Será que é mesmo Alzheimer? Não parece!

Será que é mesmo Alzheimer? Não parece!

Algumas pessoas com Alzheimer têm comportamentos que não condizem com aquilo que construímos em relação à doença.


Esquecer é uma necessidade. A vida é uma lousa, em que o destino, para escrever um novo caso, precisa de apagar o caso escrito. (Machado de Assis)

O que nos assusta ao pensar em um envelhecimento com Doença de Alzheimer? Quais foram as ideias construídas em nossa mente sobre ela, e como deveriam ser? O que entendemos ou conhecemos sobre esse processo?

O diagnóstico da Doença de Alzheimer é complexo, cheio de dúvidas e incertezas tanto para a família, como para as pessoas diagnosticadas, e também, para os profissionais de saúde, que acompanham essas pessoas. Dúvidas sobre comportamentos e sintomas, surgem a todo momento. Será que é mesmo Alzheimer? Não parece!

Devido à natureza da doença, e os sintomas muito singulares, muitas vezes encontramos pessoas com Alzheimer, principalmente, em fases iniciais, em que os sintomas passam despercebidos. Só damos maior atenção, quando alterações de comportamento ou os esquecimentos, ficam mais intensos, prejudicando a comunicação e as atividades básicas de vida diária, criando dependência, o que distingue o Alzheimer de outras condições de saúde.

Dúvidas em relação à doença são exacerbadas pela falta de informação ou, pelo não contato com o processo da doença que, por não possuir cura até o momento, assola o imaginário familiar, criando barreiras que impedem diagnósticos precoces, alimentando estigmas e crenças de como as pessoas nestas condições podem e devem ser, como se existisse uma homogeneização criada e delimitada culturalmente para esse público.

Algumas pessoas com a doença apresentam sintomas ou comportamentos que não condizem com aquilo que construímos, de forma estereotipada em relação à doença, gerando dúvidas sobre o diagnóstico, principalmente, quando não prestamos devida atenção à determinadas mudanças.

Essas mesmas pessoas, quando ainda não apresentam dificuldades com as atividades de vida diária, mostram-se funcionais em suas atividades, confundindo os esquecimentos de rotina, com os lapsos de memória que pode ocorrer com o processo de envelhecimento, dificultando uma confirmação por parte das famílias, de que, de fato, está com uma condição neurodegenerativa, gerando ainda mais dúvidas.

É comum encontrar, em situações diversas, pessoas com Alzheimer que criam estratégias para disfarçar sintomas ou, que possuem grande capacidade de adaptação, mascarando as dificuldades que surgem, levando a uma falsa impressão de que não possuem a doença. Isso inclui também, a aparência física, disposição para atividades, cuidados pessoais, dificultando ainda mais a percepção dos sintomas, mesmo quando, dificuldades internas como desorientação, confusão etc., já são possíveis de serem identificadas pelas pessoas ao entorno.

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Cada pessoa vivencia a Doença de Alzheimer de forma única, onde tanto sintomas como comportamentos podem variar entre pessoas, podendo uns apresentarem dificuldades mais evidentes, e outros demorarem mais tempo para que esses sinais fiquem mais claros, fazendo com que a doença passe despercebida por algum tempo.

Um aspecto significativo é o próprio processo de ‘negação’, enquanto mecanismo de defesa, medo do diagnóstico e de todo o percurso, ora já conhecido ora carregado das ideias que construímos sobre, que leva a pessoa a esconder seus próprios sintomas em fases iniciais, hesitando, por vergonha, em aceitar ou buscar ajuda.

“Ainda bem que a minha memória está ótima, tá vendo? Eu lembro de tudo”

“Deve ser muito ruim esquecer das coisas e das pessoas, Deus me livre disso”

“Enquanto eu tiver fazendo tudo sozinha tá ótimo”

Quem tem a Doença de Alzheimer, trava batalhas internas, intensas, dolorosas e conflitantes, relacionadas à doença, anseios desta nova condição, medo das mudanças bruscas que ela impõe sem pedir licença. Silenciosa e progressiva, aos poucos, vai fazendo com que a pessoa se perca no tempo e no espaço, deixando de ser quem fora.

O importante é que, mesmo nas condições que a doença impõe, permitir que a pessoa continue a ser quem sempre foi, sua história, experiências, percurso de vida e dignidade, não podem ser esquecidas ou apagadas. Tudo na vida é adaptação e compreensão.

Foto: pexels.


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Simone de Cássia Freitas Manzaro

Simone de Cássia Freitas Manzaro – Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, Pós-graduada em Gerontologia. Aperfeiçoamento em Atenção Domiciliar. Capacitação em Saúde da Pessoa Idosa. Atua como psicóloga no Centro-dia Angels 4U. Realiza atendimento psicológico de adultos e idosos e de familiares e cuidadores de pessoas com Doença de Alzheimer e similares. Atuação voltada para o contexto do envelhecimento frágil. Possui experiência em Estimulação Cognitiva/Psicoestimulação para pessoas com Doença de Alzheimer e similares e, Estimulação Cognitiva/Psicoestimulação preventiva para grupos 50+. Realiza consultoria em Psicogerontologia; orientação e treinamento de familiares e cuidadores formais sobre o contexto da doença bem como, os manejos psicológicos, emocionais e comportamentais necessários, auxiliando-os a criar estratégias e atividades para lidar com a pessoa doente no cuidado diário, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador dos sites Portal do Envelhecimento, Blog Recorda-me e Alzheimer- Minha Mãe tem. E-mail: [email protected]

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Simone de Cássia Freitas Manzaro – Psicóloga formada pela Universidade Nove de Julho, Pós-graduada em Gerontologia. Aperfeiçoamento em Atenção Domiciliar. Capacitação em Saúde da Pessoa Idosa. Atua como psicóloga no Centro-dia Angels 4U. Realiza atendimento psicológico de adultos e idosos e de familiares e cuidadores de pessoas com Doença de Alzheimer e similares. Atuação voltada para o contexto do envelhecimento frágil. Possui experiência em Estimulação Cognitiva/Psicoestimulação para pessoas com Doença de Alzheimer e similares e, Estimulação Cognitiva/Psicoestimulação preventiva para grupos 50+. Realiza consultoria em Psicogerontologia; orientação e treinamento de familiares e cuidadores formais sobre o contexto da doença bem como, os manejos psicológicos, emocionais e comportamentais necessários, auxiliando-os a criar estratégias e atividades para lidar com a pessoa doente no cuidado diário, supervisionando treinamento prático. É membro colaborador dos sites Portal do Envelhecimento, Blog Recorda-me e Alzheimer- Minha Mãe tem. E-mail: [email protected]

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