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População precisa falar e governo precisa ouvir

Procuro demonstrar neste espaço que o orçamento público e a participação da população devem ser como gêmeos siameses, caminhar juntos: falar e ouvir.


A participação popular à construção de políticas públicas é indispensável. A população precisa falar e o governo precisa ouvir. A equação deveria ser esta. Por isto, sigo incentivando a participação neste espaço, procurando demonstrar que o orçamento público e a participação da população devem ser como gêmeos siameses, caminhando juntos.

Trago o exemplo de Curitiba, algo que pode ser aplicado dentro das características e limitações de cada município brasileiro, em especial os grandes e os médios, que detém uma infraestrutura governamental maior. Deveriam dar exemplo em suas gestões, estimulando uma “competição” com outras localidades em relação à transparência e acessibilidade na gestão pública.

Atualmente, em Curitiba, as pessoas podem participar do processo de identificação dos temas preferenciais da população: é a “Consulta pública: Idoso”, uma ação que permite que as pessoas indiquem os principais serviços públicos necessários em cada uma das regiões do município em ralação a inúmeras políticas públicas.

Pela consulta, a pessoa faz um cadastro em um site vinculado à Prefeitura e poderá opinar em diversos segmentos e serviços que a Municipalidade coloca à disposição em cada uma das dez regionais de Curitiba. Quem participa pode escolher a regional e a ela vincular suas demandas voltadas à pessoa idosa.

Tais dados, depois de tabulados, poderão ser importantíssimos à construção de demandas prioritárias e preferenciais para cada função de Estado, como por exemplo, saúde, educação, assistência social, segurança pública, urbanismo, gestão ambiental, saneamento, habitação, cultura, desporte e lazer entre outros temas.

Pode ser uma visão muito romanceada da vida, mas acredito que a mobilização popular pode gerar mudanças incrementais na gestão pública. Por mais demoradas que sejam – e assim costuma ser -, a pressão da opinião pública impacta nos agentes eletivos, pois, de maneira geral, eles e elas procuram ganhar apoio da opinião pública, em busca do ganho político da reeleição.

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Acredito que esta pressão popular, gerando engajamento, mobilização, é capaz de fazer os agentes eletivos prestarem mais atenção às demandas. É evidente que os grupos de maior poder de representação saem na frente, pois têm acessos a caminhos mais curtos, já que têm um maior poder de influência política.

Desta maneira, em um cenário competitivo por recursos públicos alocados à sua área, seu segmento populacional, é por isto que setores menos organizados e menos representativos, ou minorias, precisam se unir e se organizar na busca pelos seus direitos. Conhecimento que precisa ser compartilhado com pessoas idosas, ainda mais em tempos tão digitais. Apesar das dificuldades de saber como a tecnologia funciona e deve ser utilizada, ela é uma ferramenta facilitadora, pois ganha-se tempo e dinheiro, evitando movimentações urbanas para a busca de direitos, em especial quando se fala das populações de menor poder aquisitivo.

O plano curitibano de identificação de demandas às pessoas idosas se mostra como um exemplo importante para que mais pessoas verifiquem seus direitos e os exijam.

Foto destaque de Ignacio Pereira/pexels


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Luiz Carlos Betenheuser Júnior

Graduação em Administração (UFPR); pós-graduação/especialização em Gestão Administrativa e Tributária (PUC-PR) e em Administração Pública pela Escola de Administração Pública (EAP / IMAP). É funcionário público municipal, 25 anos de experiência, sendo dois na área administrativa e os outros 23 anos na área financeira. Tem experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pública, especialmente na área Financeira, na gestão orçamentária (execução, planejamento e controle social). Foi integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC (2003); do Conselho Municipal de Assistência Social (2013 e 2014); Vice-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2015) e por duas vezes presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa de Curitiba (2014 e 2016); integrante do Conselho Municipal de Direitos da Criança e Adolescente de Curitiba (2017). Atualmente é coordenador financeiro da Secretaria Municipal de Administração e de Gestão de Pessoal e da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer e Juventude.

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