Conheça Barbara Beskind, uma não-designer de 90 anos que se aposentou cinco vezes e que no ano passado conseguiu um emprego em uma das empresas de design mais premiadas do mundo, em Palo Alto.
Kathleen Doheny/Senior Planet *
Ela criou a primeira prática de Terapia Ocupacional independente nos EUA, lançou um negócio de substituição de abajur e escreveu vários livros. Seu conselho favorito para seus colegas mais velhos é: “Descubra o que você pode fazer para tornar a vida dos outros melhor.”
Aos 90 anos, Barbara Beskind é de longe o membro mais velho de uma equipe dinâmica trabalhando em uma empresa cujo foco é criatividade, colaboração e inovação centrados no ser humano. Atualmente estão trabalhando em projetos relacionados ao envelhecimento. Ela também é um dos mais novos designers da IDEO, uma das maiores empresas do mundo cuja sede fica em Palo Alto, na Califórnia, pertinho do Vale do Silício. Começou em julho de 2013 depois de se inscrever para fazer parte do desafio da empresa, que consistia em projetar produtos para pessoas mais velhos. Esse desafio terminou, mas o limite de Beskind não. Toda quinta-feira, ela viaja de trem, sai de sua comunidade de aposentados San Mateo, para os escritórios da IDEO. Ela costuma fazer uma longa caminhada usando um par de bastões de esqui que ela adaptou para o trabalho.
“Eu me aposentei cinco vezes, mas é como uma vacina que não tem efeito”, diz ela. Entre suas carreiras: 44 anos em Terapia Ocupacional, 20 deles no exército. Ela criou a primeira prática de Terapia Ocupacional independente nos EUA, lançou um negócio de substituição de abajur e escreveu vários livros.
O conselho favorito de Barbara Beskind para seus colegas mais velhos é: “Descubra o que você pode fazer para tornar a vida dos outros melhor.”
Senior Planet – Como você, uma não-designer de 90 anos, conseguiu um emprego em uma das empresas de design mais conhecidas do mundo?
Barbara Beskind – Eu estava assistindo o programa 60 minutos em janeiro de 2013, quando vi uma entrevista com David Kelley, fundador da IDEO, falando sobre o desafio Design On Aging (Design no envelhecimento). Escrevi o meu currículo, reescrevi e reescrevi durante dois meses, e resolvi enviar. Um amigo disse: ‘Você não vai saber durante um mês ou seis semanas’. Uma semana depois, eu recebi uma ligação. Eles perguntaram: ‘ Você pode vir para uma entrevista?’ Eu cheguei lá, e na sala havia 35 engenheiros e designers. Na minha vez, levantei-me para falar e acabei falando por 20 minutos, respondi várias perguntas. Eles disseram: ‘Que dia gostaria de vir?’
Não tive tempo de entregar minha invenção para o desafio do envelhecimento, mas eles me pediram para ser um dos juízes. Agora eu trabalho com eles em seus projetos. Sou uma espécie de consultora ad hoc.
Qual dos seus projetos a deixa mais animada no momento?
Estou trabalhando em um tipo revolucionário de andador que é muito mais dinâmico do que os existentes hoje no mercado. Meu andador inspira o usuário a manter uma posição vertical. Mas estou mais animada com um projeto de “alojamento” para pessoas idosas viverem de forma independente ou para estarem no fim de vida ou para cuidados paliativos. Existem alguns no mercado, mas eu tenho ideias melhores. Eu colocaria um painel inteiro atrás da cama e um plug-in constando a quantidade de oxigênio e monitorização da pressão arterial, por exemplo. Os alojamentos seriam pré-fabricados, e a família montaria. Teria um banheiro químico, com água e energia elétrica extraída da casa. A empresa que alugaria os alojamentos teria que obter todas as licenças. E assim que a pessoa morresse, a família teria que remover a estrutura.
Como você se sente quando você está projetando?
Às quintas-feiras, quando eu trabalho no escritório, eu me sinto cerca de 30 anos mais jovem (na foto comemorando seus 90 anos). Em outros dias, sinto-me cerca de 20 anos mais jovem. Recentemente, estava descrevendo a minha carreira a um amigo quando me vi dizendo, ‘Minha carreira sempre foi como uma camada de bolo. A IDEO é o glacê sobre o bolo.”
De onde você tira suas ideias?
Tudo o que tenho a fazer é sentar e observar as pessoas. Fico sentada no corredor da minha comunidade, composta de aposentados, e vejo quantas melhorias são necessárias.
Qual é a sua opinião sobre a tecnologia de hoje?
Eu não entendo, mas eu aprecio. Eu tenho um Life Alert. Tenho um telefone celular, mas é muito primitivo – tem discagem por voz, o que eu preciso [devido à baixa visão]. Eu tenho uma tela ampliada no meu computador, que eu uso para processamento de texto. Eu escrevo uma série de livros nele.
O que significa “envelhecer com atitude”?
Você tem que pensar diferente. Você tem que ser mais do que você mesmo. O mundo é mais importante do que você é. Ter uma visão do mundo maior do que você, ajuda a manter uma visão produtiva, positiva e expandida.
* Tradução livre do texto por Dhara Lucena. Fonte: Acesse Aqui. FOTOS: IDEO
