O aumento do número de superidosos precisa ser levado em consideração pelos meios de transporte e circulação, moradias inteligentes, redes e infraestrutura de serviços médicos, sociais e de uma educação para o envelhecimento e para a longevidade.
Tenho 87 anos e vivo sozinha no meu apartamento, trabalho na igreja dando comunhão aos doentes e também duas vezes por semana no bazar da congregação. Acabei de fazer o curso de escutas para dar apoio aos acamados em um hospital. Faço ginástica no meu clube três vezes por semana. Pretendo o ano que vem fazer um curso sobre história da arte.
O Brasil deixa de ser um país de jovens para ser um país que envelhece, segundo a revisão de 2018 pelo IBGE, a expectativa de vida em 1920 era de 42 anos e atualmente chega a ser de 79,7 anos. Até 2060, um quarto da população deverá ter mais de 65 anos, ou seja, o país terá mais idosos do que crianças (IBGE, revisão 2018).
A mudança no perfil da população brasileira ocorre em 30 anos enquanto que na Europa aconteceu em 120 anos. Essa bomba demográfica afeta não só a área econômica com mais aposentados que trabalhadores, mas também na área médica, pois ao invés de ocorrer mortes por doenças transmissíveis e infecciosas, o que ocorre – devido a esse crescimento do número de idosos – é o aumento de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes e quadros de demência, entre outros.
O aumento da expectativa de vida precisa ser levado em consideração através de meios de transporte e circulação, moradias inteligentes, redes e infraestrutura de serviços médicos, sociais e de uma educação para o envelhecimento e para a longevidade.
Os cientistas dizem que os genes são importantes mas não são a história toda e concluem que a longevidade é de 30% de ADN e 70% de outros fatores, incluindo escolhas de estilo de vida e estratégias psicológicas.
Segundo estudos do Dr. Ephraim P. Engleman, a reserva cognitiva é a chave para envelhecer bem. Segundo suas pesquisas, pessoas que conseguem harmonizar força e fraqueza por meio de desafios alcançam um novo sentido de vida a partir de exercícios físicos, enriquecimento intelectual adquirido com novos estudos e de desenvolvimento de uma ou várias especialidades e de novos interesses.
Em suas pesquisas ele concluiu que quando o cérebro encontra novidade é forçado a se adaptar por meio de adoção de novas línguas, instrumento musical, jogos, contando estórias, escrevendo e contribuindo em ajudar e ser útil à comunidade.
A partir de um trabalho desenvolvido em uma instituição de longa permanência durante dezesseis anos e também a experiência de consultório, desenvolvo um trabalho de autoconhecimento com pessoas que estão envelhecendo. Utilizo uma técnica por meio de relaxamento que estimula a reorganização de sentido de vida pela memorização existencial e fortalecimento do autoconhecimento pessoal (Benson; Klipper, 1976).
E assim voltamos à velha fórmula: crescer, adaptar-se, continuar a viver. Os papagaios de papel que permanecem no céu mais tempo estão ali pela sua resistência.
Vamos viver mais com qualidade e prazer existencial!
Referências
IBGE, 2018. Revisão em jornal Estado de São Paulo, quinta-feira, 26/07/2018.
Engleman, E.P. in Seleções do Reader´s Digest, 30/07/2018.
Benson, H.; Klipper, M.Z. (1976). The relaxation response. Avon books, New York, USA.