O processo de envelhecimento é acompanhado por mudanças psicológicas e sociais, as quais resultam na dificuldade das pessoas idosas se adaptarem a novos papéis sociais, inclusive potencializando o declínio cognitivo.
Carlos Henrique Rodrigues Castro (*)
Como já explorado o processo de envelhecimento é caracterizado pelas modificações biológicas e psicológicas acontecidas com todos os humanos, que limitam a condições de vida do indivíduo. Desta forma o entendimento sobre o envelhecimento no aspecto psicossocial é de suma importância para podermos entender este complexo processo.
O idoso não sofre apenas com as percas das capacidades funcionais biológica e fisicamente falando, a velhice vem acompanhada de mudanças psicológicas e sociais as quais resultam na dificuldade de as pessoas idosas se adaptarem a novos papéis sociais que levam a baixa-estima, isolamento social, solidão e depressão, inclusive potencializando o declínio cognitivo destes indivíduos.
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O estado psicológico das pessoas idosas está diretamente influenciado pelo domínio motor. Desta forma, com a redução da força muscular proporcionada pelo envelhecimento e a inaptidão da realização de atividade doméstica, as interações sociais e psicológicas destas pessoas ficam prejudicadas significativamente.
Neste sentido é possível relacionar a diminuição das funções cognitivas do envelhecimento, com desuso aliado ao isolamento social e às mudanças psicológicas providas pelo envelhecimento, podendo ocasionar doenças emocionais, como a depressão.
O envelhecimento social é responsável pela alteração do status da pessoa idosa, alterando a relação destes indivíduos com as demais pessoas de sua comunidade, sendo estas alterações relacionadas com a crise de identidade (ausência do papel social, causando baixa estima).
Outras alterações destacam-se: as mudanças de papéis (deixa de ser provedor de sua família, sendo obrigado a aceitar novas missões), aposentadoria (afastamento das atividades funcionais), perdas diversas (perdas financeiras, perda de poder de decisão, perdas afetivas com a morte de amigos e familiares) e diminuição dos contatos sociais (ocasionada em virtude das outras alterações).
Vários estudiosos procuraram compilar em uma teoria as alterações psicossociais do envelhecimento, até que Vern Bengtson reuniu, organizou e classificou as teorias psicossociais em três gerações, a primeira com foco no indivíduo, a segunda e a terceira estão mais direcionadas às estruturas macrossociais, como as políticas públicas. Abordaremos as duas principais teorias psicossociais do envelhecimento: a teoria do desengajamento social e a teoria da atividade.
A teoria do desengajamento social foi elaborada por Cumming e Henry e preconiza que o idoso tem que se preparar para a morte, ou seja, enquanto o indivíduo envelhece se afasta do relacionamento com a sociedade ao seu redor, abandonando seus relacionamentos sociais, emprego, igreja, amigos e famílias, de forma gradual.
Nesta teoria o idoso deveria aceitar seu novo papel social sem compromisso ou responsabilidade e que o envelhecimento seria um episódio acompanhado por vários fatores como psicológicos, sociais e econômicos.
A teoria da atividade foi formulada por Havighurst. Ela sugere o inverso da teoria do desengajamento social, sendo assim, conforme o indivíduo de meia idade vai envelhecendo, há uma necessidade de aumentar a interação com outras pessoas para se manter ativo, por intermédio de programas de atividades física, lazer e atividades sociais.
Surge então o termo envelhecimento bem-sucedido, que seria aquele que a pessoa idosa se manteria ativa suportando as forças que dificultam a socialização. Neste sentido, a teoria da atividade preconiza que deverá ser encontrado substitutos para os papéis sociais perdidos.
Nas teorias do envelhecimento psicossocial o envelhecimento bem-sucedido não é um sinônimo de afastamento de doenças, e sim de satisfação de vida, atuação social. Estas teorias incluem o contentamento com o passado e o presente, a felicidade, a interação social e a convivência na sociedade.
Desta forma, as teorias psicossociais conceituam o envelhecimento como um processo dinâmico, que reflete o resultado do desenvolvimento individual ao longo da vida e a faculdade para crescimento e o processo de aprender, utilizando as experiências passadas para assim conseguir vivenciar o ambiente do presente.
(*) Carlos Henrique Rodrigues Castro – Médico (Estágio Geriatria- OSID), Mestrando em Psicogerontologia / Faculdae Educatie E-mail:[email protected].
Foto destaque de Vlada Karpovich/pexels.
