Moradia compartilhada é uma solução para jovens e idosos?

Moradia compartilhada é uma solução para jovens e idosos?

Jovens e idosos em uma moradia compartilhada pode ser vantajoso para ambos.


Muito se fala sobre as dificuldades de os estudantes universitários encontrarem moradia a preço reduzido para suportar o tempo de frequência em cursos de graduação ou pós-graduação. Geralmente é preferível a composição de repúblicas, o que já exige um certo grau de tolerância para que a convivência se mantenha harmônica. Por outro lado, há pessoas idosas que permanecem nas suas residências com dormitórios disponíveis, o que pode representar um desperdício.

Então, aproximar esses atores sociais num contexto intergeracional pode ser ganha-ganha para ambos e, mais do que uma vantagem financeira, há os valores que são acrescentados pelas experiências vividas conjuntamente. O jornalista Frankie Adkins apresenta prós e contras dessas experiências: 

Nos últimos anos, projetos incentivando gerações diferentes a dividir residência surgiram em todo o mundo, incluindo em universidades, como no Canadá, na Califórnia (EUA) e na Holanda.

Apesar de a ideia parecer perfeita, nem sempre são flores. Os limites do que seria combinado nem sempre são respeitados e é possível que excessos tornem a convivência insuportável. Havendo consciência de que para ambos a solução atende necessidades e é vantajosa, a possibilidade de sucesso torna-se mais evidente.

Teoricamente, a moradia multigeracional é uma solução inteligente para dois importantes problemas modernos: a falta de moradia acessível para os jovens e o aumento da solidão entre as pessoas mais idosas.

Muitos moradores idosos passam a morar sós quando os filhos saem de casa ou por viuvez, o que pode levar a sintomas de depressão e sensação de inutilidade. A presença de jovens que podem atender algumas demandas compartilhadas traz um movimento em favor de mais atividade e informação, oferecendo oportunidades de engajamento. Se houver boas relações e, principalmente, preservação da privacidade, não haveria o que temer.

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Aparentemente, muitos gostaram da ideia na teoria, mas não consideraram uma opção viável para eles próprios. (…) Uma exceção são os jovens que trabalham voluntariamente com idosos. Os dados indicam que estas pessoas podem estar mais abertas a também morar com eles.

A coabitação poderia acontecer também em moradias institucionais para idosos, considerando a troca baseada no tempo de dedicação e na contribuição que os estudantes poderiam oferecer nas atividades da casa. Mas no Brasil não há essa prática e poderia ser adotada, trazendo melhores condições de moradia para todos.

Para os que vivem sós, o grande empecilho é a segurança e o temor de que haveria uma facilitação para a entrada de pessoas indesejadas. Tudo poderia ser resolvido se houvesse uma gestão que fizesse a seleção previamente, esclarecendo histórias e oferecendo candidatos com afinidades interessantes para todos.

Enfim, é preciso evoluir em soluções desejáveis e sustentáveis, a moradia multigeracional poderia ser uma delas.

Foto de Yan Krukau/pexels.


curso antroposofia

Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: [email protected]

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