Quais as opções de moradia na velhice de pessoas com síndrome de Down? - Portal do Envelhecimento e Longeviver
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Quais as opções de moradia na velhice de pessoas com síndrome de Down?

A inclusão não se refere somente a considerar a presença de pessoas com síndrome de Down, mas efetivamente acolhê-las como cidadãos.


A expectativa de vida da população em geral está aumentando e isso é inquestionável. Embora as características de envelhecimento sejam diferentes para pessoas com síndrome de Down, o prolongamento da vida traz uma preocupação ainda maior aos familiares, pois o cuidado e o apoio necessários para garantir a segurança dessas pessoas pode ser transferido para terceiros, se os pais falecerem ou quando não houver parentes mais jovens que assumam esse compromisso.

Ao longo do século XX, o avanço em pesquisas sobre a trissomia do 21 evoluiu em soluções que aumentaram a expectativa de vida das pessoas com essa síndrome. Se na década de 20 viviam somente até 9 anos, na década de 80 já podiam viver até a juventude, o que se estendeu quando foram incorporados novos hábitos e cuidados que favoreceram uma vida mais saudável.

Uma cirurgia simples no coração feita assim que nascem, assim como a adoção de rotinas de atividade física, alimentação adequada e exames para acompanhamento de doenças crônicas, foram descobertas que facilitaram o envelhecimento desses indivíduos.

De acordo com a matéria Expectativa de vida de pessoas com Down cresce quase 4 vezes mais, publicada pela Folha de Vitória, “Estudos internacionais apontam que, nos últimos 40 anos, a expectativa de vida para essas pessoas cresceu ao menos 3,75 vezes e deve, no futuro, se igualar à da população em geral.”

Embora haja maior amadurecimento físico, o intelectual não acompanha esse desenvolvimento e isso predispõe a necessidade de supervisão. Para pais que, muito zelosos, impedem que desenvolvam independência por temerem que sofram com fracassos e decepções, o excesso de cuidado cria o temor da solidão e do despreparo para situações até rotineiras na velhice, por estarem vivendo mais.

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No passado, apenas os pediatras faziam o atendimento dos pacientes com a síndrome e, durante muitos anos, a longevidade não foi um tema abordado com os pais de crianças com Down. Agora, os geriatras estão sendo cada vez mais procurados por essa população e há projetos que focam o envelhecimento saudável de pessoas com síndrome de Down.

Em uma iniciativa do Projeto Serendipidade, ONG com foco em inclusão, a Associação para Profissionalização, Orientação, Integração do Excepcional (Apoie) tem seus membros acompanhados por um geriatra. Oferece qualidade de vida a esses indivíduos e coleta informações importantes para pesquisas futuras. Embora o IBGE não tenha dados sobre esse grupo, o “presidente da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down, Antonio Carlos Sestaro, diz que a população com a trissomia do 21 é de 350 mil a 400 mil pessoas no país”.

Buscar soluções de moradia independente e digna, com apoio comunitário e suporte do Estado, depende de pesquisas que ousem oferecer soluções efetivas, para as diversas classes socioeconômicas dessa população no Brasil. A inclusão não se refere somente a considerar a presença de pessoas com síndrome de Down, mas efetivamente acolhê-las como cidadãos.

Foto destaque de kenneth tecson/pexels


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Maria Luisa Trindade Bestetti

Arquiteta e professora na graduação e no mestrado da Gerontologia da USP, tem mestrado e doutorado pela FAU USP, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Pesquisa sobre alternativas de moradia na velhice e acredita que novos modelos surgirão pelas mãos de profissionais que estudam a fundo as questões da Gerontologia Ambiental. https://sermodular.com.br/. E-mal: maria.luisa@usp.br

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