Pesquisa investiga, em tempos de pandemia, a solidariedade em ações voltadas para as pessoas idosas através de serviços voluntários católicos no Brasil.
Qual foi a contribuição da Pastoral da Pessoa Idosa (PPI/Nacional) para amenizar os impactos do Covid-19? A resposta foi dada por cerca de 4 mil pessoas voluntárias entrevistadas, maioria mulheres na faixa de 56 anos, motivadas a promover melhor qualidade de vida de pessoas idosas, em uma pesquisa realizada pelo Núcleo de Estudo e Pesquisa do Envelhecimento (NEPE), coordenado pela Profa. Dra. Ruth Gelehrter da Costa Lopes, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e a Staffordshire University (Reino Unido)
Os resultados preliminares em relação ao apoio social dos idosos acompanhados e a avaliação do impacto das ações realizadas durante a pandemia Covid-19 apontam para a redução material na gravidade da pandemia entre esse setor mais vulnerável da população, e informam futuras ações para mitigar “outras” pandemias à medida que se desenvolvam – seja um evento climático adverso, efeitos sociais da degradação ecológica e de instabilidades políticas e econômica -, em sintonia com um mundo mais sustentável.
A pandemia tornou visíveis situações vivenciadas pelos idosos no Brasil como abandono, exclusão social, políticas sociais sem cobertura e abrangência para atender as demandas deste grupo etário que cresce de modo acelerado, preconceito etário e outros sofrimentos emocionais inimagináveis. O impacto social e econômico do Covid-19 é atualmente incalculável, mas prevê-se que seja severo. A Pastoral da Pessoa Idosa Nacional (PPI) conhece essas questões de perto pois acompanha idosos em situação de vulnerabilidade social e com fragilidades.
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A PPI Nacional é vinculada à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), presidida por Dom José Antonio Peruzzo e tem como Coordenadora Nacional, a Irmã Maria Lúcia Rodrigues. A PPI realiza visitas domiciliares a idosos em 212 dioceses e 1700 paróquias, em todo território nacional. No ano passado, cerca de 25.000 Agentes Pastorais (conhecidos por Líderes) acompanharam aproximadamente 170.000 idosos, fornecendo orientações sobre autocuidado, visando promoção da saúde, prevenção de doenças, informações sobre serviços públicos e apoio personalizado e diálogos constantes entre voluntários e pessoas idosas visitadas em suas residências. Seu papel é fundamental para amenizar os impactos negativos deste tempo de pandemia.
Os Agentes Pastorais moram na mesma comunidade e receberam capacitação que dura em média 28 horas para realizar o acompanhamento das pessoas idosas da sua comunidade. Qualquer pessoa pode ser um voluntário em seu território, comunidade ou em seu prédio para acompanhar os idosos através da Pastoral da Pessoa Idosa e assim ajudar a amenizar o impacto da pandemia na vida das pessoas idosas, especialmente aquelas mais fragilizadas.

A chegada do Covid-19 levou a uma parada temporária nas visitas (seguindo recomendações da Organização Mundial da Saúde) mas os esforços para fornecer apoio material e imaterial e o acompanhamento à distância por telefonemas foi estimulado por meio de campanha. Inúmeras iniciativas foram empreendidas por voluntários como confecção de máscaras, arrecadação de alimentos e de outros donativos com o propósito de tornar melhor a vida das pessoas idosas acompanhadas pela PPI em todo território brasileiro, especialmente, aquelas que residem em lugares distantes dos centros urbanos, nas periferias de grandes cidades onde o acesso é limitado aos serviços sociais e de saúde.
A pesquisa
Um questionário de 21 itens foi desenvolvido de forma colaborativa pelos pesquisadores do Nepe e contou com a colaboração da Coordenação Nacional da PPI e equipe de profissionais como a Esp. Regina Riba, responsável pelo espaço educativo on-line “ Viver Mais”. Sob a coordenação da pesquisadora Áurea Barroso os questionários foram aplicados durante 7 dias (de 11 a 18 de maio de 2020) por meio telefônico e respondidos por Agentes Pastorais (Líderes). Nesse período,oBrasil estava na fase exponencial da epidemia. Devido à interrupção da vida normal e à necessidade de coleta de dados em tempo hábil, nenhum tamanho amostral fixo foi definido, embora os pesquisadores concordassem que uma amostra de 500 daria amplitude suficiente para um conjunto básico de estatísticas descritivas. No caso, foram 3.888 questionários, permitindo que algumas inferências estatísticas mais matizadas fossem extraídas do conjunto de dados.
Alguns desses resultados preliminares estão no vídeo a seguir, realizado voluntariamente por Paty Yoshioka, na época aluna do curso Fragilidades na Velhice: Gerontologia Social e Atendimento, compartilhando assim os resultados preliminares com os agentes pastorais.
No momento o grupo de pesquisadores do Nepe está analisando o material coletado, e, em breve, iniciará entrevistas para desvendar questões contempladas no instrumento aplicado e que merecem ser aprofundadas.
Parceria
A pesquisa está sendo realizada em parceria com o Professor Peter Kevern, da Values in Health and Social Care, da School of Health and Social Care, Staffordshire University (United Kingdom), com o objetivo de investigar, em tempos de pandemia, a solidariedade em ações voltadas para as pessoas idosas através de serviços voluntários católicos e assim amenizar o impacto do Covid-19. O Nepe, preza em sua história, o intercâmbio com grupos de pesquisa e fortalecimento do conhecimento acumulado na Gerontologia da PUC-SP a partir da perspectiva humanística e interdisciplinar.
Foto de destaque de Sabine van Erp por Pixabay
Última atualização em 22/07/2020 às 10h52
