O desafio de entender o seu próprio envelhecimento através da fala de especialistas

Com o tema “As várias faces do cuidar”, Sonia Fuentes, psicóloga de formação, foi buscar respostas para seus próprios anseios no mestrado em Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Como se cuidam aqueles que teorizam sobre o envelhecimento?

Maria Lígia Pagenotto *

 

Entrevista Sonia FuentesEsta foi a pergunta norteadora de sua pesquisa, pois o cuidado com a saúde sempre foi uma preocupação presente na vida de Sônia, uma pessoa que se reinventa a cada dia. Hoje ela é corredora amadora e adepta contumaz de exercícios físicos e alimentação saudável. Seu interesse estava voltado a ampliar esse universo.

De olho nessa proposta, Sônia, paulistana com especialização na Unifesp e com diversos outros cursos realizados no exterior, sentiu que era hora de fazer um mestrado na área da Gerontologia.Ela nos fala um pouco aqui sobre o que representou esse tempo que passou na PUC-SP. A defesa de sua dissertação, orientada pela professora doutora Elisabeth Mercadante, aconteceu em fevereiro de 2011.

Por que decidiu fazer mestrado em Gerontologia na PUC-SP?
Eu tinha uma curiosidade pessoal de entender o meu próprio envelhecimento e também o do outro. Trabalho em consultório e, como psicóloga, lido com projetos de vida. O envelhecimento está dentro deste contexto – hoje, com o aumento da longevidade, esta questão é cada vez mais presente na sociedade como um todo e entre os meus pacientes também.

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Como se decidiu pelo seu tema de pesquisa?
Meu tema foi sendo lapidado aos poucos durante o curso. Como proposta principal, busquei entender e conhecer as várias formas do cuidar de si. Meu encontro com o filósofo Michel Foucault, nas aulas do mestrado, foi fundamental para o desenvolvimento do meu tema, sempre com apoio da minha orientadora. A leitura de Foucault ampliou minha visão sobre o cuidado para além da questão da saúde. Levei em conta também outros aspectos, como a subjetividade, as escolhas pessoais, a liberdade individual.

Que desdobramentos este estudo teve na prática?
Foi uma oportunidade ótima que me dei de conhecer mais a fundo o pensamento de dez profissionais que lidam com o envelhecimento. São pessoas que admiro, então acredito que o estudo cumpriu com minha proposta original, de me aprofundar neste conhecimento a respeito dos cuidados que devemos ter para uma vida longa e feliz. Fazer o mestrado também foi uma maneira importante de adentrar no mundo acadêmico. Pretendo fazer um doutorado e acho que esta experiência colaborou muito para isso, amadureci, cresci pessoalmente e profissionalmente também, na relação com meus pacientes.

Quais as principais dificuldades encontradas durante o mestrado? Como conseguiu superá-las?
As dificuldades ficaram muito por conta do receio da escrita acadêmica. Também, por eu não ser mais tão jovem, cobrei muito meu desempenho. Outro desafio foi saber dividir o tempo entre o estudo, o trabalho, o lazer, a família. Para superar os principais obstáculos, decidi ir fundo mesmo, enfiar a cabeça nos estudos, me dedicar. Dessa forma acho que consegui atingir meus objetivos.

O que o curso e a elaboração da dissertação contribuíram para sua vida profissional e pessoal?
Eu me sinto mais valorizada, tanto na família quanto no consultório, diante de pacientes e colegas. Estou mais segura, posso falar do envelhecimento com mais conhecimento. Percebo que as pessoas me enxergam como uma referência na área, querem minha opinião, pedem indicações de profissionais. Meu irmão, por exemplo, que sempre foi muito crítico em relação aos médicos que o tratam, quis saber minha opinião sobre um geriatra. Esse reconhecimento para mim é um diferencial marcante.

A partir do mestrado, quais são seus próximos passos na vida acadêmica? E na profissional?
Estou formatando um projeto de doutorado, quero dar prosseguimento ao estudo. Mas não tenho compromisso com ninguém a não ser comigo mesma. Quero fundamentalmente algo que me dê prazer, algo que me instigue a pesquisa, que me apaixone. Não estou só em busca do título, quero fazer diferença na minha vida pessoal acima de tudo.

O que diria para quem está começando a fazer o mestrado na área?
Eu acho que o principal é ler muito sobre o envelhecimento em geral e sobre sua área de pesquisa especificamente. Tem de se enfiar na biblioteca e lá passar horas, olhando teses, dissertações, livros, fazendo anotações, perguntando, questionando. Uma outra forma de aprender é participar de grupos de estudos e buscar temas que tenham a ver com seu interesse pessoal, pois assim a pesquisa flui de forma mais saborosa. Também recomendo participar de tudo, aulas, congressos, palestras, encontros. A troca de experiências nessas situações é sempre muito rica e só agrega ao conhecimento.

* Maria Lígia Pagenotto é jornalista e mestre em Gerontologia pela PUC-SP. É membro associado do OLHE – Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento e integra a Equipe Portal. E-mail: [email protected]. Foto: Arquivo Portal

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