Então, assim como Manuel Bandeira, “Vou-me embora pra Pasárgada”. Nem sei se seria amiga do Rei, muito provável que não, tampouco lá encontraria o homem que quero, pois ele, Meu Amor – mesmo com senões e ausências… – já o tenho e, sim, na cama que escolhi. E você, já pensou sobre isso?
E aqui estamos nós, novamente, refletindo sobre um ano velho que se despede e abrindo as portas da esperança para um ano novo que se anuncia. Chega, enfim, o momento da despedida e o esperado encontro do desconhecido. Dá um friozinho na barriga que faz as borboletas se remexerem de tão frenéticas e enlouquecidas que ficam!
Esse tal de “Tempo” passa rápido demais, acho que sob efeito daquele malandro e apressado coelhinho da Alice no País das Maravilhas: “Ai, os meus bigodes. É tarde! Tão tarde até que arde! Ai ai, meu Deus, alô, adeus, é tarde, é muito tarde. Não, não, não, eu tenho pressa. Eu tenho pressa a beça!”
Seria Cronos, o soberano das horas, o grande mestre desse danado desse coelho? Ou seria o inverso, pensava eu quando criança.
Então, assim como Manuel Bandeira, “Vou-me embora pra Pasárgada”. Nem sei se seria amiga do Rei, muito provável que não, tampouco lá encontraria o homem que quero, pois ele, Meu Amor – mesmo com senões e ausências… – já o tenho e, sim, na cama que escolhi.
E você, já pensou sobre isso?
Então, lá estarei com certeza, como os poetas, “Vou-me embora pra Pasárgada”. Aqui oscilo entre o êxtase da felicidade e o vazio da falta. Quem sabe nessa cidade imaginária a existência seja, de fato, uma aventura, uma peraltice inconsequente, um lugar invadido por Rainhas loucas, desvairadas e ansiosas com seus Reis viris, os deliciosos Titãs do mundo sombrio.
Ah, e como farei o inusitado em Pasárgada! Andarei de bicicleta, e esse será meu maior desafio. Quanto a montar em burro brabo e subir no pau-de-sebo, acho que nem no Paraiso faria tal coisa. Mas banhos de mar seriam as delicias que acariciariam meu corpo, beijos na pele quente, assim como o amor abençoado que transcende o inimaginável.
E quando estivesse cansada, deitaria no colo da Mãe Sagrada que lá estaria, acompanhada de meu pai, a contar histórias que no tempo de menina tanto aqueciam e confortavam meu coração.
Sim, “Vou-me embora pra Pasárgada”.
Lá tem tudo, e “Para não dizer que não falei das flores” (1968) do poeta Geraldo Vandré, lá conseguiremos “Caminhar e Cantar e seguir a canção”. Lá tudo pode. Lá somos iguais, “braços dados ou não”, juntos no coração e nas diferenças, como os apaixonados.
Mas, se mesmo assim você ainda estiver triste, mas daquela tristeza que nada dá jeito, naqueles dias em que a noite te assombra e te apavora de medo dos 365 dias futuros e que te toma aquela vontade de morte, pense pelo menos duas vezes: Lá você será amiga(o) do Rei, terá o homem (a mulher) que sempre quis e ainda na cama que sempre sonhou.
Vem, vamos embora em 2019. Vamos embora pra Pasárgada, “que esperar não é saber, quem sabe faz a hora e não espera acontecer”, já dizia o rebelde, o poeta apaixonado.
Até lá…