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“Temos que provocar o desejo de pensar mundos diferentes”, propõe Ailton Krenak

idoso indígena, Krenak, e ao fundo o rio.

Uma entrevista exclusiva numa ilha do Rio Doce, em Resplendor, MG, na Aldeia Krenak.


Fonte: Juliana Perdigão/Projeto Preserva

“Agora, aos 71 anos, eu dou ‘psiu’ para o outro mundo também, um outro mundo possível a partir dessa ilha do fim do mundo. E é muito lindo vocês estarem junto comigo inventando isso. É uma possibilidade de outras conversas com o mundo.” (Ailton Krenak)

As novas possibilidades de existir e habitar o planeta movem Ailton Krenak. Nosso encontro foi no dia do aniversário dele e em Resplendor, Leste de Minas Gerais, lugar onde fica a Aldeia Krenak.

A história de luta desse povo pelo território e as recentes batalhas pelo espaço e pela água ainda serão contadas aqui. Desta vez, pegamos um barco para chegar numa ilha do rio Doce, o rio atingido pela lama tóxica dos rejeitos da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015.

Ao lado do fotógrafo japonês Hiromi Nagakura, amigos íntimos e a família, Krenak começou ali, nesta “ilha do fim do mundo”, a lançar novas sementes para o futuro. 

Na primeira parte da entrevista, ele explicou a importância de questionar a distopia(1), ao mesmo tempo em que se torna necessário provocar nas crianças o desejo de imaginar novos mundos.

Assista a seguir a primeira parte da entrevista:

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Conheça Ailton Krenak

Ailton Alves Lacerda Krenak, do povo Krenak, nasceu em 1953 no município de Itabirinha (MG). É o primeiro indígena a se tornar ‘imortal’ da Academia Brasileira de Letras (2024). Na juventude, Ailton foi morar com a família no Paraná, onde passou a exercer a profissão de jornalista e produtor gráfico. A partir da década de 1980, começa a atuar no movimento indígena. Em 1985, funda o Núcleo de Cultura Indígena, organização não-governamental dedicada a promover a cultura indígena. Em 1988, participa da fundação da União dos Povos Indígenas. No ano seguinte, participou da Aliança dos Povos da Floresta, movimento que visava a criação de reservas naturais na Amazônia.

É professor honoris causa pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e pela Universidade de Brasília (UnB). No ano de 2020, conquista o Prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano concedido pela União Brasileira dos Escritores (UBE), pelo livro “Ideias para adiar o fim do mundo“.

Nota
(1) Ao lugar hipotético que, numa sociedade futura, se define por situações de vida intoleráveis, opressoras e autoritárias.

Foto: print da tela do vídeo


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