Eram eles, Dra. Zilda Arns Neumann (que morreu aos 75 anos no terremoto que atingiu o Haiti em janeiro de 2010), então Coordenadora Nacional da Pastoral da Criança, e Dr. João Batista Lima Filho – Médico geriatra e, na época, Presidente da SBGG – Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, seção Paraná.
Na ocasião, a Dra. Zilda voltava da celebração dos 10 anos da Pastoral da Criança no Paraná e o Dr. João Batista Lima Filho ia a Curitiba para um congresso da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Econtraram-se no aeroporto de Londrina e devido ao mau tempo, tiveram que aguardar a liberação dos vôos e acabaram, então, conversando quase um dia inteiro.
A Dra. Zilda disse ao médico: “Muitos líderes idosos da Pastoral da Criança me pedem orientações para seus problemas de pressão alta, urina solta, insônia e outros. Quando eu visito as comunidades com a Pastoral da Criança, ouço as líderes dizerem que ao visitar as famílias, além de gestantes e crianças, também encontram pessoas idosas; e estas líderes gostariam de saber orientar também sobre questões de envelhecimento, porém, não conhecem esta área”.
O Dr. João Batista, por sua vez, disse à Dra. Zilda: “Há muito tempo que nos perguntamos na SBGG como poderíamos dar algum tipo de atendimento ou acompanhamento às pessoas idosas de nosso país. Seria interessante termos redes de solidariedade com os idosos, como a Pastoral da Criança tem para com as crianças. O povo brasileiro está envelhecendo e temos que descobrir uma forma de fazer chegar este conhecimento a toda população”.
E deste encontro, nasceu a idéia da Pastoral do Idoso, cuja fundação foi dada oficialmente em novembro de 2004.
Atualmente a entidade acompanha 158 mil idosos em 770 cidades – os números ainda são bem menores do que os da Pastoral da Criança, que tem o prestígio de 26 anos de atuação e atende 1,9 milhão de crianças em 21 países, mas o objetivo da Pastoral da Pessoa Idosa é ampliar o atendimento para mais 15% de idosos.
Metodologia
É a mesma utilizada pela Pastoral da Criança, ou seja organizar a comunidade para multiplicar os conhecimentos científicos e a solidariedade com os idosos, formando lideranças que transmitam tanto o conhecimento necessário, quanto o sentimento de solidariedade, aos membros da Terceira Idade e as suas famílias, no seio das quais se encontram os mais aptos a acompanhar o desenvolvimento destes idosos.
O trabalho
Para o desenvolvimento do trabalho são capacitadas pessoas voluntárias das comunidades, onde cada líder comunitário acompanha em média 10 pessoas idosas através de visita domiciliar mensal, acompanhando com indicadores próprios. Todos os meses os líderes de cada comunidade se reúnem para refletir e avaliar as ações daquele mês e elaboram a Folha de Acompanhamento Domiciliar do Idoso – FADI, que é a avaliação dos resultados.
Todo líder comunitário recebe um material composto pelo manual “De Bem com a Vida” e o “Caderno do Líder Comunitário”. Neste caderno o líder cadastra os 10 idosos que acompanha mês a mês e anota os indicadores; constitui-se assim a base de dados do Sistema de Informação.
Os objetivos
Seus objetivos principais são assegurar a dignidade e a valorização integral das pessoas idosas, através da promoção humana e espiritual, respeitando seus direitos, num processo educativo de formação continuada destas, de suas famílias e de suas comunidades. Não há distinção de raça, cor, profissão, nacionalidade, sexo, credo religioso ou político, para que as famílias e as comunidades possam conviver respeitosamente com as pessoas idosas, protagonistas de sua auto-realização, por meio das seguintes atividades:
1) Promover o desenvolvimento físico, mental, social, espiritual, cognitivo e cultural dos idosos;
2) Promover o respeito à dignidade e à cidadania das pessoas idosas, colaborando para a divulgação e implementação do Estatuto do Idoso – Lei nº.10.741, de 1º de outubro de 2003;
3) Promover o convívio das pessoas idosas com as demais gerações, estimulando uma velhice ativa e buscando uma longevidade digna;
4) Estimular e respeitar a espiritualidade das pessoas idosas;
5) Valorizar a história de vida, as experiências, o ser biográfico, a sabedoria adquirida ao longo da vida de cada pessoa idosa, respeitando-a como guardiã da memória coletiva;
6) Capacitar agentes de pastoral para o acompanhamento das pessoas idosas nas visitas domiciliares e nas outras atividades complementares afins;
7) Organizar redes de solidariedade humana nas comunidades e nos diferentes níveis para promover o bem-estar dos idosos;
8) Incentivar a criação e participação nos conselhos de direitos do idoso em todos os níveis;
9) Realizar parcerias, somando esforços com outras pastorais, comunidade científica, associações de geriatria e gerontologia, organizações de defesa dos direitos dos idosos, de assistência social e outras entidades afins;
10) Manter um sistema de informação sobre a situação das pessoas acompanhadas;
11) Democratizar notícias e informações sobre os idosos nos meios de comunicação social;
12) Promover esclarecimentos sobre os preconceitos contra as pessoas idosas, a fim de que sejam superados;
13) Somar esforços com iniciativas de educação continuada para cuidadores de idosos;
14) Valorizar a vida até sua fase final, apoiando os programas de cuidados paliativos, que assegurem o caráter espiritual da existência humana.
A Pastoral da Pessoa Idosa é um trabalho de extrema necessidade e urgência para toda a sociedade.
Saiba mais
Para quem deseja conhecer mais seu trabalho, ou quem sabe, tornar-se um voluntário ou, ainda, ter acesso às informações básicas sobre direitos dos idosos, decretos, estatutos, cartilhas diversas e eventos na área, basta acessar o link Aqui