De acordo com a Federação das Associações e Departamentos de Aposentados e Idosos, as violências e os acidentes constituem 3,5% dos óbitos de pessoas idosas, ocupando o sexto lugar na mortalidade, depois das doenças do aparelho circulatório, das neoplasias, das enfermidades respiratórias, digestivas e endócrinas.
Ocupar o sexto lugar nesse ranking é no mínimo, vergonhoso, sobretudo em pleno século 21, quando já nos distanciamos dos homens da caverna e angariamos status de homem civilizado.
A violência sob todos os níveis, contra toda e qualquer criatura já é por si só um ato de covardia!
Agora imagine uma violência praticada contra um ser frágil, que já não pode se defender, nem fisicamente, nem psicologicamente! Acrescente a isso, o fato de que a violência contra esse ser é praticada justamente por aquele que deveria protegê-lo, ampará-lo e, terá o retrato indigesto da violência contra o idoso no Brasil e no mundo.
Até mesmo nas sociedades que sempre valorizaram a pessoa idosa, como no caso o Japão, revela um dado alarmante: o número de casos de violência contra idosos praticados pela própria família subiu 4,9% entre 2008 e 2009. O total de consultas sobre possíveis casos de abuso também aumentou 7,9% no mesmo período. A conclusão está em um relatório do ministério do Trabalho, Saúde e Bem-Estar Social do Japão divulgado no dia 22 de novembro.
No caso dos asilos, o número de consultas sobre possíveis abusos recuou 9,5% de 2008 para 2009. No entanto, os casos em que a violência foi comprovada subiram 8,6% no mesmo período. Os abusos físicos foram a maioria (63,5%), seguidos dos abusos psicológicos (38,2%). Entre abril de 2009 e março deste ano, o número de casos em que o abuso terminou em morte foram de 32, sendo 6 idosos e 26 idosas.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a violência física e psicológica contra a pessoa idosa é um fenômeno universal que vem aumento nos últimos anos e representa um grande obstáculo para a saúde pública.
Primeiro é o Estado que se omite quanto à avaliação das instituições que oferecem assistência, onde são comuns os processos de maus-tratos, de despersonalização, de destituição de poder e vontade, de falta ou inadequação de alimentos e, também, omissão de cuidados médicos específicos e personalizados.
Existe também a questão dos transportes públicos e do trânsito, assunto que diz respeito à vida urbana e à circulação dos idosos pelas cidades. São ônibus com escadas de acesso muito altas e roletas apertadas ou difíceis de mover. Mas o desrespeito se expressa, sobretudo, na insensibilidade de motoristas e cobradores. Muitos não param nos pontos quando os vêem; arrancam e freiam bruscamente. E muitas vezes, não é raro presenciar, usuários dos coletivos que não lhes oferecem lugares de assento aos que, pretensamente, teriam prioridade.
Dentro do lar, as denúncias em todo o país enfatizam as situações de risco que os idosos vivenciam. São inúmeras: tentativas de apropriação dos bens do idoso, abandono material, recusa dos familiares em dar-lhes proteção, atenção, carinho e um crescente aumento de agressões físicas.
Segundo o Estatuto do Idoso, é dever de todos prevenir a ameaça ou violação dos direitos do idoso. E mais: todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade competente qualquer forma de descumprimento do Estatuto.
Se quisermos mudar esse triste quadro – que mais dia ou menos dia, cada um de nós irá fazer parte dele também -, devemos nos ater às políticas públicas que redefinam totalmente o lugar do idoso na sociedade e privilegiem o cuidado, a proteção tanto em suas famílias como nas instituições; tanto nos espaços públicos como nos âmbitos privados, possibilitando por exemplo, a travessia mais segura das ruas, a conservação das vias, a reeducação de motoristas de coletivos para garantirem a segurança na subida e no interior dos veículos, maior tempo de sinalização para a travessia podem colaborar para a prevenção de acidentes.
Do mesmo modo, oferecer os cuidados básicos de segurança, principalmente nas moradias, apoio nos banheiros, tapetes antiderrapantes e melhor iluminação, entre outros, poderiam evitar a ocorrência de quedas fatais. No caso dos serviços de saúde, é preciso que os profissionais se preparem cada vez melhor para a leitura da violência nos sinais deixados pelas lesões e traumas que chegam aos serviços ou levam a óbitos.
Enfim, em todas as formas de aumentar o respeito à população idosa, todas as políticas públicas voltadas para sua proteção, cuidado e qualidade de vida precisa-se considerar a participação dos idosos, grupo social que desponta como ator fundamental na trama das organizações sociais do século 21, mas principalmente, precisa-se considerar que são mais que atores socias, são sobretudo, seres humanos.
Veja o triste vídeo
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No estado do Maranhão, na cidade de Coelho Neto, a 380 km da capital São Luís, uma idosa de 83 anos sofre maus tratos, é espancada para tomar banho e é forçada a comer. A agressora bate sem dó e nem piedade e empurra a comida. As imagens estão ganhando repercussão na mídia e foram filmadas pelos vizinhos que ficaram indignados com as constantes surras e resolveram filmar a tortura.
Fotos: Google Imagem