Morar em um cohousing só para mulheres pode ser estimulante, mas vai depender do desejo e das afinidades do grupo.
A primeira impressão quando se fala em equipamentos dedicados somente a mulheres ou a homens é de que há um preconceito, estabelecendo limitações que sugerem inflexibilidade. Porém, o modelo cohousing de moradia já inicia com o princípio da intenção comum e, portanto, pode haver grupos que se caracterizam por gênero. Um modelo de sucesso é o New Ground, a primeira comunidade de cohousing exclusiva para mulheres com mais de 60 anos em todo o Reino Unido.
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Muitas destas mulheres continuam a trabalhar ou a fazer voluntariado e todas estão envolvidas ativamente na comunidade. Aqui, a percepção de que todas são simplesmente “idosas” seria errônea, pois desafiam os estereótipos comuns associados à velhice.
Esse grupo de amigas que iniciou a comunidade viu que havia afinidades e, depois, outras entraram para colaborar e conviver.
O cohousing permite que as pessoas tenham casas individuais que podem ser próprias ou alugadas, com áreas comuns para convívio, aulas e jardinagem. Esta ideia surgiu num momento crucial, especialmente para os idosos. No Reino Unido, mais de 3,6 milhões de adultos com 65 anos ou mais vivem sozinhos e este número continua a crescer. O cohousing é uma resposta a esta tendência, proporcionando um sentido de comunidade e apoio.
A solidão de pessoas idosas pode ocorrer até entre familiares, especialmente quando todos têm suas atividades. No caso do cohousing, cuidar de espaços e de interesses comuns cria objetivos que vão além dos individuais, possibilitando trocas produtivas e o desenvolvimento de novas perspectivas.
Na New Ground, as mulheres cuidam de tudo, desde manutenção até jardinagem e questões jurídicas. Isto, num mundo onde as pessoas mais velhas são frequentemente infantilizadas, é uma prova da sua independência e capacidade.
O espírito comunitário é ampliado entre vizinhos, que passam a conviver com outras pessoas idosas para ampliar o círculo de amizade e afastam definitivamente o risco da solidão.
Nesta casa única, a cohousing não só beneficia os seus residentes, mas também tem um impacto positivo na comunidade local. Além de liberar casas familiares maiores que estão em falta, a New Ground oferece um sistema de “amigos de saúde”, onde cada pessoa tem amigos que os apoiam, fornecendo ajuda extra quando necessário.
Morar em um cohousing só para mulheres pode ser estimulante, mas vai depender do desejo e das afinidades do grupo. Uma comunidade intencional já começa com esse espírito, definindo o que lhes traz conforto, tranquilidade e segurança. Cotizar custos é uma vantagem, mas garantir qualidade de vida é, certamente, o melhor resultado, sejam quais forem as características do grupo.
Foto destaque de Foto de Yaroslav Shuraev/pexels
