Hoje em dia a saúde oral dos idosos é ainda, infelizmente, um aspecto algo descurado, já que é vulgar observar pessoas de idade sem qualquer dente, para além de que o tratamento de eleição para estas pessoas continua a ser aquele que menos deve ser efetuado (salvo situações em que não existe mais nenhuma opção), a extração.
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Uma idade especial
À medida que os anos passam, crescem as necessidades de cuidados com a saúde em geral. Não é menos verdade que também a saúde oral necessita de maiores cuidados, pois a torna-se menor a destreza manual para efetuar uma escovagem eficiente, assim como o aparecimento de algumas doenças ou a toma de medicamentos afetam também a cavidade bucal, bem como os dentes e os seus tecidos de suporte. Estes problemas podem afetar posteriormente a fala, a mastigação e o bem-estar geral, levando a um declínio na qualidade de vida, razão pela qual deverão ser evitados a todo o custo.
Torna-se então importante perceber que apesar das doenças que possam atingir os idosos, tanto a nível geral como oral, ter uma idade avançada não significa necessariamente ter problemas de dentes, muito menos ser desdentado e usar prótese.
Quais as alterações na boca com o passar dos anos?
À medida que os anos passam, torna-se evidente que o nosso corpo muda, e a boca não é imune a estas alterações. As mudanças mais notadas são:
• Mucosas mais sensíveis e finas
• Diminuição da quantidade de saliva, provocada por vezes por medicamentos para outras doenças
• Coloração mais amarelada dos dentes
• Diminuição da sensibilidade gustativa dos alimentos
Quais os problemas mais frequentes?
Perda dentária – este será porventura o problema com maior incidência nas pessoas mais idosas, provavelmente provocado por uma odontologia rudimentar nos primeiros anos de vida, onde a medicina dentária era orientada numa vertente curativa (tratar dos problemas existentes) ao invés da medicina dentária da atualidade que atua numa vertente preventiva (evitar o aparecimento dos problemas). Isto, associado à falta de cultivação do hábito de visitar o dentista, ou falta de posses econômicas faz com que este seja o problema que mais afeta as pessoas idosas.
Cáries radiculares – com as alterações nas gengivas, decorrentes dos anos, a raiz do dente fica exposta, levando não só a um aumento de sensibilidade dentária, como também ao aparecimento de cáries radiculares, uma vez que a raiz não tem a camada de esmalte protectora, existente ao nível da coroa dentária.
Este problema é maior, no caso de existir igualmente alguma patologia periodontal, que leva a uma perda de gengiva, tornando os dentes mais expostos (dando mesmo, por vezes, a sensação de os dentes ficarem maiores).
Doenças periodontais – a doença periodontal afecta os tecidos de suporte dos dentes (gengiva e osso) e pode levar à perda de dentes, uma vez que com a perda de gengiva e de osso que “seguram” os dentes na cavidade bucal, estes começam a abanar, e consequentemente por cair. Esta patologia tem uma forte carga genética, mas é também agravada por alguns factores, como por alguma medicação para a tensão arterial, o tabaco e a presença de tártaro dentário. Será então fácil de perceber que com uma maior incidência de problemas relacionados com a tensão arterial em populações mais idosas, e a sua consequente medicação, aliada a uma higiene oral menos cuidada, que prima pela presença de tártaro, estes estão mais sujeitos ao aparecimento desta doença.
Quais os cuidados a ter com a sua saúde oral?
Independentemente da idade, há um parâmetro essencial para uma boa saúde oral – uma higienização correcta dos dentes e seus tecidos de suporte. Na terceira idade existem algumas regras úteis, uma vez que existem necessidades diferentes. O uso de uma escova dentária macia, bem como de fio dentário e de escovilhões em dentes cuja gengiva esteja já retraída e permita a sua utilização, aliada ao uso de uma pasta e de um elixir com flúor para diminuir a sensibilidade provocada pela perda de gengiva, e consequente exposição radicular contribuem para uma excelente saúde oral.
Nestas idades é também frequente encontrar o uso de próteses para suprir a falta de peças dentárias. E é neste campo que é também importante batalhar, pois uma prótese não é uma peça estática, para colocar na boca, e durar uma vida. Tal como os dentes, necessita de revisões periódicas, e de cuidados especiais, devendo ser higienizada em separado dos dentes, e com a mesma frequência destes.
Para além disso, deverão ser revistas, uma vez que com o passar dos anos, e com a perda de gengiva e osso tornam-se desadaptadas, podendo causar lesões na mucosa, que podem evoluir de uma simples ferida, a uma lesão pré-cancerígena, podendo resultar em situações graves. Nestes casos de desadaptação da prótese, esta deverá ser substituída por uma nova, ajustada às necessidades específicas do caso.
Um conselho do seu médico dentista
Consulte o seu profissional de saúde para saber os cuidados necessários ao seu caso, de forma a conservar a sua saúde oral uma vez que esta pode ter consequências graves em todo o corpo. Existem pequenos gestos que poderão contribuir, e fazer a diferença, na preservação dos seus dentes, o que contribui não só para o seu bem estar geral físico, como psicológico.
Fonte: Oeste Online – 22/07/08. Acesse Aqui