Vacina contra o coronavírus poderia ser nosso presente de Natal!

Idosos, indígenas e profissionais de saúde serão os primeiros a receber a vacina. E o SUS tem hoje o maior programa de vacinação do mundo, o que fortalece a estratégia de vacinação pra Covid-19.


Se me perguntassem hoje que presente gostaria de ganhar neste Natal certamente minha resposta seria: uma vacina contra o coronavírus! Eu, assim como muita gente que conheço, não aguento mais viver confinada, sair com culpa para a farmácia ou mercado e olhar a cidade e o mundo da sacada do apartamento (ainda bem que tenho apê e sacada) e das telas de computador. Embora reclame, sei que foi graças à essa possibilidade de trabalhar confinada que minha vida foi poupada, ao contrário de muita gente que não tem sequer opção e por isso muitas vidas foram perdidas.

A pandemia já tirou a vida de mais de 1,5 milhão de pessoas no mundo e cerca de 175 mil no Brasil; contaminou outras 64 milhões no mundo e 6,3 milhões de brasileiros testaram positivo para o vírus. Entre as populações indígenas, houve cerca de 884 mortes e mais de 40 mil contaminados, de acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Nós, brasileiros, que nem havíamos saído da primeira onda, estamos enfrentando o retorno de uma onda de infecções pelo novo coronavírus.

Várias nações estão anunciando seus planos de vacinação: Reino Unido, Estados Unidos, Portugal, Brasil… A vacina bem que poderia ser o grande presente do Papai Noel à humanidade. Os duendes deste grande presente que está sendo feito em tempo recorde sem dúvida são pesquisadores e cientistas de diversos países.

O Plano de Vacinação brasileiro foi anunciado no dia primeiro de dezembro pelo Ministério da Saúde: Idosos acima de 75 anos, profissionais de saúde e populações indígenas serão os primeiros a serem vacinados assim que alguma das vacinas for aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

vacina

Serão quatro fases de vacinação

Primeira fase: idosos com mais de 75 anos e pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas), profissionais da saúde e indígenas.

Segunda fase: pessoas de 60 a 74 anos;

Terceira fase: pessoas com comorbidades, mais vulneráveis à COVID-19, portadores de doenças renais crônicas e cardiovasculares, por exemplo;

Quarta fase: professores, forças de segurança e salvamento, funcionários e detentos do sistema prisional.

Mas calma, apesar do “presente” ter sido anunciado pelo nosso Ministério da Saúde, a data de entregue ainda não está confirmada. Ou seja, não sabemos se nosso “presente” chegará de fato em 2020 ou início de 2021, ou… Só sabemos que os “duendes” estão trabalhando, e muito, no mundo todo para que o início da vacinação contra o coronavírus seja o mais rápido possível. O que sabemos por ora é que o Ministério da Saúde quer “presentear” 109,5 milhões de brasileiros em 2021 com imunizante, mas nada em 2020.

As possíveis vacinas

Para que a população do planeta seja imunizada é importante se ter diversas vacinas no mundo, pelo menos é o que vem anunciando repetidamente a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Algumas das vacinas vão exigir uma logística complexa quanto ao armazenamento. As vacinas produzidas pela Pfizer e pela Moderna são algumas delas, pois só podem ficar acondicionadas em freezers com temperaturas baixíssimas, dificultando a logística para transporte e armazenamento para países mais pobres e distantes. A da Pfizer precisa ser mantida a -70 ºC, por exemplo. Por aqui, representantes do ministério já declararam à imprensa nacional que o Brasil “não pretende usar as vacinas que requerem armazenamento a temperaturas muito baixas”.

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Além de transporte e armazenamento, outra questão para ser levada em conta é o preço e doses das diferentes vacinas. No Brasil, a parceria entre a Universidade de Oxford e a empresa farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca, que trabalha em conjunto com a Fiocruz, no Brasil, só foi fechada depois que a empresa garantiu que produziria a vacina a preço de custo. A empresa se compromete a manter esse valor, sem lucro algum, até que a pandemia esteja controlada.

Outra vacina que está sendo testada entre os brasileiros é a do laboratório Janssen, da multinacional dos Estados Unidos Johnson & Johnson; e claro, a vacina CoronaVac, da companhia chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantã, em São Paulo. Tudo indica que a CoronaVac pode ser a que receberá a primeira aprovação no Brasil. A vistoria da Anvisa, procedimento comum a todas, já está em andamento em relação à produção do produto.

A fim de conhecermos um pouco mais a respeito de cada vacina, reproduzimos a seguir um comparativo feito por especialistas entre as diversas vacinas em testes atualmente, lembrando que até agora, apenas a da Pfizer recebeu aprovação emergencial no Reino Unido, liberando seu uso no país, que começará a vacinação a partir desta semana, à frente dos Estados Unidos e da União Europeia.

VacinaDosesEficáciaArmazenamentoValor
Pfizer/BioNTech  Duas doses  95%-70oCUS$ 39
Moderna  Duas doses  94,5%-20oCde US$ 32 a 37
Oxford/AstraZeneca  Duas doses  90%entre 2 e 8oC  US$ 4  
SputnikV  Duas doses  91,4%entre 2 e 8oCUS$ 10  
Coronavac  Duas doses  97%entre 2 e 8oCUS$ 10,30
Johnson & Johnson  Uma dose*em teste-20oCUS$ 10

Programa nacional de imunização

O Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde é o maior programa de vacinação do mundo e atende, atualmente, uma população de 212 milhões de pessoas. O programa já possui ampla expertise em vacinação de massa e está preparado – tanto no âmbito técnico quanto no de infraestrutura – para a imunização contra a Covid-19, sem que a demanda do calendário normal de vacinação da população seja afetada.

Apenas em 2020, mais de R$ 42 milhões foram investidos para estruturação da rede de frios que armazena as doses do PNI, e que hoje atende a temperaturas que vão de -20ºC a 8ºC. O recurso serviu à compra de câmaras refrigeradas, computadores e novos aparelhos de ar-condicionado. Em declarações à imprensa no dia primeiro de dezembro, o Ministério da Saúde comunicou que Brasil já possui atualmente garantidas 142,9 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 por meio dos acordos Fiocruz/AstraZeneca (100,4 milhões) e Covax Facility (42,5 milhões). No mês passado, o Ministério da Saúde sediou encontros com representantes dos laboratórios Pfizer BioNTech, Moderna, Bharat Biotech (covaxin) e Instituto Gamaleya (sputinik V), que também possuem vacinas em estágio avançado de pesquisa clínica, para aproximação técnica e logística.

Enquanto nosso “presente” não chega temos que nos cuidar

Não dá para baixar a guarda, dizem os especialistas de saúde no mundo inteiro. Por isso é importante que todos nós nos cuidemos e cuidemos uns dos outros. Portanto, manter distanciamento físico (não o social), usar máscaras, lavar as mãos com frequência e comemorar as festas de fim de ano com as pessoas com as quais se está em confinamento é o que recomendam. Como disse o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, nós estamos cansados do vírus, mas ele não está cansado de nós!

Foto destaque de Artem Podrez no Pexels


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Beltrina Côrte

Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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Jornalista, Especialização e Mestrado em Planejamento e Administração do Desenvolvimento Regional, Doutorado e Pós.doc em Ciências da Comunicação pela USP. Estudiosa do Envelhecimento e Longevidade desde 2000. É docente da PUC-SP. Coordena o grupo de pesquisa Longevidade, Envelhecimento e Comunicação, e é pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), ambos da PUC-SP. CEO do Portal do Envelhecimento, Portal Edições e Espaço Longeviver. Integrou o banco de avaliadores do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Basis/Inep/MEC até 2018. Integra a Rede Latinoamericana de Psicogerontologia (REDIP). E-mail: [email protected]

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