Informações enganosas, as fake news, podem chegar facilmente até nós. Por isso, devemos avaliar o que recebemos e buscar conteúdos em fontes confiáveis.
Bruno Ferreira, do EducaMídia 60+
Fake news são mentiras, conteúdos 100% falsos, que foram inventadas para nos enganar e prejudicar a imagem de pessoas ou instituições. O problema é que elas têm, muitas vezes, a aparência de notícia, que é um relato confiável da realidade. A confiabilidade da notícia está na demonstração de que um fato realmente aconteceu ou na explicação, alicerçada em evidências da realidade, sobre a importância de um tema. Dessa forma, uma informação confiável apresenta o relato de testemunhas de um acontecimento, fotos ou vídeos que comprovam o que ocorreu, a análise de especialistas no assunto, dados de institutos de pesquisa ou universidades.
É muito comum também notícias divulgarem pesquisas científicas ou levantamentos estatísticos de instituições renomadas e confiáveis, sobre temas que são de interesse da maioria das pessoas, como eleições e vacinação, por exemplo.
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Além das fake news existem outros conteúdos que não são completamente mentirosos, mas que foram distorcidos para passar outra impressão dos fatos. Pessoas que têm a intenção de enganar podem manipular uma imagem real, por exemplo. Com programas de computador, hoje é muito simples inserir pessoas numa imagem, sem que elas nunca tenham estado na cena original.
Algumas falas, por exemplo, também podem ser manipuladas e editadas. Isso sem falar em notícias sérias, mas velhas, que voltam a circular nas redes sociais e provocam grande confusão, pois achamos que algo que aconteceu no passado está acontecendo hoje.
Esse tipo de conteúdo, no entanto, não pode ser chamado de fake news. Apesar da intenção de enganar que pode estar por trás da disseminação de alguns deles, essas mensagens têm uma base real que foi distorcida para passar uma outra impressão da realidade. Por isso, devem ser considerados desinformação.
A desinformação é uma denominação mais ampla para um ecossistema comunicacional repleto de conteúdos que podem confundir e enganar, mas que não são totalmente falsos. Assim, as fake news são um tipo de desinformação, o mais radical deles, uma vez que dizem respeito a conteúdos inventados para prejudicar imagens e reputações.
E o que devemos fazer para não cair nas armadilhas da desinformação e das fake news? É preciso desenvolver um novo hábito: questionar a informação. Quando uma mensagem chegar até nós, devemos parar e pensar: o que ela despertou em nós? Qual terá sido a intenção da pessoa que produziu essa informação? Será que eu encontro essa informação em outros lugares?
Questionar a informação nos leva a realizar uma leitura lateral de conteúdos da internet, isto é, a desenvolver o costume de buscar outras informações sobre o mesmo tema, tornando-nos mais ativos diante de um conteúdo.
Isso é importante porque uma leitura vertical, do começo ao fim de um conteúdo, não é suficiente para dizer se ele é confiável ou não. Com isso, podemos no máximo identificar inconsistências, passagens mal construídas, termos sensacionalistas e até mesmo erros ortográficos. Mas nada disso fala, necessariamente, sobre a confiabilidade de um conteúdo.
Para fazer a leitura lateral, segundo o protocolo de Mike Caulfield, pesquisador norte-americano sobre desinformação, é preciso realizar quatro movimentos
1 – Pause: olhe para a mensagem e pense no que você sente ao ler, assistir ou ouvir o conteúdo. Não tire conclusões precipitadas nem se contente apenas com essa informação.
2 – Investigue a fonte: procure saber se a mídia onde a informação foi publicada, o autor e as fontes citadas. Reflita se elas têm credibilidade para tratar desse assunto.
3 – Busque mais: procure em outras fontes de informação conteúdos sobre o mesmo assunto. Certamente, se a mensagem é uma informação séria, uma notícia, não vai estar só em uma mídia. Vale a pena dar uma olhada em outros lugares para confirmar se o conteúdo é confiável.
4 – Conheça o contexto: procure saber a fonte original da informação e se você precisa explorar outros conteúdos para conhecer a história ou o assunto em sua totalidade.
Além deste protocolo, o módulo 3 do programa EducaMídia 60+ aprofunda o entendimento sobre as fake news e desinformação e oferece outras metodologias para avaliar informações de uma forma crítica. Explorá-las pode ser o primeiro passo para exercer o ceticismo saudável diante de mensagens de procedência desconhecida ou duvidosa.
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