França acaba de lançar o comitê estratégico para lutar contra o isolamento de idosos, incentivar a cidadania, informar o público e combater o preconceito de idade.
Para melhor combater o fenômeno do isolamento que atinge muitos idosos franceses, incluindo 300.000 em situação de morte social, de acordo com o Barômetro da Petits Frères des Pauvres de 2017 (estudo CSA Research), a Ministra Delegada Responsável pela Autonomia, Brigitte Bourguignon lançou o comitê estratégico de luta contra o isolamento de idosos (15/02/2021). Esta comissão reúne associações, os eleitos locais, fundos de pensões, agentes da habitação, administrações e agentes da economia social e solidária.
Repensando a sociedade para evitar o isolamento de idosos
As primeiras linhas de trabalho desta comissão já foram anunciadas pela Ministra: incentivar a cidadania, informar o público em geral e combater o preconceito de idade, em particular com a implantação de 10.000 jovens no serviço cívico.
Será também uma questão de trabalhar na prevenção do isolamento com cuidadores, comerciantes locais, atores sociais…
A questão do isolamento nos territórios, que foi objeto do relatório da Petits Frères des Pauvres em 2019 (CSA Research), também será estudada: os eleitos locais, os municípios e seus CCASs (Centro Comunitário de Ação Social) têm um papel a desempenhar na luta contra o isolamento dos idosos. As associações, graças à sua presença no terreno, serão particularmente úteis nesta questão.
Por fim, será feito uma espécie de inventário das várias ferramentas e dispositivos que existem para melhor combater a solidão.
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Anúncios encorajadores para combater o isolamento
Para a Petits Frères des Pauvres, essas ambições são promissoras porque refletem as recomendações feitas há muito tempo. O fato de Brigitte Bourguignon ter decidido fazer de 1º de outubro, Dia Internacional do Idoso, um dia de mobilização cidadã, fortalece a Associação, que vem fazendo isso há 10 anos.
Para Yann Lasnier, delegado geral da Petits Frères des Pauvres, “devemos antes de mais nada promover, apoiar e acompanhar aqueles que lutam contra o crescente isolamento dos idosos. O Estado deve estar presente para nos ajudar a desenvolver os ecossistemas locais, em particular mobilizando as autoridades locais. Estamos satisfeitos, mas cuidadosos para que estes anúncios encorajadores não mascarem o adiamento indefinido da Lei da Velhice e da Autonomia, essencial para permitir encarar desafios do envelhecimento frente às necessidades dos idosos”.
A Associação
Desde 1946, a associação Petits Frères des Pauvres luta contra o isolamento e a solidão dos idosos, principalmente dos mais necessitados. Através de suas ações, elos recriados permitem que os idosos assistidos recuperem o gosto pela vida e por fazer parte do mundo que os rodeia, de simplesmente viver.
Suas ações são guiadas por três missões sociais, são elas: acompanhar, agir coletivamente e testemunhar, relatar.
O acompanhamento tem o objetivo de restabelecer a relação com o outro. Na prática, isso quer dizer acolher, visitar, organizar eventos coletivos, feriados, ajudar com bens materiais e moralmente, proteger e hospedar. Todas essas ações ajudam a levar aos idosos acompanhados pela associação o afeto de que estão tão privados, a restabelecer o vínculo, a reintegrá-los a uma rede social que os sustente.
O agir coletivamente vem da pluralidade de voluntários e colaboradores que fazem parte dessas ações. Mobilizar o compromisso dos cidadãos e apoiá-los nessas intervenções é grande parte da associação. Os voluntários são recebidos, integrados, apoiados e treinados para que compartilhem experiências enriquecedoras com os idosos acompanhados.
E a divulgação dessas atividades contribui para a sensibilização da população a favor das pessoas vulneráveis e de uma sociedade mais fraterna.
Mas o que a associação faz exatamente?
A Petits Frères des Pauvres presta apoio a longo prazo às pessoas em situação de isolamento e insegurança, nas cidades e mesmo em áreas rurais remotas, no seu local de residência.
Os locais de intervenção são: em domicílio, em alojamentos coletivos, em hospitais, em prisões, em lares para idosos migrantes e na rua.
Em 2019, graças aos 13.672 voluntários, 36.524 idosos isolados receberam visitas em domicílio.
Combater a solidão e a exclusão dos idosos significa também dar respostas aos múltiplos agravantes do isolamento: vulnerabilidades ligadas à saúde, habitação e recursos financeiros.
Para combater o isolamento, é disponibilizada a Solitud’écoute: linha de apoio telefônico para pessoas com mais de 50 anos que sofrem de solidão, isolamento ou mal-estar. Este número gratuito, anônimo e confidencial está aberto todos os dias (incluindo fins de semana e feriados) das 15h00 às 20h00 para todo o território da França.
A organização também organiza diversos eventos para estabelecer uma rede social durante todo o ano e também garante um direito que acredita ser essencial para todos: férias. Estima-se que, na França, 4,4 milhões de idosos não vão de férias. Parece que vários fatores se acumulam e os impedem de partir (falta de recursos, falta de ofertas adequadas para recebê-los, isolamento e solidão…). Porém, para a associação, as férias são um direito e por isso, durante todo o ano, ela organiza férias para idosos solitários.
Já a ajuda com bens materiais consiste na distribuição de dinheiro diretamente ou de alimentos aos idosos mais pobres. Em 2019, foram distribuídas mais de 6 toneladas de alimentos (cestas básicas, entrega de refeições em casa, etc.) por diversas equipes da associação.
E como verdadeiros denunciantes, eles fazem com que seja levada em consideração as vozes dos mais vulneráveis, sensibilizam e intervêm junto dos decisores públicos para incentivar a mobilização dos cidadãos contra o isolamento dos idosos.
Com a sua voz, a associação encoraja a sociedade a mudar o seu olhar sobre a velhice, dão testemunho das situações inaceitáveis vividas pelos idosos mais vulneráveis e alertam as autoridades públicas para a necessidade de agir no combate ao isolamento dos idosos na França.
