O pré-diabetes se não for identificado e tratado a tempo, pode evoluir para a doença crônica, além de aumentar o risco de complicações cardiovasculares.
Ester Fontes Silva, Débora Sabino Rodrigues e Thais Bento Lima da Silva (*)
O pré-diabetes é uma condição metabólica silenciosa, mas preocupante, caracterizada pelo aumento dos níveis de glicose no sangue. Embora ainda não seja classificado como diabetes tipo 2, representa um importante sinal de alerta do corpo: se não for identificado e tratado a tempo, pode evoluir para a doença crônica, além de aumentar o risco de complicações cardiovasculares.
Estudos apontam que o cenário é especialmente preocupante entre as pessoas idosas. Pesquisa realizada pela Universidade de Medicina Tradicional Chinesa de Xangai identificou uma prevalência de 52,3% de pré-diabetes nessa faixa etária, em comparação com 15,1% de diabetes diagnosticada. No Brasil, segundo a International Diabetes Federation (IDF), cerca de 15 milhões de pessoas vivem com pré-diabetes.
No entanto, hábitos de vida adquiridos ao longo do tempo – como sedentarismo, alimentação inadequada e estresse crônico – também contribuem significativamente para o desenvolvimento da condição. Por isso, promover saúde e qualidade de vida desde a fase adulta é essencial para prevenir ou reverter o quadro.
CONFIRA TAMBÉM:
Você apresenta ou conhece alguém com esses sintomas?
O pré-diabetes muitas vezes não apresenta sinais evidentes, mas alguns sintomas podem surgir e merecem atenção:
– Cansaço frequente
– Sede excessiva (polidipsia)
– Urinar com mais frequência (poliúria)
– Visão embaçada
– Fome exagerada (polifagia)
– Dificuldade para perder peso
– Acúmulo de gordura abdominal
– Escurecimento de áreas da pele, como axilas e pescoço (acantose nigricans)
A boa notícia é que o pré-diabetes é reversível com mudanças no estilo de vida e acompanhamento adequado. O diagnóstico precoce é o primeiro passo para evitar o avanço para o diabetes tipo 2.
Cuidados importantes para envelhecer com saúde
A prevenção e o controle do pré-diabetes passam por práticas cotidianas que favorecem o bem-estar físico, mental e emocional da pessoa idosa:
– Manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes
– Praticar atividades físicas regularmente, respeitando os limites individuais
– Controlar o peso corporal
– Monitorar os níveis de glicemia periodicamente
– Reduzir o estresse e cultivar momentos de lazer
– Priorizar um sono de qualidade
– Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool
– Ter acompanhamento médico contínuo e individualizado

Serviços e equipamentos de apoio à pessoa idosa que podem auxiliar diante desse contexto
Diversos espaços e serviços estão disponíveis para promover o cuidado integral e o envelhecimento saudável. Confira alguns deles:
CDI – Centro Dia para Idosos: Unidade de acolhimento diurno para pessoas idosas com dependência parcial. Oferece cuidado, alimentação, atividades físicas e suporte às famílias e cuidadores.
CCINTER – Centro de Convivência Intergeracional: Promove a convivência entre gerações e a prevenção de situações de vulnerabilidade, fortalecendo vínculos familiares e comunitários.
CRPI – Centro de Referência da Pessoa Idosa: Espaço especializado no atendimento integral da pessoa idosa, com serviços de saúde, atividades físicas e culturais, e orientações jurídicas e sociais.
CATI – Centro de Atenção à Terceira Idade: Ambiente de convivência que oferece oficinas, atividades culturais e ações de integração comunitária.
PAPI – Posto Avançado da Pessoa Idosa: Espaço que promove socialização, oficinas e atendimento com equipe multidisciplinar, estimulando a autonomia e qualidade de vida.
URSI – Unidade de Referência à Saúde do Idoso: Oferece atendimento especializado em saúde, com foco em reabilitação e acompanhamento integral da saúde da pessoa idosa.
Envelhecimento ativo e com autonomia
Por fim, adotar um estilo de vida saudável é essencial para melhorar a qualidade de vida e aumentar a longevidade. Hábitos como alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas, sono adequado e controle do estresse contribuem significativamente para a prevenção de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardíacas.
Além disso, esses hábitos fortalecem o sistema imunológico, melhoram a saúde mental e emocional, e aumentam os níveis de energia e disposição. Estudos indicam que mudanças simples, como substituir 30 minutos de sedentarismo diário por atividade física ou sono adicional, podem reduzir o risco de eventos cardíacos em até 61% . Portanto, adotar práticas saudáveis no dia a dia é um investimento valioso para uma vida mais longa, saudável e satisfatória.
Referências consultadas
Estadão. Pré-diabetes: uma segunda chance para 15 milhões de brasileiros. Disponível em:https://www.estadao.com.br/emais/comida-de-verdade/pre-diabetes-uma-segu nda-chance-para-15-milhoes-de-brasileiros/. Acesso em: 3 jun. 2025.
Einstein. Você sabe o que é a pré-diabetes? Entenda tudo sobre o assunto!. Disponível em: https://vidasaudavel.einstein.br/pre-diabetes/.
YAN, Z. et al. The Interaction Between Age and Risk Factors for Diabetes and Prediabetes: A Community-Based Cross-Sectional Study. Diabetes, Metabolic Syndrome and Obesity, v. 16, p. 85–93, jan. 2023. https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC9843502/#ack1
(*) Ester Fontes Silva – Graduanda do 5º período de Gerontologia (EACH-USP). Monitora da oficina Demarcar Telas, uma proposta que articula arte e envelhecimento. Integrante do Instituto Semear e do coletivo Sobre Nós, iniciativas que tem como foco a equidade. Atualmente. Estagiária no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Posto Avançado da Pessoa Idosa, em espaços hospitalares e comunitários. Integrante do Centro Acadêmico de Gerontologia, construção de uma gerontologia comprometida com a transformação social. E-mail: esterfontes@usp.br
Débora Sabino Rodrigues – Graduanda do 5º período de Gerontologia (EACH-USP). Atuo como monitora na oficina Letramento Digital: Idosos Online, onde dou aula para as pessoas idosas sobre informática, e como voluntária na oficina Mentes Ativas, onde damos aulas voltadas ao estímulo cognitivo para as pessoas idosas, promovendo um envelhecimento ativo e saudável. Estágio na oficina Gerações, além de integrar o Centro Acadêmico de Gerontologia, como diretora de Comunicação e Marketing e sou membro da Liga de Gerontologia no departamento de Comunicação e Marketing. E-mail: deborasabino@usp.br
Thais Bento Lima da Silva – Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Mestra e Doutora em Ciências com ênfase em Neurologia Cognitiva e do Comportamento, pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Docente do curso de Bacharelado e de Pós-Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Coordenadora de grupos de apoio, da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É parceira científica do Método Supera na condução de ensaios clínicos. Coordenadora do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da USP. E-mail: thaisbento@usp.br
Foto de Jonathan Borba/pexels.
