Aposentadoria leva a um “drástico declínio da saúde”

O estudo, publicado pelo centro de estudos Institute of Economics Affairs (IEA) com sede em Londres, descobriu que a aposentadoria leva a um “drástico declínio da saúde” no médio e longo prazos e pode gerar prejuízos para a saúde física e mental.

 

 

aposentadoria-leva-a-um-drastico-declinio-da-saudeEstá ficando cansativa essa história que aposentadoria equivale a declínio. Acaso não se pode mais parar e simplesmente não fazer nada? Qual a razão de tanta culpa?

São inúmeros os estudos que revelam que as pessoas quando se aposentam tendem a um estado deprimido, se isolam e regridem. As pessoas trabalham loucamente por toda a vida e, de repente, param. Esse é o problema, não há qualquer preparo ao longo da vida. Tampouco as empresas trabalham as questões da aposentadoria com seus colaboradores.

“Segundo a IEA, a pesquisa sugere que as pessoas devem trabalhar por mais tempo por razões de saúde e também financeiras”. Sim, se a questão é a “saúde do bolso”, toda atenção se faz necessária. Mas, novamente, isso não acontece da noite para o dia, assim: subitamente decido me planejar.

Agora, “trabalhar por questões de saúde”? Não sei. Entendo que não se trata de fórmula a ser seguida. Para alguns, talvez ajude, mas para outros, deve se pensar melhor.

O que diz a pesquisa

O estudo, realizado em parceria com a entidade beneficente Age Endeavour Fellowship, comparou aposentados com pessoas que continuaram a trabalhar mesmo após terem alcançado a idade mínima para a aposentadoria e também levou em conta possíveis fatores

Philip Booth, diretor da IEA, disse que os governos deveriam desregular os mercados e permitir que as pessoas trabalhassem por mais tempo: “Trabalhar mais não será apenas uma necessidade econômica, mas também ajudará as pessoas a viverem vidas mais saudáveis”.

Edward Datnow, president da Age Endeavour Fellowship, acrescentou: “Não deveria haver uma idade ‘normal’ para a aposentadoria no futuro”.

O estudo, focado na relação entre atividade econômica, saúde e política pública de saúde na Grã-Bretanha, sugere que há uma pequena melhora na saúde imediatamente depois da aposentadoria, mas constata um declínio significativo no organismo desses indivíduos no longo prazo.

Segundo a pesquisa, a aposentadoria pode elevar em 40% as chances de desenvolver depressão, enquanto aumenta em 60% a possibilidade do aparecimento de um problema físico.

Situação atual no Brasil

Hoje, no país, cerca de 650 mil idosos estão atuando estrategicamente. E não é nos jogos de dominó ou canastra. Calcula-se que por volta de 3,1% dos empreendedores brasileiros têm mais de 60 anos e, com o aumento na qualidade de vida, o número de empresários nesta faixa etária não vai parar de crescer.

Projeções do IBGE indicam que até 2020 teremos aproximadamente 30 milhões de pessoas na chamada melhor idade, e muitos deles não estarão em casa, vendo a banda passar.

Estudo do Relatório GEM 2011 (Global Enterpreneurship Monitor’s) avalia em 21,1 milhões de pessoas o número de empreendedores (17,1% da população) no Brasil de 2010, e aponta que cerca de 1,4 milhão de empresas brasileiras em fase inicial (com até 42 meses de existência) são comandadas por pessoas entre 55 e 64 anos.

Então, se é para trabalhar, que seja bom e prazeroso. Vejamos abaixo alternativas que associam atividades remuneradas com bem estar físico e mental.

Benefícios mais do que financeiros

A convivência entre crianças, adolescentes e idosos é incentivada por meio de atividades lúdicas e dinâmicas em um projeto social de Santos, no litoral de São Paulo, que, além de tudo, gera emprego para os idosos. O projeto “Vovô Sabe Tudo” dá aos moradores da terceira idade a oportunidade de fazerem parte novamente do mercado de trabalho. Os benefícios são muito mais do que financeiros, já que os trabalhadores se sentem mais vivos, úteis e passam a experiência de vida para que os jovens valorizem os mais velhos.

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Entre as funções dos “vovôs”, há jardineiros, contadores de histórias, artesãos, guias de turismo e professores, entre outras atividades. A responsável pelo projeto, Rosana Gomes, afirma que há 45 pessoas participando do projeto atualmente, entre homens e mulheres, mas que a meta é chegar aos 60 funcionários. “Com o ‘Vovô Sabe Tudo’ todos saem ganhando. Os vovôs pela valorização social, familiar e financeira. E os jovens pelo contato diferenciado com o idoso, que contribui para que ele possa perceber que a velhice faz parte do desenvolvimento humano e pode ser bastante produtiva”, diz Rosana.

Carteira assinada

De acordo com o Sebrae, depois dos 60 anos pode ser, literalmente, a melhor idade para iniciar um novo negócio. Esses novos idosos esbanjam mais saúde e disposição do que muitos jovens e, se eles tiverem se atualizado ao longo do tempo, a experiência e a maturidade vão garantir muitos pontos positivos para o empreendedorismo. Questões relacionadas à aposentadoria, como “O que eu vou fazer durante o dia?” podem se transformar em verdadeiros estimulantes. É possível encontrar na maturidade e na experiência de vida características essenciais ao empreendedorismo, como conhecimento (ter o saber), habilidade (saber fazer) e atitude (querer fazer), o famoso CHA.

O Sebrae aponta serviços de assessorias e consultorias como atividades comandadas frequentemente por empreendedores mais “maduros”, por se beneficiarem de conhecimento e experiências aliadas a relacionamentos pessoais e profissionais. Além dessas atividades, o Relatório GEM indica que 36% dos negócios iniciados por idosos estão relacionados à área de alimentação, 20% ao comércio varejista e 16% a atividades imobiliárias.

Contudo, apesar do grande impulso empreendedor, a coordenadora geral do Instituto Prosseguindo (IPROS), especialista em pesquisa e estudos sobre Empreendedorismo na Maturidade, Cláudia Soares de Oliveira acredita que esta faixa etária ainda carece de estímulos governamentais e da iniciativa privada: “É evidente a falta de políticas e programas de apoio governamental ao empreendedorismo na terceira idade, como já ocorre com o empreendedorismo voltado para os jovens no Brasil em programas como o ProJovem Trabalhador, do Ministério do Trabalho e o Jovem Empreendedor, do Sebrae”. Cláudia acredita que não existe idade para empreender, “mas sim a necessidade de desenvolvimento de uma educação empreendedora e acessível às pessoas em qualquer fase da vida”.

Telemarketing em busca de profissionais da terceira idade

Maturidade e comprometimento estão entre as razões para que as empresas de telemarketing invistam neste perfil. Para trabalhar como operador, função que emprega a maior parte dos funcionários no setor, não é preciso experiência. Isso estimula quem está a procura de uma recolocação profissional já em idade avançada ou quem quer se manter ativo após a aposentadoria.

Trabalhar no setor de telemarketing é garantia de benefícios que ajudam no orçamento familiar, como assistência médica e odontológica. A média de salário para a função de operador é de R$ 700, chegando a R$ 5 mil no cargo de coordenador de atendimento.

A aposentada Ruti Amaral não pensa em parar de trabalhar. Ela trabalha com atendimento ao cliente há nove meses e diz que já se adaptou à nova rotina, mesmo aos 62 anos. “Não dá pra parar. A gente para no tempo… Deprime, falta dinheiro, falta tudo…”, explica a aposentada.

A gerente de recursos humanos da Atento, Christina Leon, que possui funcionários nesta faixa etária, explica que os funcionários acima de 45 anos são vantajosos para a empresa porque são mais compromissados com o trabalho. “Eles são habilidosos, pacientes, tranquilos. Não faltam, não atrasam, ficam mais tempo, se dedicam mais”, afirma.

Walter Orthmann, o maior tempo de registro trabalhista em uma só empresa

Aos 90 anos, o catarinense Walter Orthmann só tem um registro em sua carteira de trabalho: desde os 15, ele nunca mudou de empresa nem parou de trabalhar. Na semana passada, ele recebeu o título de funcionário com o maior tempo de registro trabalhista em uma só empresa, pelo “RankBrasil”, o livro dos recordes brasileiro. Agora, seus colegas planejam reivindicar o mesmo registro no “Guinness”.

Hoje [ontem] estou em São Paulo. Na segunda vou para o Rio e, depois do Carnaval, fico três semanas no Nordeste. Viajo um terço do ano, como gerente de vendas, uma mala de amostras na mão e a minha, de roupas, na outra. Preciso visitar meus clientes.

Já estou com 90 anos. Na semana passada, quebrei meu próprio recorde pelo maior tempo de trabalho em uma única empresa: 75 anos. Nunca pensei em parar. Quando comecei, em 17 de janeiro de 1938, o meu salário era em réis. Desde então, já passei por oito moedas diferentes. Na minha carteira, o meu salário é na casa dos milhões. Hoje, não vale nada [ri].

Referências

BBC BRASIL (2013). Aposentadoria faz mal à saúde, diz estudo. Disponível Aqui. Acesso em 10/07/2013.

RIBEIRO, A.G. (2013). Projeto insere idosos no mercado de trabalho em atividades com jovens. Disponível Aqui. Acesso em 10/07/2013.

CONTA AZUL (2013). Empreendedorismo na terceira idade. Disponível Aqui. Acesso em 10/07/2013.

CANCIAN, N. (2013). Catarinense recebe título de funcionário com maior tempo de registro em empresa. Disponível Aqui. Acesso em 10/07/2013.

G1.GLOBO (2013). Telemarketing aposta na mão de obra da 3ª idade para melhorar serviços. Disponível Aqui. Acesso em 10/07/2013.

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