“Vida moinho” aborda as complexas relações e percepções humanas

“Vida moinho” aborda as complexas relações e percepções humanas

Poeta paulistano versa em “Vida moinho” sobre o que parece banal como aquilo que constrói, define e afeta a subjetividade humana.


“Vida moinho” dá continuidade à carreira literária do escritor e engenheiro metalúrgico Eduardo Barchiesi, de 81 anos. Seu livro fala sobre ser gente para assim abarcar aquilo que se chama de humanidade. “O ser humano é um gigante anão, capaz de ações boas e belas, e outras catastróficas”, comenta o poeta que brinca com essa aparente contradição em toda sua obra. Para ele, escrever esse livro rendeu alguns grãos de areia em sua ampulheta e isso provocou transformações que ocasionaram reflexões sobre a felicidade de viver e a tristeza inerente ao processo.

“Com linhas faz crochês, com palavras faz poemas”, diz Eduardo, ao comentar sobre o que lhe move. Para ele, a interação com a pintura, a escultura e a literatura do Modernismo produziu uma mixórdia em seu cérebro e isso inspirou a escrita dos poemas de “Vida moinho”. Ele se define um ser tentando convencer palavras a se juntar em frases e versos na talvez vã tarefa de dar algum sentido à sua existência e isso talvez resuma tudo.

O livro, um poemário, composto por um pouco mais de 40 poemas e publicado de maneira independente, trabalha a vida e a subjetividade humana a partir do encontro do trágico e do cômico. Com uma ironia fina e jogos de palavras, a obra explora o eu a partir dos encontros e desencontros do eu com o Outro.

Para o autor, o livro aborda o drama desse Eu persona poética em suas relações tragicômicas com um Tu (representado pelo próximo) e com alguns Eles (que são os outros) num contexto bem comezinho. A partir desse jogo, os poemas apontam as possíveis consequências dessas interrelações na vida das pessoas, tratando assim daquilo que constrói, define e afeta a subjetividade humana.

A linguagem aparece nesse livro de forma apurada, o autor usa de uma pretensa simplicidade poética e estética para falar daquilo que é complexo e repleto de camadas. Essa busca pelo que parece simplório é proposital, Eduardo considera que é uma ótima ferramenta para sensibilizar o receptor ao texto poético. Assim, todas as palavras encontram seu lugar e esse lugar é e não é o lugar comum, como é próprio do estilo poético desse poeta.

Poeta une o banal ao ácido para dar vida às palavras

Eduardo Barchiesi é nascido paulistano (SP) em 4/4/44. Vive hoje em Vinhedo, no interior paulista. Engenheiro, mestre e doutor em metalurgia (Politécnica USP), além de bacharel em letras (português-latim FFLCH USP), exerceu a profissão de professor e engenheiro no campo de suas especializações.

Começou a escrever textos literários publicamente em 2004, mas somente a partir de 2008 passou a se dedicar à poesia, sendo hoje parte da equipe de poetas da Fazia Poesia. Sua estreia literária se deu com o romance Demanda Furibunda (Edições Inteligentes, 2005) e foi sucedida por outras 13 publicações, entre romance, conto, infantil e poesia. Bestiário da Saúde (Chiado, 2021) é seu livro mais recente.

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Confira o poema Letras fatais (página 46):
“minha literatura
deve ser
coisa
tão
impura
obscura
dura
        de engolir 
que
até as traças
habitantes aqui do meu escritório
diante de algum dos meus escritos
roem
meticulosamente
os espaços em branco
das folhas de papel
mas
evitam a todo custo
triscar a mínima letra 
certamente
com medo
de morrer de indigestão”

Ficha técnica
Livro: “Vida moinho”
Autor: Eduardo Barchiesi
Rede social: @eduardo_barchiesi
Número de páginas: 106
Editora: publicação independente
Data de lançamento: 2019
Gênero: poesia
ISBN: 978-85-918429-2-6

Serviço
Adquira “Vida moinho” diretamente com o autor: @eduardo_barchiesi


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