próprio, e não os outros, o cuidado e o fim de sua jornada. Quando a sociedade brasileira fará esse debate?
A “A Hora do Orvalho” é dirigido pelo italiano Marco Risi Nasci, filho do renomado cineasta Dino Risi, considerado o pai da comédia italiana, com quem já colaborou em roteiros, sendo responsável por filmes como “Aquele Que Sabe Viver” e “Os Monstros”.
Em entrevista à imprensa nacional, o diretor revela que o filme aborda sua relação com o pai . Aliás, ele diz que o filme é resultado de um livro que ele mesmo escreveu sobre a relação que teve com o seu pai, intitulado “Forte respiro rápido”. Título dado a partir das últimas palavras que seu pai havia escrito em seu diário antes de morrer: ‘Forte. Respiro. Rápido.’ Sensação que ele tinha nos dias que antecederam a sua morte”. De fato, a relação entre pais e filhos está presente fortemente na figura de três grandes personagens.
Ne mesma entrevista, Marco Risi Nasci narra que “Após escrever esse livro sobre a sua morte, em 2008, eu entendi que, finalmente, eu poderia fazer o filme que queria — uma história entre duas gerações muito distantes: os velhos e os jovens. Sobretudo, sobre um velho, que se chama Dino; e um jovem, que se chama Carlo”.
De fato, o filme é um encontro, não em qualquer lugar, mas em uma casa de repouso, entre pai e filho, juventude e envelhecimento. Encontro com a velhice. Encontro com a Finitude. Encontro com a vida!
Daí o título do filme, como o diretor explicou em entrevista: “O ponto de orvalho é quando o vapor de água entra em contato com o frio e se transforma. Neste caso, serve como metáfora para o encontro entre duas temperaturas totalmente diferentes: o quente e o frio. No início, os velhos representam o calor, os jovens representam o frio. Gradativamente, essas duas temperaturas vão se fundindo, até que, em uma cena mágica na neve, em que jovens e velhos brincam como crianças, essas duas temperaturas se encontram”.
Não perca!
Confira o trailer abaixo:
Datas e Locais das Sessões:
São Paulo
Reserva Cultural
28 novembro a 4 dezembro
Horários: 13h50 – 16h10 – 18h30
Brasília
Pré-estreia – sábado (30/11) – Cine Cultura Liberty Mall
Horário: 16:10
Rio de Janeiro
Estação NET Rio
28 novembro a 4 dezembro
Horário: 15h55, 21h05 – Terça e Quarta não tem 21h05
Fotos: Divulgação