Atitudes e visão de mundo ante o envelhecer

Atitudes e visão de mundo ante o envelhecer

O aparecimento de doenças pode surgir em qualquer etapa da vida, mas que se bem administradas é possível levar um envelhecer feliz. Isso se inicia com a auto aceitação, libertação de estigmas, busca pela resolubilidade, bem como o “brilho nos olhos” para permear essa etapa da vida.

Por Dayse das Merces Pereira (*)

 

A minha ideia inicial ao fazer o curso Fragilidades na Velhice: Gerontologia Social e Atendimento era aprimorar conhecimentos sobre a área Gerontologia, por meio de diversos aspectos que são pouco abordados e difundidos no nosso aprendizado durante a nossa formação como profissional. Além disso, acredito que grande parte do que construímos e buscamos está sempre relacionado com alguma história de vida e/ou profissional. No meu caso, os dois.

Estar em contato desde muito nova com os cuidados e uma responsabilidade, mesmo que mínima, me fez enxergar e aprender com algumas dores e lidar com o processo de finitude e perda, bem como a não aceitação, indo contra do que realmente queremos versus o malefício que o ficar real pode nos gerar como unidade familiar. A perda da referência que nos é precedida desde quando somos crianças é imprescindível para nossa formação. Buscando, assim, no decorrer da vida, mediante alguns bloqueios e limitações geradas a partir desse processo, tudo me guiava para um olhar restritivo, bem menos abrangente. Porém, nossos reflexos e direções são criados pelas nossas escolhas e pelas pessoas que nos norteiam.

Por fim, pude abrir a mente e entender que o amor é mutável e ele se transforma e se transfere para aqueles que a gente aceita cuidar. Aceitar isso e querer transformar fez parte de mim no processo de descobrimento durante minha formação acadêmica.

Sendo assim, o curso, realizado no primeiro semestre de 2018, em São Paulo, me permitiu conhecer e fazer parte de um processo de construção e reflexão sobre a Gerontologia e suas múltiplas facetas, tornando-me um ser humano mais capaz de olhar a plenitude do ser, entender conceitos e tudo que rodeia o ser humano. Trata-se de um olhar crescente, que acredito que se faz necessário exercê-lo de forma natural em nosso dia a dia. É entender a complexidade do ser velho e do envelhecimento.

No processo de conhecimento das aulas a gente aprende a questionar as nossas próprias atitudes e visão de mundo, não como uma forma de certo ou errado, mas poder entender as discrepâncias e semelhanças em diferentes óticas. Entender as singularidades, respeitá-las. O envelhecimento humano é um processo natural, universal, e progressivo, uma experiência ímpar para cada indivíduo que pode usufruir dessa experiência de vida.

Essa experiência diversificada conta com uma série de fatores, dentre eles os sociais, biológicos, culturais, econômicos, psicológicos e espirituais. A maneira que envelhecemos depende destes e diversos fatores inter-relacionados entre si e que contribuem de forma positiva ou negativa daquilo que enxergamos de nós mesmos e da nossa volta. Isso refletirá na forma de como envelhecemos, nosso enfrentamento de vida, bem como da nossa participação nas tomadas de decisões, como nos aspectos funcionais.

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Vimos a maneira de como o processo do envelhecimento, o velho, processo de finitude e a morte são encarados no seio familiar, político e social. As tomadas de decisões (autonomias) e independência funcional, no aspecto físico e cognitivo, interferem nas relações, bem como os estereótipos pré estabelecidos associados às comorbidades e anseios vividos.

O aumento da expectativa de vida em anos avançados, até então só associado com doenças crônicas e degenerativas, passa por uma transformação, na qual esse espaço vivenciado antes retrógrado, não se encaixa no novo cenário, em que cada vez mais pessoas estão vivendo o processo de envelhecimento sem sucumbir à imposição da doença como único destino. Porque têm sido capazes de dar respostas originais aos desafios que encontram em seu cotidiano, redefinindo sua experiência para, assim, se contrapor aos estereótipos ligados ao imaginário da velhice que ainda impera na sociedade.

Esse estereótipo rodeia o mito de que a velhice seja uma etapa de perdas, danos e restrições, o que de fato não é algo que devemos considerar como algo normal, porque não é, pois, muitos idosos podem se beneficiar e viver essa fase da vida bem e plenamente, dependendo do enfrentamento e estilos de vida iniciados desde o começo de sua existência. Essa condição ilustra bem o contexto de autonomia e independência pouco experimentados ao avançar da idade, já que as oportunidades de serem ouvidos e atendidos são cada vez mais escassas.

Ter consciência de que o aparecimento de doenças pode surgir em qualquer etapa de vida, e que se bem administradas é possível levar uma vida tranquila e feliz. Isso se inicia com a auto aceitação, libertação de estigmas, busca pela resolubilidade, bem como o “brilho nos olhos” para permear essa etapa da vida, seja em um simples pentear de cabelos, caminhar ao ar livre ou ficar em casa fazendo um chá. Seja qual for a atividade é necessário buscar sentido dentro de si, sem que isso rompa os princípios e no que se acredita. Fica mais leve encarar a vida assim.

O envelhecer, saudável, está na manutenção dos nossos desejos emocionais, físicos, psicológicos, comportamentais e sociais, sendo encarados de diferentes maneiras pelos diversos indivíduos. O Estatuto do Idoso está aí para assegurar isso, os direitos das pessoas com igual ou superior a 60 anos, levando em consideração o ser como cidadão. Outras leis em vigor também estão aí para garantir conforto nesse processo de passagem na vida, levando em consideração anseios e vontades. Entender que o ser velho está em constante aprendizado e que pode usufruir de novas experiências ao longo da vida nos torna cada vez mais humanos.

Serviço

O curso Fragilidades na Velhice: Gerontologia Social e Atendimento está com inscrições abertas.
Início de nova turma: 11 de agosto de 2018
Término:17 de novembro de 2018
Dia da semana: sábado
Horário: das 9h às 13h
Saiba mais em: http://www.pucsp.br/pos-graduacao/especializacao-e-mba/fragilidades-na-velhice-gerontologia-social-e-atendimento
Atendimento Telefônico: Tel.: (11) 3124 9600

 

(*) Dayse das Merces Pereira. Texto escrito para o curso Fragilidades na Velhice: Gerontologia Social e Atendimento, ministrado pelo Cogeae (PUC-SP), no primeiro semestre de 2018. Email: [email protected]. Imagem de destaque: Luo ping

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