Novos velhos – Viver e envelhecer bem

No livro Novos velhos – Viver e envelhecer bem (Record), a jornalista carioca Léa Maria Reis discute não só o lugar do idoso no mundo atual, entre inserido e marginalizado, mas amplia o debate até a necessidade de políticas públicas adequadas a esse cenário de mudanças e, inclusive, de linguagem, uma vez que considera hipocrisia chamar de Melhor Idade, Feliz Idade, Terceira ou Quarta Idade. Segundo ela não existe essa classificação, e os velhos deveriam ser chamados de velhos, ou idosos.

 

 

novos-velhos-viver-e-envelhecer-bemNesta obra ela fala ainda das questões que decorrem do processo de envelhecimento da população nos dias atuais.

Léa Maria Reis define sua obra como um livro jornalístico, não de autoajuda, a ideia é que seja de informação também para o leitor. Há um capítulo com o Euler Ribeiro sobre alimentação e aposentadoria no Brasil, pois ele foi relator da Constituição na questão da previdência social. Há uma entrevista com um neuropsiquiatra que fala da vida dos idosos, e como ela pode ser difícil no caos urbano. Há uma psicanalista que trabalha com grupos de pessoas mais velhas, e que fala da necessidade de espiritualidade cada vez mais desenvolvida. Tem toda a parte histórica do envelhecimento, de grandes figuras, até da literatura, como é o caso de Victor Hugo, que foi longevo e deixou uma obra importante. E aborda a questão da sexualidade também, que é muito fechada entre os idosos, pois as mulheres falam pouco. Nesse tema ele se dirige à Simone de Beauvoir. Há ainda um bloco de capítulos com depoimentos de mulheres de mais de 60 anos, da Dona Maria da Rocinha até a professora bem sucedida da Zona Sul carioca, falando de como vivem suas vidas.??

Recebe as últimas notícias!

Não perca nenhuma notícia, receba cada matéria diretamente no seu e-mail!

Segundo ela, os avanços da tecnologia e da medicina estão proporcionando expectativa de vida maior a homens e mulheres, gerando questões psicológicas para o indivíduo, e problemas para o Estado, que é chamado a desenvolver políticas públicas de atendimento para esses idosos que estão por aí. Nos países ocidentais desenvolvidos, o que ocorreu foi que eles desenvolveram suas economias e depois suas populações começaram a envelhecer. O Brasil – um país com desigualdade de renda das maiores do planeta – tenta consolidar a economia, tornando-se sustentável, mas em paralelo a população está envelhecendo, forçando o Estado a implementar políticas públicas que vão se tornando necessárias, mas não no ritmo para acompanhar as mudanças em curso.

A autora chama a atenção para a necessidade de se levar em conta os idosos ricos, os de classe média e os pobres, que só recentemente começaram a ter acesso a um atendimento especializado – que engloba SUS, equipes especializadas em Geriatria e Gerontologia. Léa Maria Reis reconhece em um de seus capítulos quando entrevista Ana Amélia Camarano, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que entre os idosos menos abonados, existe uma grande solidariedade de vizinhança, amigos e parentes, maior que entre os idosos com mais recursos. Assinala em sua obra que quando um desses idosos mais abonados vai a uma consulta médica, vai com acompanhante, ou enfermeiro, pois parentes, filhos ou netos não têm tempo de acompanhá-lo. Assim, ele vai só, e depois o parente liga, quando liga. Já o idoso do SUS tem sempre um vizinho nas favelas ou comunidades que ajuda. É um movimento espontâneo, silencioso, mas ativo e bonito de solidariedade. Tem alguém que empresta um carro, a filha de um vizinho que vai junto, há toda uma rede de solidariedade.

Em relação às políticas públicas, outro tema de seu livro, a jornalista comenta que há um conjunto de políticas públicas que está avançando. Segundo ela, o Estatuto do Idoso é um avanço, embora quase ninguém conhece, mas é um documento muito importante, pois normatizou uma série de vivências dos idosos e serve de modelo para diversos outros países. Mas adverte que há muito que avançar, especialmente no mercado de trabalho, pois este ainda descarta o profissional idoso. Há uma discriminação quando a pessoa de 40 ou 50 anos é posta de lado. Cita que antigamente o homem se aposentava e se retirava literalmente para os seus aposentos – daí a origem da expressão “aposentado”, caindo na depressão, e consequentemente em demências e outros males degenerativos.

Motivação

Léa Maria Reis escreveu esta obra inspirada em seu próprio envelhecimento. De acordo com a autora, todas as questões começaram a se colocar para ela à medida que ia envelhecendo. Foi assim que escreveu na meia idade uma trilogia, com os livros “Maturidade”, “Além da idade do lobo” e “Cada um envelhece como quer (e como pode)”. Deu dois cursos na Casa do Saber (RJ) sobre a nova velhice, os quais foram bem concorridos. O livro nasceu dessa ideia – ela própria se sentindo envelhecer, sofrendo discriminação no trabalho, sendo uma mulher mais velha na vida urbana.

Portal do Envelhecimento

Compartilhe:

Avatar do Autor

Portal do Envelhecimento

Portal do Envelhecimento escreveu 4198 posts

Veja todos os posts de Portal do Envelhecimento
Comentários

Os comentários dos leitores não refletem a opinião do Portal do Envelhecimento e Longeviver.

LinkedIn
Share
WhatsApp
Email

Descubra mais sobre Portal do Envelhecimento e Longeviver

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading