Uma pesquisa inédita realizada em Rio Branco pela acadêmica Dulcinéia Gomes da Silva, do 8º período do curso de Serviço Social, do Instituto de Ensino superior do Acre (Iesacre), foi publicada no livro “Violência Contra a Pessoa Idosa – Ocorrências, Vítimas e Agressores”, recém-lançado pela Editora Universa.
O livro apresenta o resultado de uma pesquisa pioneira na abordagem dessa forma de violência com informações detalhadas, dados de ocorrências e perfil das vítimas e dos agressores coletados nas 27 capitais do país. A pesquisa foi realizada com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Mestrado em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília.
O trabalho de campo foi coordenado e organizado pelo professor-doutor Vicente de Paula Faleiros, uma das maiores autoridades na área de serviço social, com vários livros publicados. O livro traz uma revelação e um alerta à violência contra a pessoa idosa, que tem uma expressão significativa na sociedade brasileira.
A pesquisa envolveu mais de trinta pesquisadores e pesquisadoras de campo e traz resultados significativos para se dimensionar a violência contra a pessoa idosa no Brasil. Somente em 2005 foram registradas 15.803 ocorrências de violência contra a pessoa idosa nas capitais, onde estão, aproximadamente, quatro milhões de pessoas idosas com idade acima de 60 anos.
Em Rio Branco, a acadêmica Dulcinéia Gomes iniciou o levantamento das informações em novembro de 2005 e concluiu em julho de 2006, pesquisando treze instituições que atuam nessa área. A primeira parte da pesquisa foi realizada através de um mapeamento das instituições que atuavam com idosos e quais destas tinham dados sobre violência.
Segundo a acadêmica, apenas duas possuíam dados sistematizados: a Gerência Estadual do Idoso e o Ministério Público Estadual, através da Promotoria Especializada de Defesa da Cidadania e da Saúde. Além das instituições, Dulcinéia Gomes buscou informações em trabalhos acadêmicos produzidos como monografias nas bibliotecas da Ufac, Uninorte, Firb/FAAO e Iesacre.
A maior dificuldade na pesquisa, de acordo com a acadêmica, foi a ausência de dados registrados, principalmente no período de 2003 a 2006. “Este livro e a pesquisa que realizamos em Rio Branco podem abrir possibilidades de surgir trabalhos voltados para o tema Violência contra o Idoso, ampliando as informações que estão em várias instituições, mas sem qualquer sistematização”, diz a acadêmica.
Esta é a primeira experiência da acadêmica Dulcinéia Gomes em pesquisa de campo em nível nacional e com publicação em um livro Dulcinéia está concluindo o curso de Serviço Social e atua como coordenadora do CRASS Santa Inês e é Conselheira do Conselho Municipal do Idoso, cujo presidente é o diretor-geral do Iesacre, professor Sérgio Flórido.
Alguns dados da pesquisa em Rio Branco
· A proporção de idosos na população é reativamente pequena com 5,4%, inferior em 36% à média nacional.
· A porcentagem de óbitos de maiores de 60 anos por causas externas tem uma média de 1992, a 2001, relativamente elevada com 5, 51% para homens e 1,64% para mulheres.
· A taxa de mortalidade em relação a cem mil habitantes por acidentes de transporte para homens é elevada, alcançando 83,01, em 2002. Nesse ano registraram-se também taxas elevadas de homicídios – 13,84, e suicídio – 13,84. Em 2000, registrou-se uma taxa elevada de homicídios para mulheres – 14, 16.
· Há que se considerar, entretanto, que Rio Branco encontra-se e 25º no ranking por taxa de mortalidade entre as capitais brasileiras, considerando os dados de 2000.
· Conforme os dados da Gerência de Ações para idoso, de 2003 a 2005, a maioria das ocorrências – 52,95% – são por negligência, seguida da violência financeira – 23,53%. As demais ocorrências são na mesma proporção – 5,88% para violência física, psicológica, abandono e discriminação.
· A idade predominante das vítimas, em 47,05%, está na faixa de 60 a 69 anos. Na faixa de 70 a 79 anos estão 17,64%, e na faixa de 80 anos e mais, estão 35,3%.
· A maioria dos agressores são filhos – 42,85%, sendo filhas 19,04%, somando 61,9%. Os netos aparecem com 9,53%, assim como outros parentes e vizinhos. Sobrinhos e companheiros estão na proporção de 4,7%, respectivamente. Excluindo-se vizinhos, os agressores familiares estão na proporção de 90,47%.
· Dados sobre a idade dos agressores mostram que sua idade variou de 16 a 40 anos, exceto para a idade do companheiro de mais de 50 anos.
· As 17 situações ocorridas nesses três anos foram encaminhadas ao Ministério Público com termo de acordo.
· Dados do Ministério Público do Estado do Acre de 2004 e 2005 assinalam que foram contabilizados: 5 ocorrências de violência física, 41 ocorrências de violência financeira, 42 de negligência e 36 de violência psicológica, totalizando 124 ocorrências. Dessas, 71 têm como agressores filhos e filhas. Em síntese no Ministério Público são registradas mais a negligência com 33,08% das ocorrências, seguida da violência financeira (33,06%), da psicológica (29%) e da violência física com 3,22%.
Autora do livro, Dulcinéia Gomes, é aluna do 8° período de Serviço Social