Ao contrário do que acontece com as mulheres na menopausa, onde há uma interrupção abrupta da produção de hormônios, com os homens ocorre o que costumamos chamar de andropausa, uma lenta diminuição da testosterona livre, a partir dos 40 anos. A partir dessa redução da testosterona surgem os sintomas da Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), conhecida como andropausa. Entre os sintomas causados estão diminuição da libido; disfunções eréteis, perda de massa muscular ou dificuldade de ganhá-la, mesmo para os que fazem atividade física frequentemente, acúmulo de gordura, principalmente na região abdominal; dificuldade para emagrecer; osteoporose e alterações do sistema nervoso central que causam cansaço; indisposição; depressão; déficit de memória e de concentração. Só nos Estados Unidos o Massachusetts Male Aging Study estima que ocorrem 480 mil novos casos em americanos na faixa etária de 40 anos a 70 anos.
Dr. Maurício Bungerd Forneiro *
Segundo o endocrinologista Maurício Bungerd Forneiro, autor de “Vida e prazer após os 50, o impacto da reposição hormonal masculina sobre a sua qualidade de vida”, o problema acontece, geralmente, a partir dos 40 anos de idade.
“Aproximadamente 8% dos homens que têm entre 40 e 49 anos possuem níveis de testosterona abaixo do normal. Esta porcentagem aumenta para 19 quando a idade oscila entre os 60 e 69. Já aqueles que têm acima de 80 anos, a queda significativa do hormônio evolui para 40%. Isto quer dizer que a incidência da andropausa aumenta conforme a idade”, explica o médico.
“Podemos diagnosticar a andropausa através do relato dos sintomas associado a alguns exames laboratoriais. A reposição hormonal para a deficiência androgênica do envelhecimento masculino, antes chamada de andropausa, deve ser feita apenas com o hormônio testosterona. As formas de administração mais receitadas são a injeção intramuscular e aplicação do hormônio na forma de gel na pele” afirma Forneiro.
Segundo o médico, a injeção de undecilato de testosterona é aplicada a cada 12 semanas ou 90 dias. “O início de ação não é imediato, porém é constante, com alívio da sonolência, do desânimo e recuperação da capacidade de ereção do pênis. O tratamento, em geral, deve ser mantido por toda a vida. Daí a importância de um controle rigoroso, com acompanhamento dos sintomas, do exame clínico, de exames laboratoriais, de ultrassonografia e de densitometria para avaliação de perda óssea”, relata.
A mudança dos hábitos alimentares, a perda de peso, exercícios físicos regulares e monitoramento de índices hormonais são muito importantes para o restabelecimento de um bom padrão de vida. A volta do bem estar corporal, mental e sexual traz conforto e felicidade a quem passa pela andropausa. Vale lembrar que vários alimentos equilibram a produção de hormônios e aumentam a resistência imunológica, mas no geral, não há uma dieta única que possa ser aconselhada para todos ao mesmo tempo. Os homens devem ser consultados individualmente para saber qual a melhor maneira de passar pela andropausa sem problemas, nem traumas.
Reposição Hormonal Masculina
Durante a andropausa, não há uma interrupção abrupta na secreção hormonal, mas uma redução gradativa. A intensidade do processo depende da herança genética e do estilo de vida. Estatísticas apontam reduções de até 70%. O problema é acentuado em fumantes ou portadores de doença degenerativa como o diabetes e a aterosclerose e brancos. Os negros em geral têm estrutura física mais resistente. O tratamento também possui efeitos colaterais, tais como: câncer de próstata, problemas cardiovasculares, aumento da taxa de colesterol e triglicérides. O DHEA é um hormônio sexual masculino precursor da testosterona. É produzido na glândula supra renal e sofre a conversão para testosterona nos testículos.
Qual a hora certa para iniciar o tratamento de reposição hormonal masculina? A testosterona é o mais importante hormônio masculino, e o homem adulto produz cerca de 7mg todos os dias. A partir dos 40 anos, em média, ele começa a perder cerca de 1% de testosterona livre ao ano. A total permanece estável dos 40 aos 49 anos, quando também começa a cair, a uma taxa de 0,5% a 0,8% ao ano. Indica-se o tratamento quando há sinais e sintomas associados com os níveis sanguíneos reduzidos desse hormônio. Os mais comuns são sonolência, desânimo, tristeza, melancolia, diminuição da concentração para o trabalho, déficit de memória, diminuição da libido e das ereções matinais espontâneas, dificuldade de ter ou manter a ereção, e de fazer longas caminhadas, entre outros. Assim como a mulher, após os 40 anos o homem tem maior tendência a engordar e, com a DAEM, isso piora. E simultaneamente há uma perda maior de massa muscular.
Diagnóstico
Há exames laboratoriais para avaliar o eixo hipotalâmico hipofisário gonadal, com a dosagem sanguínea da testosterona total, livre, biodisponível; prolactina, hormônio folículo estimulante e luteinizante. Devemos sempre investigar a proteína que liga os hormônios sexuais, os níveis da hemoglobina, dos lipídios (as gorduras no sangue), do antígeno prostático específico (PSA), assim como realizar uma avaliação cardiológica antes do tratamento. As contraindicações incluem a presença de câncer de próstata ou na glândula mamária do homem, pois a reposição nesses casos pode acelerar o crescimento desses tumores; embora esteja claro que não existe uma correlação entre a reposição de testosterona com o aumento da incidência desses tumores. Os pacientes que sofrem de cardiopatias e que apresentem algum grau de limitação ao exercício físico também não devem receber esse tratamento, porque existem evidências de aumento do risco cardiovascular nesse grupo específico de homens.
Hormônios usados no tratamento
A reposição hormonal para a deficiência androgênica do envelhecimento masculino, antes chamada de andropausa, deve ser feita apenas com o hormônio testosterona. As formas de administração mais receitadas são a injeção intramuscular e aplicação do hormônio na forma de gel na pele. A injeção de undecilato de testosterona é aplicada a cada 12 semanas ou 90 dias. O início de ação não é imediato, porém é constante, com alívio da sonolência, do desânimo e recuperação da capacidade de ereção do pênis. O tratamento, em geral, deve ser mantido por toda a vida. Daí a importância de um controle rigoroso, com acompanhamento dos sintomas, do exame clínico, de exames laboratoriais, de ultrassonografia e de densitometria para avaliação de perda óssea. Quando o homem deixar de fazer o tratamento de reposição, em geral, ocorre reaparecimento dos sintomas, assim como a diminuição dos níveis séricos de testosterona ou alteração nos níveis da proteína que liga os hormônios sexuais. A reposição hormonal masculina não é para quem quer fazer e sim para quem necessita e tem a indicação exata. Assim podemos obter os benefícios com uma boa margem de segurança.
Um estilo de vida saudável, conquistado com uma dieta equilibrada, a prática de exercícios físicos de forma regular, uma boa qualidade do sono e não fumar, são exemplos de recomendações que podem retardar o aparecimento da deficiência de testosterona.
(*)Dr. Maurício Bungerd Forneiro, Mestre em Endocrinologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Membro da Sociedade Brasileira de Diabetes e Membro da The Endocrine Society. “Vida e prazer após os 50, o impacto da reposição hormonal masculina sobre a sua qualidade de vida”, acaba de ser lançado pela Editora Batel.
Fonte: Portal Fator Brasil, 22/02/11. Disponível Aqui