Matture, uma proposta para envelhecer no lugar

Como avançar com o envelhecimento ativo? O envelhecer no lugar é uma das formas mais indicadas de preservar a rede social das pessoas idosas.


Mesmo em diferentes contextos, a maioria das pessoas idosas prefere envelhecer no lugar onde vivem, e onde estão suas principais referências de vida, assinala António Fonseca, psicólogo e professor do Centro de Investigação para o Desenvolvimento Humano (CEDH), Faculdade de Educação e Psicologia da Universidade Católica Portuguesa. De acordo com ele, envelhecer no lugar “constitui uma vantagem tanto para a manutenção da independência e autonomia, como para o desempenho de papéis sociais nos locais onde se vive”, permitindo ainda manter a identidade, senso de controle, suporte social, sentimentos de pertencimento, apego, segurança, familiaridade e conexão social.

O envelhecer no lugar, assinalado por diversos estudiosos do envelhecimento como aging in place[1], é uma das formas mais apontadas de preservar a rede social das pessoas idosas, fazendo com que permaneçam em seu ambiente residencial e vizinhança pelo maior tempo possível. No entanto, Nascimento (2019), ao fazer um panorama da produção científica acerca das relações sociais na velhice e o meio urbano, com destaque para o aging in place, destaca que, “apesar de ser o desejo de muitos na velhice, envelhecer no lugar não será possível para todos os indivíduos, já que muitos necessitarão de cuidados específicos que não poderão ser fornecidos no ambiente residencial ou do bairro”.

Por isso Fonseca assinala que o direito a envelhecer em casa/apartamento representa um desafio acrescido no âmbito das políticas de envelhecimento, atendendo à diversidade das necessidades individuais.

Envelhecimento do envelhecimento

O Portal vem destacando de alguns tempos para cá a velocidade com que ocorre o envelhecimento populacional no país. Nosso colaborador, José Eustáquio Diniz Alves, na matéria publicada no dia 30/08, O envelhecimento do envelhecimento no Brasil e no mundo, assinala que os novos números das projeções populacionais da Divisão de População da ONU indicam que o número e a proporção de idosos vai aumentar no Brasil e no mundo, mas haverá também um envelhecimento do envelhecimento, isto é, as faixas etárias mais “jovens” da população idosa vão crescer em ritmo mais lento do que as faixas etárias mais “velhas”. Ou seja, as faixas acima de 70 anos crescem mais rápido do que as duas faixas compreendidas entre 60 e 69 anos.

Sabemos que grande parte, senão a maioria, das pessoas que envelhecem, apesar de diversas doenças que vão se instalando nelas ao longo da existência, não as impedem de ter uma vida ativa e participativa. Elas vão administrando o colesterol, diabetes, hipertensão, artrite… e vão tocando suas vidas e adaptando seus espaços para uma velhice mais saudável.

Ante os dados colocados por Alves e o que ele aponta como principal tarefa das próximas décadas que será avançar com o envelhecimento saudável e ativo, pergunta-se: onde essa população preferirá envelhecer – em casa/apartamento ou numa instituição?

Pesquisa Matture

Na tentativa de responder a essa questão, tivemos acesso a uma pesquisa realizada pela PlazzaCorp e Matushita, com pessoas entre 75 e 42 anos, que já investiram em apartamentos no empreendimento em construção (parceria da PlazzaCorp e Matushita) – que persegue o conceito aging in place, termo que quer dizer “envelhecer onde se vive e em comunidade com segurança, independência e conforto, independentemente da idade”, do qual já falamos aqui no Portal do Envelhecimento. O aging in place tornou-se um princípio central do paradigma de envelhecimento ativo e saudável preconizado pela Organização Mundial de Saúde.

Julio Matushita, fundador da Matushita Engenharia e Construções, destaca os serviços diferenciados que o empreendimento Matture Home Life oferecerá, focando o fortalecimento das relações humanas. A pesquisa realizada procura “escutar” as pessoas acerca das suas expectativas e preferências, uma medida promotora de aging in place.

Uma das primeiras questões da pesquisa trata justamente sobre os motivos que os levaram a comprar imóvel no Matture. Entre eles, citamos: para uso dos meus sogros, compramos em sociedade com eles, sendo 50% de cada casal; pelo conceito novo de moradia para pessoas idosas; para investir em imóvel próximo à estação de metrô; e para viver e envelhecer numa moradia que tenha segurança, adaptada e com qualidade.

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Para a pergunta “O que o(a) fez de fato concretizar a compra? as respostas dadas aos que compraram para sua futura residência a fim de morar com seu cônjuge, foram: necessidade de ter um lugar seguro, bem localizado e que atende necessidades diárias de uma pessoa idosa; confiança na construtora, o projeto como um todo. Já quem adquiriu o móvel para familiares, a resposta foi: A segurança e conforto que esse empreendimento poderá proporcionar a eles e a facilidade que será tê-los bem amparados.

Assistência aos moradores no que diz respeito a compras, locomoção e auxílio em necessidade de atendimento médico emergencial; conforto, espaço e privacidade; qualidade dos materiais empregados e segurança contra ladrões, foram as respostas dadas quando questionados sobre o que esperam que esse residencial de fato ofereça, levando em conta as suas necessidades de hoje e as que imagina ter no futuro.

Em relação a questão “Quais atividades/ ações/ programas gostaria que o empreendimento Matture oferecesse, a fim de um melhor envelhecer nesse local?, as respostas foram: Atividades de grupo para exercício, encontros sociais, saídas culturais; assistência imediata no atendimento em caso de acidente, doença e facilidade no manuseio de equipamentos do edifício; restaurante que ofereça desde café da manhã ao jantar (comida caseira com qualidade e variedade); atividades físicas sob orientação de fisioterapeuta; organização de passeios em vans seja para museus, teatro, cinema e parques; aulas de ginástica, yoga, culinária, artesanato, biblioteca, filmes, eventos entre os moradores.

Observa-se, pelas respostas de quem já investiu no empreendimento Matture, a maioria moradores da zona sul de São Paulo, mesma região do empreendimento, que o envelhecer no lugar aparece como uma “opção natural, dadas as vantagens de inclusão social e de recompensa emocional que traz associadas”, como muito bem aponta António Fonseca. Para ele, envelhecer onde estão nossas principais referências dão um sentido para a vida.

Notas
[1]Entre alguns autores, destacamos FONSECA (2019); BENEFIELD, L. E.; HOLTZCLAW, B. J. (2014); IECOVICH, E. (2014); JIANG, N.; LOU, V. W. Q.; LU, N. (2018); LEHNING, A. J.; SMITH, R. J.; DUNKLE, R. (2015); VANLEERBERGHE, P. et al. (2017) e WILES, J. L. et al. (2012).

Referências
BENEFIELD, L. E.; HOLTZCLAW, B. J. Aging in place: merging desire with reality. Nurs Clin North Am, v. 49, n. 2, p. 123-31, Jun 2014.
IECOVICH, E. Aging in place: From theory to practice. Anthropological Notebooks, v. 20, n. 1, p. 21-33, 2014.
FONSECA, A. “Qual é o melhor lugar para envelhecer?”. Disponível em: https://fep.porto.ucp.pt/pt-pt/imprensa/antonio-fonseca-qual-e-o-melhor-lugar-para-envelhecer-42461
JIANG, N.; LOU, V. W. Q.; LU, N. Does social capital influence preferences for aging in place? Evidence from urban China. Aging & Mental Health, v. 22, n. 3, p. 405-411, 2018.
LEHNING, A. J.; SMITH, R. J.; DUNKLE, R. E. Do age-friendly characteristics influence the expectation to age in place? A comparison of low-income and higher income detroit elders. Journal of Applied Gerontology, v. 34, n. 2, p. 158-180, 2015.
NASCIMENTO, M. A. S. Do velho para o novo: percepções de idosos sobre o processo de  studentification, as mudanças sócio-físicas do bairro e o aging in place.  Dissertação (Mestrado em Ciências) – Programa de Pós- Graduação em Gerontologia, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2019.
VANLEERBERGHE, P. et al. The quality of life of older people aging in place: A literature review. Quality of Life Research, v. 26, n. 11, p. 2899-2907, 2017.
WILES, J. L. et al. The meaning of “aging in place” to older people. The Gerontologist, v. 52, n. 3, p. 357-366, 2012.

Serviço

Rua Ararê, nº 138 – Chácara Inglesa – São Paulo (metrô Praça da Árvore, região Vila Mariana)

Foto destaque de karolina-grabowska/Pexels


Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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