Você sabe o que é sinergia farmacológica em pessoas idosas?

Você sabe o que é sinergia farmacológica em pessoas idosas?

Sinergia farmacológica é quando os medicamentos “se somam”, mas oremédio só faz bem quando a soma é de cuidados, não de riscos.


Em um país que envelhece rapidamente, o número de pessoas que usa vários medicamentos ao mesmo tempo cresce em ritmo ainda maior. O termo técnico para esse cenário é polifarmácia, mas existe outro conceito menos comentado — e igualmente importante — chamado sinergia farmacológica.

A sinergia farmacológica ocorre quando dois ou mais medicamentos interagem de forma a ampliar o efeito terapêutico ou adverso um do outro. Essa interação pode ser intencional e benéfica, como quando um médico associa fármacos para tratar a hipertensão, ou pode ser involuntária e perigosa, quando a combinação gera efeitos exagerados, como quedas, confusão mental ou até insuficiência renal.

Em pessoas idosas, essa linha é muito tênue, porque oorganismo da pessoa  idosa reage diferente.

O processo de envelhecimento modifica a forma como o corpo absorve, distribui, metaboliza e elimina os medicamentos. O fígado perde parte da capacidade de metabolização, os rins filtram mais lentamente, e o cérebro se torna mais sensível a depressores do sistema nervoso central.

O resultado é que o mesmo medicamento — na mesma dose — pode agir de maneira mais intensa e duradoura em uma pessoa idosa do que em um adulto jovem.

Agora imagine o que acontece quando esses medicamentos são usados em conjunto.

Quando a soma vira excesso

Alguns exemplos clássicos:

Ansiolítico + antidepressivo → a pessoa dorme mais, mas acorda confusa, desequilibrada e sujeita a quedas.

Antihipertensivo + diurético + betabloqueador → o controle da pressão melhora, mas a hipotensão e a fadiga podem limitar a autonomia.

Antiinflamatório + diurético + inibidor da ECA → a chamada “tríade nefrotóxica”, capaz de precipitar insuficiência renal aguda.

Não perca nenhuma notícia!

Receba cada matéria diretamente no seu e-mail assinando a newsletter diária!

Cada combinação tem uma história, e cada pessoa idosa reage de forma única.

É por isso que o simples ato de revisar a farmacoterapia — com olhar clínico e individualizado — pode prevenir hospitalizações, quedas e até mortes evitáveis.

Um olhar necessário

O farmacêutico é o profissional que mais enxerga o conjunto. Ele consegue identificar duplicidades terapêuticas, reconhecer interações potencialmente perigosas e propor ajustes ou simplificações sem comprometer o tratamento.

Mais do que revisar nomes de remédios, ele revisa o sentido de cada medicamento dentro da vida do paciente.

Portanto, sinergia farmacológica não é um conceito distante — é o que acontece todos os dias nas prateleiras de uma farmácia ou no organizador de comprimidos de uma pessoa idosa.

Reconhecê-la é o primeiro passo para transformar a farmacoterapia em algo mais seguro, racional e humano.

O medicamento só faz bem quando a soma é de cuidados, não de riscos.

Foto de Kampus Production/pexels.


banner em fundo preto anunciando o curso a velhice na arte brasileira
Homem de óculos, avental branco e atrás medicamentos
Luiz Antonio Assunção

Luiz Antonio da Assunção é farmacêutico clínico CRF 23.110. Pós-graduado em acompanhamento farmacoterapêutico. Pós-graduado em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. E-mail: luizclinicaassuncao@gmail.com. Insta: https://www.instagram.com/luizassuncaofarmaceutico/

Compartilhe:

Avatar do Autor

Luiz Antonio Assunção

Luiz Antonio da Assunção é farmacêutico clínico CRF 23.110. Pós-graduado em acompanhamento farmacoterapêutico. Pós-graduado em gastroenterologia funcional e nutrigenômica. E-mail: luizclinicaassuncao@gmail.com. Insta: https://www.instagram.com/luizassuncaofarmaceutico/

Luiz Antonio Assunção escreveu 22 posts

Veja todos os posts de Luiz Antonio Assunção
Comentários

Os comentários dos leitores não refletem a opinião do Portal do Envelhecimento e Longeviver.

LinkedIn
Share
WhatsApp
Follow by Email
RSS