A compreensão sobre o assim chamado preconceito etário, passa por um exame do comportamento de jovens e velhos nos últimos séculos. Na Idade Média não havia uma noção de gerações e tampouco das etapas do ciclo vital – crianças e adultos misturavam-se no ambiente do trabalho e nas festas da comunidade. Estas questões serão abordadas em curso do Palas Athena.
José Carlos Ferrigno (*)
No mundo contemporâneo chama atenção um certo distanciamento físico e afetivo entre as gerações. Na correria do dia-a-dia pouco tempo sobra para a conversa entre pais e filhos ou entre avós e netos. Vivemos um momento histórico no qual imperam valores que conduzem à competição, ao individualismo e ao consumismo. Como consequência desse modo de vida, perde-se a riqueza das trocas de experiência entre velhos e moços na família, na escola, na empresa e nos demais espaços sociais. Por isso, de alguns anos para cá, os programas intergeracionais têm se multiplicado em inúmeros países, incluindo o Brasil, buscando fomentar a coeducação e a solidariedade entre pessoas de diferentes idades.
A compreensão sobre o assim chamado preconceito etário, passa por um exame do comportamento de jovens e velhos nos últimos séculos. Por exemplo, segundo o historiador Philippe Ariès, durante a Idade Média não havia uma noção clara de infância e tampouco das etapas do ciclo vital – crianças e adultos misturavam-se no ambiente do trabalho e nas festas da comunidade.
Foi somente na Era Moderna que novos padrões de relacionamento entre as gerações foram construídos. Até a própria noção de geração foi construída, pois até então não havia segregação geracional. Assim, foi só no período moderno que as gerações começaram a ser estudadas, começando pela infância e, como consequência da preocupação em dela cuidar, incentiva-se a escolarização. A adolescência só passou a ganhar visibilidade na segunda metade do século XIX. E a velhice, no século XX, com o desenvolvimento da Gerontologia.
Mais recentemente, outro período da vida é problematizado, tornando-se alvo de estudos e intervenções: a meia-idade, longo período situado entre os 40 e os 60 anos, transição para a velhice, marcada culturalmente por uma suposta crise de identidade, tal qual tenderia a ocorrer em outro período transicional: a adolescência.
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Tais considerações históricas nos chamam a atenção para a transitoriedade das formas de interação entre os grupos etários: elas variaram e, certamente, prosseguiram mudando no mesmo compasso das demais relações sociais.
Essa temática será tratada no curso que ministrarei na Palas Athena, de 4 a 25 de setembro de 2019, quarta-feira, das 19h30 às 21h30. Afinal, a pergunta que nos resta é: o que significa ser criança, adolescente ou idoso?
Entre o conteúdo temático a ser discutido, estão os seguintes tópicos:
• As relações sociais na sociedade contemporânea
• As relações entre gerações nas sociedades do passado.
• O comportamento das gerações na modernidade.
• O impacto do aumento da longevidade na família e na sociedade.
• As relações entre pais e filhos e entre avós e netos.
• O preconceito etário e o conflito de gerações.
• Conceito, tipologia, objetivos e métodos dos Programas Intergeracionais na Europa, Estados Unidos e América Latina.
• Experiências brasileiras e estrangeiras exitosas no campo intergeracional.
• O campo intergeracional: políticas, práticas e pesquisas.
• Programas Intergeracionais nas instituições culturais e de lazer e nas empresas públicas e privadas.
• Políticas Públicas no Brasil para a integração entre as gerações
• Planejamento, gestão e avaliação de Programas Intergeracionais.
(*)José Carlos Ferrigno – Doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo. Especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e pela Universidade de Barcelona. Especialista em Programas Intergeracionais pela Universidade de Granada. Professor dos cursos de especialização em Gerontologia do Hospital Albert Einstein. Consultor para programas de preparação para a aposentadoria e de programas intergeracionais. Autor de artigos sobre aspectos psicológicos do envelhecimento e relações intergeracionais na família e na sociedade. Autor dos livros Coeducação entre Gerações e Conflito e Cooperação entre Gerações. Ex-assessor e pesquisador da Gerência de Estudos e Programas da Terceira Idade do SESC SP, onde exerceu também os cargos de Coordenador do Programa SESC Gerações e de Editor da Revista A Terceira Idade. E-mail: [email protected]
Serviço
Curso: Como melhorar o convívio entre gerações na família, no trabalho e na sociedade
Data:de 4 a 25 de setembro de 2019, quarta-feira, das 19h30 às 21h30
Local: Palas Athena, Alameda Lorena 355, Jardim Paulista, São Paulo, SP – CEP: 01424-001
Tel: (11) 3050-6188 / 3266-6188
www.palasathena.org.br / www.comitepaz.org.br
Público alvo: Profissionais que direta ou indiretamente trabalham ou têm a intenção de trabalhar com grupos intergeracionais em projetos que envolvam atividades culturais, de lazer socioeducativo ou voluntariado. Profissionais que pretendam aperfeiçoar a qualidade dos vínculos e a produtividade entre trabalhadores jovens e maduros de empresas e instituições públicas e privadas. E pessoas, de modo geral, motivadas em qualificar suas relações com seus próprios familiares, amigos e colegas de trabalho das mais diversas idades.